Sunday, December 07, 2008

Bem sucedido Almoço-debate com Araujo de Brito sobre o Escudo de Portugal


Durante a exposição e debate o debate, foi longamente aprofundado o tema da geometria sagrada da vesica piscis (presente tambem no símbolo do Bar do Além sob a forma do eclipse do sol pela lua). No post anterior encontra-se uma sinopse da comunicação apresentada, e agora pelo interesse manifestado por muitos dos presentes, reproduz-se abaixo um video, com legendas em português da apresentação da vesica piscis no you tube por Gilchrist.






Reproduzem-se também, algumas fotos do evento em que participaram 32 membros da Tertúlia, que retoma o seu programa em 24 de Janeiro de 2009, sábado, às 12h, com Alberto Rocco que apresentará a debate o seu livro e filme sobre a Bússola, o segredo da Quinta da Regaleira. Os interessados em receber informação podem recebê-la, se nos enviarem um e-mail para bar.do.alem@gmail.com, ou se se inscreverem num feed de seguimento deste blog
a Música da banda sonora deste post é de SEAL, com letra alusiva aos tempos de mudança e transformação que se vivem, a nível individual, e no Universo.

Wednesday, November 26, 2008

Proximo almoço debate dia 6 de Dezembro: o escudo Português


SINOPSE / RESUMO da conferência de Arujo de Brito para dia 6.1208
O IMAGINAL NO ESCUDO PORTUGUÊS


Em 1985 quis o destino que eu pertencesse a um grupo de pessoas que procurava realizar um estudo sobre a construção do brasão pessoal de acordo com as regras da chamada Geometria Sagrada e até da sua linguagem “secreta” do brasão. Nesse grupo encontrava-se o Mestre Lima de Freitas, amigo de muitos anos, e de quem nunca deixei de o ser.


Aproveitando os seus ensinamentos, tanto nas comunicações públicas ou privadas que tive a dita de receber, resolvi investigar a proporção do escudo dito português ou ibérico tentando desvendar o porquê da sua manutenção em Portugal ao longo de tantos séculos só alterado pelo maneirismo barroco, quando, em meu entender, os Reis de Armas teriam perdido o conhecimento da “língua dos pássaros”, da influência Templária, ou decidiram não o revelar.


Assim o concretizei e o mostrei ao Mestre Lima de Freitas, até porque o trabalho de investigação lhe foi sempre dedicado. Felizmente gostou e aconselhou-me a publicá-lo. Não dei grande valor ao que encontrei, e por isso limitei a sua divulgação ao grupo, nuca fazendo a sua publicação.


Após a edição francesa do “515” voltei ao mesmo rumo mas agora contemplando outro mistério, o da fotografia ali publicada do “ Maguen David com o escudo de Portugal” inscrito na letrina “D” dum livro de Salmos do séc. XIII existente na Biblioteca Pública Municipal do Porto.


Ainda consegui falar ao Mestre sobre as minhas dúvidas sobre o traçado e a razão da inclusão no livro, dizendo-me ele, com o seu tão saudoso ar ladino, para que eu investigasse. Assim o fiz, óbviamente sem a profundidade com que ele o faria, mas tentando dar resposta à questão ali lançada pela sua publicação.


Será porventura agora a ocasião, nestas efemérides, quando a saudade dói, de trazer a público uma humilde aproximação ao estudo do “campo raso” do escudo dito português ou ibérico, a “table d’attente”, provendo que onde o Mestre esteja, o possa ver, e que ao vê-lo lhe agrade.


Como complemento e num possível relacionamento entre as duas apresentações, tentarei mostrar algumas das incongruências e “segredos” do traçado do “ Maguen David “ com o pseudo-escudo português.
A.M.C. ARAÚJO BRITO

Wednesday, November 12, 2008

Tertúlia sobre a Vida Oculta dos Ocultistas com Luis Filipe Sarmento



Dia 15 de Novembro na Tertúlia do Bar do Além...
realizou-se mais uma tertúlia. muito participada !
Mas ficou por responder uma questão crucial: Onde estão so verdadeiros ocultistas, já que quanto aos charlalões e mistificadores, ninguém tem dúvidas quem sejam!



A propósito da
CRÓNICA DA VIDA SOCIAL DOS OCULTISTAS
( Nota da editora Zephiro)

Com moderação de Luis Nandin de Carvalho e intervenção de...
Luís Filipe Sarmento, que é jornalista, escritor, tradutor e realizador de vídeo e televisão e vem aqui hoje apresentar o seu romance Crónica da Vida Social dos Ocultistas (edição Zéfiro; e podem ler aqui o primeiro capítulo), uma sátira tenaz sobre o «chamado mundo do esoterismo. A leitura da Crónica da Vida Social dos Ocultistas revela-se compulsivamente cativante porque provoca, satiriza, por vezes choca. Um livro divertido, muito actual, que lança o descrédito sobre os falsos ocultistas que se aproveitam da ignorância e da credulidade dos outros».


«É um romance muito do nosso tempo, das suas realidades e das suas fantasias, da sua materialidade quotidiana e das suas projecções proféticas. É um romance original que aborda um tema que, ao que creio, nunca foi tratado de maneira tão aberta pelo nosso romance. Que contrariando uma certa tendência da nossa literatura (a que Óscar Lopes, um dia chamou «literatura lunar») é um livro que ri e que diverte».Mário de Carvalho

«Um romance, um grande romance e impecavelmente bem escrito! Um romance que se "bebe de um trago", avidamente, que prende qualquer leitor da primeira à surpreendente última página! Pela sátira mordaz e contundente, por vezes queiroziana, Luís Filipe Sarmento lança, afinal e apenas, o descrédito sobre todos aqueles que, por ignorância, cupidez ou oportunismo, são a parte visível do falso esoterismo, do falso ocultismo, do falso maçonismo». Nuno Nazareth Fernandes

«A Crónica da Vida Social dos Ocultistas é um livro instrutivo, irónico, corajoso, por vezes apaixonante, por vezes hilariante. Inicia-nos, com realismo e humor, em mistérios muito actuais. Assistimos a espectáculos mágicos, escutamos assombrosos discursos, planamos sobre o poder, a fraude e a ilusão, sobre crenças autênticas, mistificações e factos históricos. Só lendo…Aqui reencontramos o Luís Filipe Sarmento, ora escritor, ora jornalista, por vezes no seu melhor».Urbano Tavares Rodrigues

«Uma autópsia do grotesco, como esta a que Luís Filipe Sarmento procede com bisturi magistralmente afiado, corria talvez o risco de escandalizar quem anda pelos átrios do espírito com os olhos postos no folclore, no brilho das lantejoulas simbólicas, na superfície. Não é com esses que o Autor se entende. O filme sardónico que faz desfilar diante do leitor, este relato genial na captura dos pequenos e grandes ridículos, esta gargalhada saudável que desfere à face da parlapatice de capa esotérica – significam, afinal, o contrário do que parecem: sendo uma obra de crítica, mordaz e implacável quanto baste, este livro encerra ainda uma esperança, legível em tinta indelével nas entrelinhas. É esse duplo sentido, a um tempo arrasador e visionário, que faz da Crónica da Vida Social dos Ocultistas uma leitura tão compulsiva, a que uma mestria no domínio dos diálogos deu uma rara fluidez».Jorge Morais

«Pois bem, há de tudo neste livro de entusiástica leitura! Audaz, sarcástico, contumaz, Luís Filipe Sarmento não deixa créditos por mãos alheias. O que tem a dizer, di-lo nesta sua escrita viva, pessoalíssima e liberta de preconceitos». José Manuel Capelo

«Esta Crónica da Vida Social dos Ocultistas, de Luís Filipe Sarmento, tem três grandes virtudes. Antes de mais, é uma história bem contada, que se lê de um fôlego. É, ao mesmo tempo, uma aventura divertida, cheia de inesperadas peripécias que nos levam, frequentemente, até à gargalhada. E subjacente ao talento da escrita – em que se sublinha a capacidade de chegar ao leitor sem supérfluos artifícios de estilo, mas com uma prosa rica de originalidade e, ao mesmo tempo, escorreita, simples e directa – o autor desoculta uma realidade esotérica, que conhecemos mal, numa dupla dimensão. Enquanto sociedade que cultiva o secretismo, e também enquanto grupo social que trilha vias, que os seus membros entendem ser as de saberes alternativos, só ao alcance dos iniciados. Em suma, uma delícia». Mário Contumélias

«De uma forma divertida e original, algumas portas que fechavam muito mistérios e curiosidades foram finalmente abertas de uma forma corajosa. Ao mergulharmos na Crónica da Vida Social dos Ocultistas, Luís Filipe Sarmento desvenda e põe a nu muito do secretismo que envolve as denominadas Ordens Secretas...». José Galambas

«Esta excepcional obra de Luís Filipe Sarmento, escrita com verdadeira mestria, lança uma "pedra no charco" no chamado mundo do "esoterismo". A leitura da Crónica da Vida Social dos Ocultistas revela-se compulsivamente cativante porque provoca, satiriza, por vezes choca. Mas, e sobretudo, faz-nos rir, rir à gargalhada!... E não é o riso uma das formas do homem se libertar – transcendendo-se – do ridículo que são as suas ilusórias concepções?Sábio é aquele que se ri de si próprio!».Alexandre Gabriel

Saturday, October 25, 2008

Bar do Além: as tertúlias Desportivas e Culturais em marcha




Logotipo do Clube de Setas da Tertúlia Desportiva do Bar do Além (efige de Merlin) participante no campeonato de Alenquer inter clubes. Mais informações pelo chefe de equipa Carlos Sacramento em









Bar do Além do Alenquer Camping & Bungalows ***.
Mais informações e reservas sobre aluguer de Bungalows ou caravanas
Festas e Jantares ou almoços de grupos e de Aniversario
Acampamentos de Grupos,
serviços de apoio, e pernoita de autocaravanas
em
www.dosdin.pt/camping
e pelo e-mail
camping@dosdin.pt







Tertúlia Cultural do Bar do Além (desde Setembro de 2000)
Debate da Tertúlia Cultural do Bar do Além, sobre Bahai , Filosofia, fé e Religião,
Dia 25 de Outubro de 2008 com o orador convidado, Eng João Gonçalves. Inscrições e mais informações pelo e-mail: bar_do_alem@gmail.com




Almoço debate da Tertúlia Cultural do Bar do Além, dia 25 de Outubro, sobre Filosofia, Fé e Religião Bahai com Eng João Gonçalves.
Reproduz-se abaixo um importante texto do escolhido, llider religioso Bahai
Epístola de Bahá'u'lláh aos Cristãos
Wednesday, June 13, 2007

Epístola de Bahá'u'lláh aos Cristãos
Lawh-I-Aqdas
Esta é a Mais Sagrada Epístola, a qual se fez descer do santo Reino àquele que volveu a face para o Objecto de adoração do mundo, para o Ser que veio do céu da eternidade, investido de glória transcendente.
Em nome do Senhor, o Senhor de grande glória.
Esta é uma Epístola, oriunda de Nossa presença, dirigida àquele que os véus dos nomes não puderam impedir de Deus, o Criador da terra e do Céu, a fim de que seus olhos se alegrem nos dias de Seu Senhor, o Amparo no perigo, O que subsiste por Si Próprio.
Dize tu: Ó seguidores do Filho! Tendes vós excluído de Mim por causa de Meu Nome? Por que razão não ponderais isto em vossos corações? Dia e noite tendes estado invocando vosso Senhor, o Omnipotente, mas quando veio o céu da eternidade em Sua grande glória, d’Ele vos apartaste, permanecendo submersos na negligência.
Considera aqueles que rejeitaram o Espírito quando Ele lhes veio com domínio manifesto. Quão numerosos os fariseus que se haviam recolhido nas sinagogas em Seu nome, lamentando-se por estarem d’Ele separados, e, no entanto, quando os portais da reunião de par em par se abriram e o Luminar Divino se irradiou, resplandecente, da Aurora da Beleza, eles desacreditaram em Deus, o Excelso, o Poderoso. Deixaram de atingir Sua presença, embora Seu advento lhes fosse prometido no Livro de Isaías, bem como nos Livros dos Profetas e dos Mensageiros. Nenhum dentre eles volveu a face para o Amanhecer da graça divina, salvo quem estivesse destituído de qualquer poder entre os homens. E hoje, entretanto, todo o homem dotado de poder e investido de soberania se orgulha de Seu Nome. Além disso, recorda tu aquele que contra Jesus pronunciou sentença de morte. Era o mais erudito de sua época, em seu próprio país, enquanto aquele que era apenas um pescador, n’Ele acreditou. Acautela-te e sê dos que observam a advertência.
Considera, outrossim, como são numerosos, neste tempo os monges que se têm recolhido em suas igrejas invocando o Espírito, mas quando apareceu, através do poder da Verdade, d’Ele deixaram de se aproximar, e se incluem no número dos que se desviaram completamente. Feliz quem os abandonou e dirigiu a face Àquele que é o Desejo de todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra.
Lêem o Evangelho e ainda recusam reconhecer o Senhor Todo-Glorioso, não obstante haver Ele vindo através da potência de Seu domínio excelso, poderoso e benévolo. Nós, verdadeiramente, viemos por vossa causa e temos suportado os infortúnios do mundo por vossa salvação. Fugis de Alguém que sacrificou Sua vida a fim de que vós viésseis a reviver? Temei a Deus, ó seguidores do Espírito, e não andeis nas pegadas de qualquer sacerdote que se tenha desviado. Imaginais vós que este ser busque Seus próprios interesses, quando, em todos os tempos O ameaçaram as espadas dos inimigos ou que procure as vaidades do mundo, depois de se haver sujeitado ao aprisionamento na mais desolada das cidades? Sede equitativos em vosso julgamento e não sigais as pegadas dos injustos.
Abri as portas de vossos corações. Aquele que é o Espírito está, em verdade, diante delas. Por que vos mantendes longe d’Aquele cujo desígnio era aproximar-vos de um lugar resplandecente? Dize: Nós, verdadeiramente, abrimos para vós os portais do Reino. Quereis vós trancar as portas de vossas casas diante de mim? Isso deveras, não é, senão um erro lamentável. Ele, em verdade, tem descido novamente do Céu, assim como daí desceu a primeira vez. Guardai-vos de disputar o que Ele proclama, do mesmo modo que o povo antes de vós disputava Suas declarações. Assim vos instrui o Ser Verdadeiro, pudésseis apenas perceber isso.
O Rio Jordão une-se ao Mais Grandioso Oceano, e o Filho, no sagrado vale, exclama: “Aqui estou, aqui estou, Ó Senhor, meu Deus!” enquanto o Sinai Rodeia a Casa, e a Sarça Ardente profere em altas vozes: “Aquele que é o Desejado veio em Sua transcendente majestade.” Dize, Eis! Veio o Pai, e se cumpriu o que vos foi prometido no Reino! É esta a Palavra que o Filho ocultou, àqueles a Seu redor Ele disse: “Não podeis suportá-la agora.” E quando se cumprira o tempo determinado e a Hora havia soado, a Palavra resplandeceu acima do horizonte da Vontade de Deus. Acautelai-vos, ó seguidores do Filho, para que não a rejeiteis. A ela vos deveis segurar tenazmente. Isto vos é melhorar do que tudo o que possuis. Verdadeiramente, Ele está próximo dos que fazem o bem. Veio a Hora que havíamos ocultado do conhecimento dos povos da terra e dos anjos favorecidos. Dize, Ele, deveras, deu testemunho de Mim. Disso dá testemunho cada alma que é equitativa e que possui compreensão.
Embora cercados de incontáveis aflições, Nós convocamos o povo a Deus, o Senhor dos Nomes. Dize, esforçai-vos por atingirdes o que vos foi prometido nos Livros de Deus, e não andeis no caminho daqueles destituídos de conhecimento. Meu corpo tem suportado encarceramento a fim de que vós vos possais livrar da escravidão do ego. Volvei vossas faces, pois, para Seu semblante, e não sigais as pegadas de todo opressor hostil. Verdadeiramente, Ele tem consentido em ser penosamente rebaixado, para que vós atinjais glória e, no entanto, estais vos divertindo no vale da negligência. Ele, em verdade, vive na mais desolada das moradas por vossa causa, enquanto vós habitais em vossos palácios.
Dize, não escutastes a Voz do Arauto que clama no deserto do Bayán, trazendo-vos as boas novas da vinda de vosso Senhor, o Todo-Misericordioso? Eis! Ele veio abrigado à sombra do Testemunho, investido de provas e evidências concludentes, e aqueles que verdadeiramente n’Ele acreditam consideram Sua presença a expressão do Reino de Deus. Bem-aventurado o homem que para Ele se volve, e infelizes aqueles que O negam ou d’Ele duvidam.
Anuncia tu aos sacerdotes: Eis! Veio Quem é o Governante! Que saias detrás do véu em nome do teu Senhor, Aquele que faz prostrar todos os homens. Proclama, então, à toda humanidade as boas novas desta grande, desta gloriosa Revelação. Aquele que é o Espírito da Verdade, veio, deveras, a fim de vos guiar à toda verdade. Não é inspirado em Si Próprio que Ele fala e sim, como ordena Aquele que é o Omnisciente, O de toda Sabedoria.
Dize, este é Quem glorificou o Filho e Lhe exaltou a Causa. Rejeitai, ó povos da terra, o que vós possuis e segurai-vos firmemente àquilo que vos foi ordenado pelo Omnipotente, Aquele que é o Portador da Incumbência de Deus. Purificai vossos ouvidos e a Ele dirigi vossos corações, a fim de que possais escutar o mais admirável Chamado, que se ergueu do Sinai, a morada de vosso Senhor, o Mais Glorioso. Isso, em verdade, fará com que vos aproximeis do Lugar onde havereis de perceber o esplendor da luz de Seu semblante, o qual resplandece acima deste Horizonte Luminoso.
Ó união de sacerdotes! Deixai os sinos e saí, então de vossas igrejas. Cumpre-vos neste dia, proclamar em altas vozes entre as nações o Nome Supremo. Preferis vós guardar silêncio, enquanto toda pedra e árvore exclama: “Veio o Senhor em Sua grande glória!”? Feliz o homem que a Ele se apressa. Em verdade, está incluído entre aqueles cujos nomes estão anotados eternamente e que a Assembleia no Alto haverá de mencionar. Assim foi decretado pelo Espírito nesta Epístola admirável. Quem convoca os homens em Meu nome, é, verdadeiramente, um dos Meus, e haverá de manifestar o que está além do poder de todos aqueles que se encontram na terra. Segui vós o Caminho do Senhor e não andeis nas pegadas dos que estão submersos na negligência. Feliz o adormecido que desperta que se desperta ao sentir a Brisa de Deus e se levanta dentre os mortos e dirige seus passos ao Caminho do Senhor. Em verdade, aos olhos de Deus, o Verdadeiro, tal homem é considerado uma jóia entre os homens e é incluído no número dos bem-aventurados.
Dize, No Oriente irrompeu a Luz de Sua Revelação; no Ocidente os sinais de Seu domínio apareceram. Ponderai isto em vossos corações, ó povo, e não sejais dos que lastimavelmente erraram quando Lhes veio Minha Lembrança, a mando do Todo-Poderoso, do Todo Louvado. Que a brisa de Deus vos desperte. Em verdade, tem soprado sobre o mundo. Feliz aquele que lhe descobriu a fragrância e se inclui no número dos convictos.
Ó assembleia de bispos! Sois as estrelas do céu de Meu conhecimento. Minha misericórdia não deseja vossa queda na terra. Minha justiça, entretanto, declara: - Foi isso que o Filho decretou. E qualquer coisa que tenha procedido de Seus lábios imaculados, verídicos, fidedignos, jamais será alterada. Os sinos, verdadeiramente, ressoam Meu Nome e sobre Mim lamentam, mas Meu espírito regozija-se com evidente júbilo. O corpo do Bem-Amado anseia pela Cruz, e Sua cabeça almeja o dardo, no caminho do Todo-Misericordioso. A ascensão do opressor não O poderá, de modo algum, deter de Seu desígnio. Temos convocado todas as coisas criadas para atingirem a presença de teu Senhor, Rei de todos os nomes. Bem-aventurado é o homem que para Deus, o Senhor do Dia do Juízo, volveu a face.
Ó congregação de monges! Se Me quiserdes seguir, Eu vos farei os herdeiros de Meu Reino; e se contra Mim transgredirdes, Eu, com Minha tolerância, suportarei isso pacientemente, e sou, em verdade, a Eterna Clemência. O Todo-Misericordioso.
Ó terra da Síria! Onde está tua retidão? Estás, verdadeiramente, enobrecida pelas pegadas de teu Senhor. Tens tu percebido a fragrância da reunião celestial, ou haverás de ser julgada negligente?
Belém move-se com a Brisa de Deus. Ouvimos sua voz dizer: “Ó mais generoso Senhor! Onde se estabeleceu Tua grande glória? As doces fragrâncias de Tua presença me vivificaram, depois de haver eu me dissolvido em minha separação de Ti. Louvado sejas Tu por haveres levantado os véus e vindo com poder, em glória evidente.” De trás do Tabernáculo da Majestade e Grandeza, Nós lhe clamamos: “Ó Belém! Esta Luz surgiu no Oriente e procedeu em direcção ao Ocidente, até que te alcançou, no entardecer de sua vida. Dize-me, pois: Os filhos reconhecem o Pai e O aceitam, ou negam-No, assim mesmo como o povo de outrora a Ele (Jesus) negou? – Com isso, Belém exclamou dizendo: “Tu és em verdade, O Omnisciente, o Mais informado.” Verdadeiramente, vemos como todas as coisas criadas são impelidas a dar testemunho de Nós. Alguns Nos conhecem e dão testemunho, enquanto a maioria dá testemunho, mas não Nos conhece.
O Monte Sinai vibra de júbilo ao contemplar nosso semblante. Levantou sua voz cativante em glorificação de seu Senhor, dizendo: “Ó Senhor! Percebo a fragrância de Tuas vestes. Parece-me que estás próximo, investido dos sinais de Deus. Com Tuas pegadas tens Tu enobrecido estas regiões. Grande é a bem-aventurança de Teu povo – se Te pudesse apenas conhecer e de ti inalar as doces fragrâncias, e infelizes os que se encontram profundamente adormecidos.”
Feliz és tu, que volveste a face para Meu semblante, desde que rompeste os véus, demoliste os ídolos e tens reconhecido teu Senhor eterno. O povo do Alcorão contra Nós se tem levantado, sem qualquer prova ou evidência clara, atormentando-Nos, a todo instante, com um tormento novo. Imaginam futilmente que tribulações possam frustrar Nosso Desígnio. Vão, em verdade, é aquilo que têm imaginado. Verdadeiramente, teu Senhor é Quem ordena qualquer coisa que Lhe apraza.
Jamais passei Eu por uma árvore, sem que Meu coração a ela se dirigisse, dizendo: “Oxalá fosses tu cortada em Meu nome e sobre ti Meu corpo fosse crucificado!” Esta passagem na Epístola ao Xá, afim de que servisse de advertência aos seguidores das religiões. Verdadeiramente, teu Senhor é o Omnisciente, a Suma Sabedoria.
Não permitas que as coisas por eles perpetradas te entristeçam. Em verdade são eles como mortos e não vivos. Deixa-os aos mortos e volve tua face, então, para Aquele que vivifica o mundo. Acautela-te para que as palavras dos negligentes não te entristeçam. Sê tu firme na Causa, e ensina o povo com completa sabedoria. Assim te prescreve Quem rege a terra e o céu. Ele é, em verdade, o Omnipotente, o Mais Generoso. Em breve Deus exaltará tua lembrança e com a pena da glória inscreverá o que tu pronunciaste por causa de Seu amo.
Em verdade é Ele o Amparo dos que fazem o bem.
Dá minha lembrança àquele de nome Murád e diga: “Bem-aventurado és tu ó Murád, por haveres rejeitado as insinuações de teu próprio desejo e seguido Aquele que é o Desejo de toda a humanidade.”
Dize: Bem-aventurado o adormecido que se desperta com Minha Brisa. Bem-aventurado aquele sem vida que se ressuscita através de Meus sopros vivificadores. Bem-aventurados os olhos que se confortam ao contemplarem Minha beleza. Bem-aventurado o caminhante que dirige os passos ao Tabernáculo de Minha glória e majestade. Bem-aventurado o sofredor que busca refúgio à sombra de Meu palio. Bem-aventurado o sedento que se apressa às águas suaves de Minha benevolência, as quais suavemente flúem. Bem-aventurada a alma insaciável que, por amor a Mim renuncia seus desejos egoístas e toma seu lugar na mesa de banquete que Eu fiz descer do céu da graça divina para Meus eleitos. Feliz o humilhado que se segura firmemente à corda de Minha glória; e o necessitado que entra no Tabernáculo de Minha riqueza. Bem-aventurado o inculto que busca a fonte de Meu conhecimento, e o negligente que vem apegar-se à corda de Minha lembrança. Bem-aventurada a alma que se ressuscitou ao ser atingida por Meu sopro vivificador e à qual foi concedido acesso a Meu Reino celestial. Bem-aventurado o homem que se comoveu através das doces fragrâncias da reunião Comigo, assim se aproximando do Alvorecer de Minha Revelação. Feliz o ouvido que escutou, e a língua que deu testemunho, e Bem-aventurados os olhos que viram e reconheceram o próprio Senhor, em Sua excelsa glória e majestade, investido de grandeza e domínio. Bem-aventurado aqueles que têm atingido Sua presença. Bem-aventurado o homem que do Sol de Minha Palavra buscou iluminação. Bem-aventurado quem adornou sua cabeça com o diadema de Meu amor. Bem-aventurado quem adornou sua cabeça com o diadema de meu Meu amor. Bem-aventurado é aquele que soube de Meu pesar e se levantou para Me apoiar entre Meu povo. Bem-aventurado é aquele que sacrificou a vida em Meu caminho e suportou múltiplas tribulações por causa de Meu Nome. Feliz o homem que, havendo se assegurado de Minha Palavra, se levantou de entre os mortos para celebrar Meu louvor. Bem-aventurado é aquele que se extasiou com Minhas admiráveis melodias e rompeu os véus, através da potência de Minha grandeza. Bem-aventurado é aquele que se tem mantido fiel a Meu Convénio e a quem as coisas do mundo não têm impedido de atingir Minha corte de santidade. Bem-aventurado é o homem que de tudo se desprendeu, menos de Mim, que alçou voo na atmosfera de Meu amor, obteve acesso a Meu Reino, contemplou Meus domínios de glória, sorveu as águas vivificadoras de Minha graça e, do rio celestial de Minha terna providência, se saciou, que veio a conhecer Minha Causa e a apreender o que eu ocultara dentro do tesouro de Minhas Palavras, e que resplandeceu do horizonte do conhecimento divino, dedicando-se a Meu louvor e Minha glorificação. Ele é, em verdade, um dos Meus. Que sobre ele repousem Minha misericórdia, Minha benevolência, Minha generosidade e Minha glória.
Próximo almoço debate: sábado, as 12h, dia 15 de Novembro com Luis Filipe Sarmento, autor do livro: a Vida Oculta dos Ocultistas, também com sessão de autógrafos, e venda do livro (inscrições ja abertas, por mail)
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Sunday, October 05, 2008

Noites culturais da Tecauto: da emoçao à razão e a intuição



Quadro sintético das ideias de apoio à intervenção na sessão cultural de 4 de Outubro, Noites da Tecauto, do Grupo Belgest, emTorres Vedras

da emoção à razão, com intuição
por Luis Nandin de Carvalho


A RAZÃO é caracterizada como sendo: objectiva, racional, estatica, de causa final, por isso aperfeiçoa-se, dispoe de discurso lógico, é humana e intelegivele baseia-se na dedução.


a EMOÇÃO, é subjectiva, é psico-somática e bipolar, é dinâmica, assenta em instintos, educa-se, é reactiva e de tipo animal e afectivo.


a INTUIÇÃO, apresenta-se como sensível, espiritual e metafísica, nasce da revelação, ou da iluminação que permite uma percepção, por vezes de natureza paranormal e instantânea e reultante de uma causação circular holistica.

Notas:

Na foto, o orador ao lado do Presidente do Grupo Belgest, Eng Antonio Ferreira dos Anjos, impulsionador e mecenas das noites da Tecauto
A teoria e epistemologia do conhecimento assentam numa pluralidade de vias de acesso, entre elas a emoção, a razão e a intuição, formas pelas quais se manifesta a consciência humana, através de graus diversos do estado de inteligência cerebral.

Fazendo paralelismo com a evolução dos ser humano...até aos cerca de 7 anos de idade desenvolvem-se conhecimentos pela via da emoção, quase exclusivamente, e atingida a idade da razão... e pelo menos até a maioridade, prevalece a via racional, sem prejuizo de se manter o poder aquisitivo do conhecimento pela emoção, e finalmente já em plena idade adulta e em maturidade, atinge-se um terceiro patamar de desenvolvimento, o acesso à intuição que interage, em processo de causaçao circular, com as anteriores categorias, e assim permite a percepção e expressão superiores, de forma holistica, e tendendo ao universal.

Ou seja, temos a fase do aprendiz...numa primeira viagem emocional em que prevalecem os tumultos da vida profana, uma segunda fase racionalista, de companheiro, em que se confia na experiência da mão que nos guia, até chegar ao momento da terceira e ultima viagem, a do Mestre, onde atingimos a vivência do eterno, para onde vamos, na compreensão de quem somos, e de onde vimos.

Outras vias e caminhos ainda existem, de dificil identificação, e dependentes da maturidade, e grau de elevação espiritual, de que são exemplo formas de comunicação e percepção, como o esoterismo, pelos símbolos, a telepatia pela mente, e a música pelas sonoridades, portanto com ausencia de verbo, ou palavras.

A Música, por exemplo, fica sempre aquém das palavras, mas também para além delas. E quem tem dúvidas que pela melodia, sem poema, ou letra, se transmitem, e adquirem conhecimentos valiosos? e quantas vezes tudo se passa em simultaneo, pela via da emoção, da razão, e da intuição, simultaneamente?

Saturday, September 27, 2008

Grande sucesso da intervenção do dr. Vitor Adrião na tertúlia do Bar do Além

Depois de uma conferência excepcional e de um debate ao mesmo nivel e com especial incidência sobre o Espirito Santo e a dimensão esotérica de Alenquer, desenvolveu-se o almoço-debate em três mesas com inumeros membros da tertúlia a prolongarem até as 17h o aprofundamento das questões suscitadas.



Entre outras foram desenvolvidas com cerca de 40 participantes interessados, as trocas de impressões sobre Teosofia, sociedade Teúrgica Portuguesa, a função do Mestre, a iluminação e a iniciação, para além de outros assuntos similares, envolvendo a dimensão da Portugalidade e a expansão para o Novo Mundo (Brasil).
Mais informações na fonte directa em:
As fotografias dão por imagem uma ideia do sucesso deste evento. Na ocasião, o orador convidado, e autor do livro Portugal, Os Mestres e a Iniciação disponibilizou-se para conceder autografos e dedicatórias aos presentes que o solicitaram

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Tuesday, September 23, 2008

Newsletter MYGUIDE noticia tertúlias do Bar do Além

Nota: Os leitores deste Blog ou os membros da Tertúlia podem subscrever gratuitamente, a newsletter semanal My Guide em http://www.myguide.pt/

Notícia da Newsllete Myguide:
:A Tertúlia do Bar do Além é uma associação informal sem fins lucrativos. A tertúlia desenvolve mensalmente, desde 2000, um ciclo de almoços debate sobre o tema "O oculto às claras", privilegiando assuntos esotéricos e metafísicos.
No próximo dia 27 de Setembro, o debate moderado por Luís Nandin de Carvalho será animado pelo escritor esotérico Vítor Adrião, autor de “Portugal, Os Mestres e a Iniciação”.
As sessões têm lotação limitada, pelo que é necessário fazer reserva.
Morada: Alenquer Camping, EN 9, Km 94
E-mail:

Thursday, September 04, 2008

recomeço dos almoços debate da Tertúlia do Bar do Além



A TERTÚLIA recomeça actividades
dia 27 de SETEMBRO, sábado, as 12h
seguem-se:
25 de outubro, a Filosofia e atitude Bahai por
Eng Joao Moutinho Gonçalves www.bahai.pt
15 de Novembro, Desmitificaçao dos ocultistas por Luis filipe Sarmento
6 de Dezembro, Homenagem ao Mestre Lima de Freitas, Os aspectos esotéricos do Escudo Português, por Antonio Araujo de Brito

A Tertúlia do Bar do Além entra no seu IX (nono) ano de actividade consecutiva... do ciclo O OCULTO AS CLARAS


ORADOR
VITOR ADRIAO
TEMA
PORTUGAL, os MESTRES e a INICIAÇÃO
(inscrições já abertas)

nota sobre o orador:

Vítor Manuel Adrião, renomado escritor esotérico português, é consultor de investigação filosófica e histórica, formado em História e Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa, tendo feito especialização na área medieval pela Universidade de Coimbra. Presidente-Fundador da Comunidade Teúrgica Portuguesa e Director da Revista de Estudos Teúrgicos Pax, Adrião é profundo conhecedor da História Medieval do Sagrado, sendo conferencista de diversos temas relacionados ao esoterismo, às religiões oficiais, aos mitos e tradições portuguesas, às Ordens de Kurat (em Sintra) e do Santo Graal, das quais também faz parte.

nota sobre o tema e livro de que é autor:

PORTUGAL Os Mestres e a Iniciação
Portugal, os Mestres e a Iniciação prefigura-se no pensamento teúrgico e teosófico onde o autor, Vitor Manuel Adrião, faz desfilar a modo de cartilha ou manual a Tradição Iniciática das Idades com insistência para a Espiritualidade Portuguesa vista à luz da Teurgia e da Teosofia.Obra crítica onde Filosofia, História, Arte e Religião são apresentadas, numa linguagem clara e desocultada, segundo os créditos de uma Tradição Única exposta de maneira inédita numa sequência lógica esclarecedora de muitíssimos aspectos da existência dos seres, do mundo e do universo em que se vive, os quais teimavam em manter-se na escuridão do inexplicável.

Sunday, May 25, 2008

ANIMISMO E ESPIRITUALISMO AFRICANO A 7 de JUNHO




O ano 2007/2008 das tertúlias, encerrou dia 7 de Junho, sabado as 12h, no Bar do Alem do Alenquer Camping com:



Mestre Braima Galissa

moderador
Prof Doutor Luis Nandin de Carvalho

tema Animismo e espiritualismo Africano
ementa do almoço
Entradas variadas, Caril do Mar, Sobremesa surpresa
vinho DOC Alenquer, café
preço 17,50€
inscrições previas necessárias,




nota biográfica de Mestre Galissa:


O Mestre Galissa foi compositor do Ballet Nacional da Guiné-Bissau, responsável Instrumental do mini Ballet Nacional e professor de Kora na Escola Nacional de Música José Carlos Schwarz durante 11 anos. Já participou em actividades culturais em vários países. Está em Portugal desde 1998, ano em que eclodiu a guerra civil, e neste momento permanece em Portugal a executar vários projectos culturais.


Oriundo de uma família de "djidius" (músicos hereditários), o Mestre Galissá nasceu em 1964 em Gabú no Leste da Guiné-Bissau, capital do antigo império de Gabú (donde advém o próprio nome), sucessora do antigo império do Mali. Tem a música no sangue e sempre foi artista. Reside em Lisboa desde de 1998, cidade onde tem abraçado novas formas de música e conhecido músicos de outras culturas. É Filho de um músico de Kora nascido na Guiné-Bissau, no seio de uma família Mandinga, uma das etnias do país.

Galissa é o nome de uma família de "djidius" que tocam Kora. Além dos Galissa há os Diabaté, Kouyaté, os Sissokhos outros apelidos. A música para o Mestre Galissá começou na infância no seio da sua família. Muito antes dos seus tetra-avós que todos na família são "djidius". Começou a aprender o Kora com 5 anos de idade pela mão do seu pai na região natal (Gabú) e em meados de 1979 iniciou a sua carreira, primeiramente com os pioneiros "Abel Djassi". Com os pioneiros teve acesso à escola e com eles participou em acampamentos da juventude na Guiné e no estrangeiro. Nesses eventos realizavam-se intercâmbios culturais com jovens de Cabo-Verde, Senegal, Guiné-Conacri e até com jovens de Portugal e outros países europeus. A partir dessa data foi mais difícil continuar em casa dos seus pais e por isso foi para Bissau onde começou a estudar música.

O Kora envolve misticismo e simbologia. É o instrumento que o acompanha nos espectáculos e é o suporte principal do género musical que interpreta. Desde que começou a actuar em público houve um momento que o marcou, que foi quando com mais 11 crianças estava a representar a Guiné-Bissau num acampamento em Cabo-Verde em 1979. As pessoas gostaram porque o kora nunca tinha chegado ao arquipélago. As pessoas seguiam-no por todo o lado, faziam-no perguntas sobre o instrumento, queriam tocá-lo, queriam saber tudo. Nessa altura apercebeu-se do "peso" do Kora. A partir daquele momento em Cabo-verde decidiu que devia continuar nessa vida. Nos anos seguintes participou em vários eventos. Em 1988 esteve em Portugal onde participou no FITEI, e no ano seguinte na antiga FIL. Em 1997 participou no encontro “Cena Lusófona” em Évora onde encontrou artistas internacionais que se interessaram pelo instrumento que toca.

Depois dessas experiências sentiu ter atingido um nível de maturidade que o permite trabalhar com qualquer artista. A sua evolução fez com que começasse a dar aulas de multi-culturalidade na Escola Superior de Educação. Em Portugal tem feito concertos em todas as regiões. Tem sido convidado por várias Câmaras do interior do país. Realizou vários cursos para alunos da Escola Superior de Educação de Lisboa e da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa sobre a música, literatura africana , cultura guineense e sessões musicais para crianças do 1º e 2º ciclo do ensino básico.

Em 1999 trabalhou com o Teatro São João do Porto e no ano em que Coimbra foi a capital da cultura, foi contratado pela a companhia de teatro Tetrão Realizou concertos com o músico português Gil Nave, em Évora, Beja, Guarda, Covilhã, Famalicão, Proença a Nova, Caldas da Raínha e Alpedrinha e norte de Portugal. Participou em programas de rádio e televisão, nomeadamente na Antena 2, RTP Internacional, Rádio Renascença, RTA (Rádio Televisão de Angola, no programa Kandando) e RDP África.Participou em concertos realizados por iniciativa da EXPO98, e Porto 2001, e em trabalhos discográficos de João Afonso, Amélia Muje, Herménio Meno, na colectânea "Mon na mon", Blasted Mechanism, Chac, Sara Tavares e outros artistas guineeenses…

O kora foi inventado por Djali Mady Wulen em Gabú. Os primeiros Kora’s eram constituídos por 21 cordas feitas de pele de Gazela bem trançadas e finas. Com a chegada dos Europeus as cordas foram mudadas para os fios de pesca (nylon). Em Gabú os músicos de Kora são conhecidos pelo apelido Galissá. Os materiais que constituem o kora são: a cabaça, metal, as cordas, madeira, recortes de pano que servem para protecção do cavalete e rebites, sendo que antigamente, no lugar desses rebites se usavam pedaços afiados de canas de bambu que seguravam a pele à cabaça do instrumento. Kora no dialecto Mandinga significa o "instrumento que abrange tudo". Desempenha um importante papel na vida cultural da sociedade Mandinga e por outro lado tem associado a história do povo Mandinga, que são recitadas em ocasiões especiais. O Kora envolve tudo e todos, sejam trovadores ou historiadores. Implica a educação, a saúde e a cultura. Para o Galissá, abarca mesmo tudo. O Kora surgiu, segundo os familiares do Galissá, nos meados do século XIII. Sucedeu o "tonkoron" que evoluiu para o "bolonbata" e de etapas em etapas desenvolveu-se até aparecer o Kora que conhecemos com 21 (ou mais) cordas. O kora já há algum tempo que tem servido aos psicólogos na avaliação de doentes mentais. O kora actualmente é estudado por vários especialistas, quer educadores infantis, antropólogos, etnomúsicólogos, por muitas culturas nas universidades europeias, principalmente nas academias musicais e museus etnográficos.

A pedagogia tradicional era muito exigente. Primeiro o aprendiz tinha que saber ouvir o ritmo, conhecer o balanço da música para depois iniciar a prática e acompanhamento de voz. A seguir vem a afinação do instrumento e para finalizar, a aprendizagem da construção do aparelho musical. Até a conclusão dessas etapas decorre um período de doze anos. Para se ser um tocador de kora, uma pessoa recebe profunda formação em história Mandinga, história geral das outras nações africanas e seus ritos, historial genealógico dos Mansas (Reis), linguística, relações internacionais (nomeadamente, mediações inter-étnicas, assessores públicos, conselheiros estatais, mediadores…). Toda essa formação, conjuntamente com formação musical dura 15 anos em média. Além da educação musical é preciso ter uma educação moral. É necessário tê-la como algo que os sirva para o futuro, como uma profissão e é por isso que Galissá continua a respeitar essa tradição. Um tocador deve amar o instrumento, amar as pessoas, ser solidário com as pessoas, ser sincero e respeitar as pessoas.

Sunday, May 18, 2008

Os Altos Graus em Maçonaria, nos ritos de YORK, REAA e RER




ALTOS GRAUS NA MAÇONARIA
Conferência de Vitor Azevedo Duarte
Almoço debate de 17 de Maio de 2008
Tertúlia do Bar do Além, Alenquer.




O tema sugerido de Altos Graus na Maçonaria tem ligação directa com alguma da minha vivência de Ritos de Altos Graus. E com troca de experiências de Jurisdições estrangeiras Irmãs. Como um simples Aprendiz de Maçonaria ganho sempre mais “espritualmente” quando partilho informação maçónica com Irmãos ou estudiosos da Maçonaria. Penso que todos aprendemos uns com os outros. Como sabem, existem escassa divulgação de obras sobre altos graus, pelo que tentarei fazer uma súmula sobre este tema referente a três estruturas de Altos Graus de Ritos diferentes.
Começarei por ditar estes apontamentos com o que se entende por regularidade maçónica e liberal. E com a “devida vénia” citarei aqui a melhor destrinça que encontrei nas minhas pequisas e cujo autor se encontra nesta sala.

“Os maçons regulares, também chamados tradicionais ou de via sagrada, são os que trabalham nas suas Lojas sob a invocação de Deus, Grande Arquitecto do Universo, sobre o Livro Sagrado, o Esquadro e o Compasso.
Os maçons liberais ou de via substituída, reunem-se segundo os mesmos ritos, decorações e ideais, já dispensam a via espiritual, e trabalham sobre as Constituições de Anderson, a do seu País, sobre a Declaração Universal dos Direitos do Homem e sem nacessariamente invocarem Deus, o Grande Arquitecto do Universo.
Isto é, os regulares pressupõem a crença no Criador e situam-se no plano do sagrado, os liberais partem do postulado da liberdade de crença ou não no Criador e colocam-se no campo do laicicismo e portanto envolvem-se mais directamente na vida profana, que procuram aperfeiçoar e transformar.
Ambos buscam o seu próprio aperfeiçoamento, mas com efeitos diversos ao nível de intervenção na sociedade. Para o maçon regular a sociedade será mais perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento pessoal enquanto que para o maçon liberal o essencial é ele ser o agente da transformação da sociedade.”
Na verdade, cada jurisdição maçónica tem os seus Regulamentos e Estatutos e quer sejam regulares ou liberais são constituídas por maçons que se respeitam desde que ambas sigam os Landmarks. Mas não é maçon quem quer. Não basta autoproclamar-se. É imprescindível que os seus irmãos “o reconheçam como tal”, ou seja é necessário que tenha sido iniciado, por outros maçons, cumprido com as suas obrigações de maçon, esotéricas, simbólicas e que esteja integrado numa Loja, que por sua vez pertença regulamentarmente a uma Grande Loja ou Grande Oriente, que fossem devidamente consagrados.
Assim escreveu Luís Nandin de Carvalho, no seu livro “A Maçonaria Entreaberta” publicado em 1997.

O espirito maçónico de fraternidade, igualdade e liberdade floresceu nas sociedades profanas e influenciou para sempre as grandes conquistas conseguidos em acontecimentos mundiais como a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa, a Revolução Russa e a Independência do Brasil.
E em muitos outros países incluindo o nosso, embora os governos vigentes e as pressões da Igreja Católica entrassem em choque directo com a fraternidade.
Após esta introdução passemos a algumas citações e reflexões sobre Maçonaria.

A Franco-Maçonaria actual foi fundada em 24 de Junho (dia de S. João) de 1717, em Londres. Para muitos estudiosos a Ordem Maçónica remonta às lendas da construção do Templo do Rei Salomão, de acordo com relatos do Antigo Testamento. A sua origem está ligada também às lendas de Ísis e Osíris, no antigo Egipto; ao culto a Mitra, vindo até à Ordem dos Templários e à Fraternidade Rosa-Cruz. Em 1723, o Rev. Anglicano James Anderson publicou as Constituições da Maçonaria que são universalmente aceites e são utilizadas como base em todas as Lojas maçónicas.

Em 1717, a Maçonaria passou do campo operativo em que efectivamente se construiam catedrais para o campo especulativo em que os maçons iniciaram um processo de “construção” sim da “catedral da humanidade”. A Maçonaria utiliza métodos para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimónias maçónicas, a que chama Ritos ou procedimentos maçónicos.

Existem no mundo cerca de 200 Ritos e se continuar a actual desorganização social talvez em 2050 existam 300. No entanto, os principais podem contar-se por sete dedos. A saber:

Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA)- o mais universal
Rito de York (RY)- o mais antigo do mundo
Rito Francês ou Moderno (RF/M)
Rito Schröeder (RS)
Rito Brasileiro (RB)
Rito Adonhiramita(RA)
Rito Escocês Rectificado (RER)
Como sabem a actual Maçonaria divide-se:

* Maçonaria Simbólica constituída pelos três primeiros graus obrigatórios e que estão pre
-vistos nos Landmarks. Que se divide em Obediências Maçónicas designadas por Gran-
de Loja ou Grande Oriente e que administram diversas Lojas.
* AltosGraus, que constituem os graus Filosóficos ou Superiores que não são obrigatórios e constituem uma opção. Estes estão normalmente subordinados a Supremos Conselhos ou Supremos Grandes Capítulos, Grandes Comendas e Grão-Priorados, de acordo com as Leis de cada Grande Corpo Maçónico. Destes, escolhemos o Rito mais universal, o mais antigo e o que considero o mais selectivo.

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A saber:
- Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA)
- Rito de York(RY) e rito de Emulação(REm)
- Rito Escocês Rectificado (RER
)

Na Maçonaria Regular a maioria das Grandes Lojas e Grandes Orientes são consagradas, instaladas e reconhecidas por Grandes Obediências Irmãs Estrangeiras mais antigas. Cada Obediência tem o sua própria Grande Loja-Mãe ou Grande Oriente e a que está ligado indossoluvelmente.

Nos Corpos de Altos Graus, a Maçonaria segue sempre a regra trinitária, isto é, para ser consagrado e instalado um Supremo Conselho, um Grande Capítulo, uma Grande Comenda, um Grão-Priorado, etc a base de construção é como em Grande Loja ou Grande Oriente(com as suas Lojas azuis ou de S.João) ou seja três Lojas, três Conselhos, três Capítulos, três Comendas. No RER existem as Lojas verdes e a Ordem Interna como veremos mais adiante.

RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITE – R.E.A.A.
Este Rito provem do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia e está ligado ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram. A influência do Templarismo existia no Rito de Heredom sob a mestria de Andrew Ramsay (criador deste rito em solo francês), mas não no R.E.A.A.. Aliás, de acordo com os historiadores Christopher Knight e Robert Lomas a formação deste rito deve-se ao facto da Grande Loja Unida de Inglaterra (United Grand Lodge of England) se recusar a reconhecer os altos graus da maçonaria regular, o que originou a formação em 1819 de um Supremo Conselho para a Inglaterra dos graus do Rito Escocês.

Por influência do Cavaleiro Ramsay as primeiras referências a estes graus, são oriundos de França, no período de 1715 a 1745. Ramsay foi tutor dos filhos do rei escocês Jaime VIII que se encontrava exilado em França. Foi nesta época que surgiram as primeiras referências ao termo escocês (écossais). Na “História da Franco-Maçonaria” de Albert Mackay, este autor refere que os partidários do Rei Jaime e da dinastia dos Stuarts todos exilados em França estavam fortemente envolvidos em actividades maçónicas.

Esta é uma das razões porque, devido ao termo escocês, muitos maçons pensam que este rito terá tido origem na Escócia, o que como vemos não corresponde à verdade. As suas regras e fundamentos foram elaborados no dia 1º de Maio de 1786 e desde essa data constituiram-se os 33 graus. O que caracteriza o REAA é a ligação entre a tradição hermética, principalmente nos três primeiros graus e a uma graduação dos Altos Graus (do 4º ao 33º) e que é normalmente rejeitada pela maçonaria inglesa.

Em primeiro plano, “a purificação” pelos quatro elementos inclui-se uma orientação nítidamente hermética. Não remonta ao alquimistas da Idade Média, mas é provável a inspiração nos tratados de alquimia vulgares no séc. XVIII e adaptado por maçons à iniciação maçónica. A purificação pela Terra, pelo Ar, pela Água e pelo Fogo induzem no candidato, à medida que passa pelas provas, a percepção gradual do sentido esotérico da “passagem” que faz ,vindo das profundezas do mundo terreno para a ascese que lhe é dada pelo sopro do espiritual. É só na Câmara de Reflexão que percepciona o enorme sentido esotérico- o enxofre, o sal e o mercúrio- que lhe serão fundamentais à iluminação final.

Em segundo plano, muito importante também, é a sua evolução nos graus Superiores das Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º), dos Capítulos (do 15º ao 18º), dos Aréopagos (do 19º ao 30º) e dos graus administrativos (do 31º ao 33º). Neste Rito os graus e a lenda do Mestre constroi-se passo a passo. A reconstrução do Templo de Salomão tem aqui uma particular importância. Aqui a reflexão filosófica sobre o Homem, o seu destino, a sua centelha divina e os valores que ditam a sua dimensão racional, minada por vezes, pelo desleixo, a incúria e o dislate.

GRAUS DO REAA:
SIMBÓLICOS
1º - Aprendiz
2º - Companheiro
3º - Mestre
FILOSÓFICOS
Lojas de Perfeição
4º - Mestre Secreto
5º - Mestre Perfeito
6º - Secretário Íntimo
7º - Preboste e Juíz
8º Intendente dos Edifícios
9º- Mestre Eleito dos Nove
10º- Ilustre Eleito dos Quinze
11º- Sublime Cavaleiro dos Doze
12º- Grande Mestre Arquitecto
13º- Cavaleiro do Real Arco
14º- Prefeito e Sublime Maçon - Grande Eleito da Abóbada Sagrada
Capítulos
15º- Cavaleiro do Oriente ou da Espada
16º- Príncipe de Jerusalém
17º- Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
18º- Soberano Príncipe Rosa-Cruz
Areópagos
19º- Grande Pontífice ou Sublime Escocês
20º- Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam
21º- Cavaleiro Prussiano ou Noaquita
22º- Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano
23º- Chefe do Tabernáculo
24º- Príncipe do Tabernáculo
25º- Cavaleiro da Serpente de Bronze
26º- Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário
27º- Grande Comendador do Templo
28º- Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto
29º- Grande Cavaleiro Escocês de Santo André da Escócia
30º- Cavaleiro Kadosch ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra
Tribunais
31º- Grande Inspector Inquisidor ou Grande Juíz Comendador
Consistório
32º- Sublime Cavaleiro do Real Segredo
Supremo Conselho
33º- Soberano Grande Inspector Geral

A estrutura do R.E.A.A. é dirigida por um Soberano Grande Comendador que preside ao Sacro Colégio e aos Soberanos Grandes Inspectores Gerais. É um Corpo Maçónico com Jurisdição independente, reconhecido internacionalmente e que tem a responsabilidade de manter a regularidade.


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RITO DE YORK(RY)
RITUAL E RITO DE EMULAÇÃO(REm)
O Rito de York moderno também conhecido como o Real Arco, teria sido criado por volta de 1743 e levado para Inglaterra em 1777. É o Rito mais difundido em todo o mundo maçónico . É o Rito predominante nos Estados Unidos. Por ser teísta está mais ligado aos países onde predominam os cultos evangélicos, onde o clero tem dado o apoio e o suporte necessário à sua evolução e desenvolvimento. Neste país, a sua fundação vem do ano de 1799 pela mão de Thomas Smith Webb que lhe deu a estrutura e doutrina filosófica com procedimentos gerais adaptados ao sistema maçónico, pelo que é normalmente identificado como “Rito Americano ou de York”.

No entanto, o Manuscrito Régio de 1389 (conservado no British Museum em Londres), diz-nos que sob o reinado de Athelstan, na cidade de York no ano de 926 houve um grande Congresso de maçons, convocado e presidido por seu filho o Príncipe Edwin e que teria sido nessa magna Assembleia que a Maçonaria teve o seu primeiro Regulamento Geral. Já neste Regulamento havia regras de comportamento no trabalho, na sociedade e até dentro da igreja., entre outros.

Posteriormente, o Manuscrito de Coke em 1583 refere também esta Assembleia e as reuniões feitas pelo rei Athelstan que convocava e dirigia as assembleias dos numerosos maçons operativos, associados em guildas. Nesta fase a Lenda de York passou definitivamente da tradição oral para a tradição escrita da Maçonaria Especulativa.

Assim, os autores crêem que o Rito de York seria o rito tradicionalmente praticado desde os tempos do rei Athelstan e que confirma a multissecular tradição maçónica de acordo com o Livro das Constituições de 1723. Num outro manuscrito conhecido como a Constituição de York, diria que a tradução dos anteriores documentos em 1807 teriam passado do Latim( que era o idioma das pessoas cultas) para o Inglês e em 1808 para o Alemão pelo I:. J.A. Schneider. Esta última tradução é publicada pelo editor I:. Krause, conhecido pelo Manuscrito de Krause e que estaria muito próximo da Constituição da Grande Loja Unida de Inglaterra em 1813.

Esta é a lenda de York. Contudo perante tantas evidências históricas que confirmam a veracidade do seu conteúdo, a maioria dos autores chamam-lhe a “Tradição de York”.
Na união dos maçons “antigos”(Grande Loja dos Antigos -1751) e dos “modernos”(Grande Loja dos Modernos - 1717) em 1813 foi oficialmente aprovado o ritual dos antigos como ritual oficial da Grande Loja Unida de Inglaterra e naquele momento recebeu o nome de Ritual de Emulação( o Emulation Working) com a particularidade de se manter a tradição de nada escrever e por isso nada se sabe ao certo o que foi aprovado.

Mas até chegar a esta fase muito fizeram para conciliar as diferenças ritualísticas das duas Grandes Lojas rivais, passando pela Loja da Reconciliação que harmonizou os rituais durante 3 anos até que em 1816 foi aprovado um novo ritual mantido até 1986, ano em que a GLUI decidiu que todas as referências a penalidades físicas fossem omitidas dos juramentos assumidos pelos candidatos nos três graus e pelo Mestre Eleito na sua instalação, mas mantendo-as nas cerimónias noutro momento.

Apenas em 1969, o Rito de Emulação foi oficialmente impresso com autorização oficial da GLUI, embora nesse ano já existissem diversas impressões não oficiais. Embora denominado Rito, os Ingleses consideram-no mais como um Ritual. O Rito representa as regras e cerimónias de carácter sacro ou simbólico que seguem preceitos estabelecidos e que se devem observar na prática. Em suma, representa o sistema de organizações maçónicas.

O ritual representa o livro que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e por normas que deverão ser observadas em determinadas ocasiões. Isto é o cerimonial. Mas a principal característica deste Rito/Ritual é que todas as intervenções são realizadas de cor. No Rito de Emulação, os graus superiores estão agregados numa Loja de Marca ou num Capítulo do Arco Real com os seguintes graus:

- Mestre de Marca
- Ex-Mestre ou Past Master
- Muito Excelente Mestre
- Mestre do Arco Real
- Escocês Trinitário

Este é o Rito por excelência praticado em Inglaterra e largamente difundido em todos os paises de influência Inglesa. As jusisdições anglo-saxónicas mantém outras ordens de altos graus como por exemplo:

o Grande Conselho da Ordem dos Graus Aliados, o Grande Conclave da Ordem do Monitor Secreto, a Grande Loja e Grande Conselho da Real Ordem da Escócia, a Ordem de Cavaleiros Templários e Ordem de Malta(honorária), a Ordem da Cruz Vermelha da Babilónia.

Toda esta explicação era necessária para melhor compreendermos a génese do York.
Em relação ao Rito de York para além das Lojas Simbólicas (1º, 2º e 3º grau), os seus Altos Graus estão classificados assim:

GRAUS CAPITULARES
(conhecidos como Maçonaria do Real Arco)
*4º grau- Mestre de Marca
*5º grau- Past Master
*6º grau- Mui Excelente Mestre
*7º grau- Maçon do Arco Real
CONSELHO CRÍPTICO
(conhecido como Conselho de Mestres Reais e Escolhidos)
*8º grau- Mestre Real
*9º grau- Mestre Escolhido
*10ºgrau- Super Excelente Mestre
COMENDADORIA TEMPLÁRIA
(conhecida como Ordem dos Cavaleiros Templários)
*11ºgrau- Ordem da Cruz Vermelha
*12ºgrau- Ordem de Malta
13ºgrau- Ordem do Templo
Os graus Capitulares enfatizam as lições de regularidade, disciplina, integridade e reverência, a consagração do Sanctum Sanctorum e a descida do Espirito Santo no Templo. Ser exaltado como Mestre do Arco Real coroa de forma grandiosa os conhecimentos do Mestre Maçon.. É o momento em que a Lenda do Templo de Salomão é concluída. È o cume dos graus originais das Lojas Simbólicas, tal como praticadas nas antigas Lojas de Inglaterra antes de 1820. Estes graus explicam as origens da palavra substituta encontrada no grau de Mestre Maçon, o resgate da Palavra Inefável e o seu ocultamento no Real Arco. Os Capítulos são presididos e geridos por Sumo Sacerdotes.

A cúpula dos Graus Capitulares é um Supremo Grande Capítulo do Arco Real com jurisdição própria e reconhecimento internacional e é presidida por um Grande Sumo Sacerdote responsável por todos os Capítulos constituintes.

A Maçonaria Críptica forma o corpo central do Rito de York da maçonaria livre. Um Mestre Maçon que tenha aderido a um Capítulo de Maçons do Arco Real, recebido os quatro graus e queira depois procurar mais conhecimento pode ser admitido num Conselho de Maçons Crípticos. Os graus da Maçonaria Críptica são dos graus mais belos da Maçonaris Livre. A Maçonaria Livre é muito filosófica e ensina os seus ideais através de alegorias. É moralista e religiosa, mas não é uma religião. Não oferece uma teologia nem um plano de salvação. Contudo, oferece um plano moral para ser aplicado neste mundo.

O Rito Críptico tem o nome derivado da Palavra Críptica porque a cena dos graus de Mestre Real e Mestre Escolhido ocorre na Críptica subterrânea sob o Templo do Rei Salomão. A Palavra representa na alegoria maçónica a busca pelo homem de objectivos para a vida e para a natureza de Deus. Simbólicamente, a Maçonaria Livre ensina, na Loja, como a palavra se perdeu e sobre a esperança da sua recuperação. O Arco Real, no Capítulo, ensina como ela foi redescoberta. A Maçonaria Críptica, no Conselho, completa esta história ensinando como se preserva a Palavra inicial. O Grande Conselho de Maçons Reais e Escolhidos é presidido e dirigido por um Grão-Mestre Críptico sob cuja administração estão os Conselhos Crípticos geridos pos Ilustres Mestres.



As Ordens Cavalheirescas diferenciam-se de outras pela sua estrutura paramilitar. Os Estados Unidos por exemplo seguem a preceito a parafernália que é semelhante ao uniforme militar. Neste Rito só pode pertencer á Ordem do Templo quem for cristão.




A Comendadoria Templária com as respectivas Ordens da Cruz Vermelha, de Malta e do Templo está estruturada numa Grande Comenda de Cavaleiros Templários também com Comendas subordinadas. Estas Ordens Cavalheirescas são presididas por um Grande Comendador.

O Rito de York mantém para além da Ordem dos Sumo-Sacerdotes Ungidos e Consagrados e da Ordem da Trolha de Prata muitas outras estruturas de Altos Graus como por exemplo:
-Grande Conclave Imperial da Ordem de Constantino e das Ordens do Santo Sepúlcro e
de S. João Evangelista.
-Soberana Ordem dos Cavaleiros Preceptores
-Cavaleiros Defensores da Cruz
-Grande Conselho de Cavaleiros Maçons
-Ordem Maçónica de Bath
-Conselho de Grande Preceptores da Ordem de S. Tomás
-Grande Colégio dos Cavaleiros Templários do Arco Real.
-Cavaleiros Honorários da Cruz de York
E por outras estruturas laterais tais como:
-Alto Conselho da Sociedade Rosacruciana
-Real Sociedade dos Cavaleiros do Ocidente
-Grande Colégio de Ritos
-Conselho Imperial dos Nobres do Santuário Místico (Shrine).

Os Altos Graus do Rito de York apoia organizações maçónicas dirigidas por maçons, esposas e familiares como a Ordem de Amaranth, a Ordem da Estrela do Oriente, a Ordem do Santuário de Jerusalém bem como organizações para jovens, nomeadamente para rapazes a partir dos 12 aos 21 anos a conhecida Ordem DeMolay , e para raparigas a Ordem das Filhas de Job e a Ordem do Arco-Iris dos 12 aos 20 anos.

RITO ESCOCÊS RECTIFICADO-R.E.R.
O Rito Escocês Rectificado é um rito cristão com origem na Doutrina da Estrita Observância Templária do séc. XVIII (do Barão Carl von Hund -1722/1776- ) escrita no mais antigo documento maçónico francês (La carte inconnue de la franco-maçonnerie chrétienne). È um código maçónico cujo texto segue a lógica das Constituições do pastor Anderson mas sintonizado na crença do cristianismo como requisito primordial para a crença maçónica, o que o liga a uma tradição cavalheiresca que remonta aos cavaleiros templários.

O francês Jean-Baptiste Willermoz(1734-1824) – (iniciado em 1750, venerável em 1752 e grão-mestre em 1761) - realizou um intenso trabalho de pesquisa, condensação e depuração que resultou na sua actual versão. Willermoz sofreu a influência de Martinez de Pasqually fundador da Ordem dos Eleitos Coens (Elus Cohens) cuja obra continuou.

Willermoz foi assíduo frequentador das Lojas regulares françesas, dos Capítulos Templários Alemães da Estrita Obediência e dos Philalèthes, fundando em 1779 a Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa que reuniu à sua volta um grupo de maçons devotados a uma leitura espiritualizada e “mágica” dos ritos maçónicos, entre os quais Martinez de Pasqually, Luis Claude de Saint-Martin, Joseph de Maistre e o Conde de Saint-Germain.

Ensinava Willermoz que para encontrar a pedra cúbica, que contém em si todos os dons, virtudes ou faculdades, é necessário encontrar o princípio da vida. Esse espírito tem a faculdade de purificar o ser anímico do homem, prolongando a sua vida. E tem o condão de transformar os vis metais em ouro, encontrando-se nos três reinos da natureza. O Adepto teria que encontrar maneira de o manipular.

O código do Rito inspira-se no teosofismo de Martinez de Pasqually em que a doutrina esotérica deve comportar a revelação de verdades primordiais, comunicadas noutros tempos a seres privilegiados, mas com a possibilidade de ser transmitida aos que escolham a via do diálogo íntimo com o Criador.

O R.E.R. contou também com o trabalho de organização e depuramento ritualísta feito pelo Barão de Weiler, que rectificou algumas das lojas de Estrasburgo seguindo o rito da Estrita Observância Templária da Alemanha. Weiler instalou em 1774, em Lyon, o primeiro Grande Capítulo na região tendo colocado Willermoz como delegado regional. Posteriormente, foram constituídos mais capítulos em Montpellier e em Bordeaux. O sistema era constituído por 9 graus agrupados em 3 classes:

A primeira classe-Aprendiz, Companheiro e Mestre.
A segunda classe -Escocês Vermelho e Cavaleiro da Águia da Rosa Cruz.
A terceira classe -Escocês Verde, Escudeiro Noviço, Cavaleiro e Professo.
Estava e está ligado à mensagem de Amor e Tolerância do Novo Testamento sem detrimento da Justiça vinculada no Antigo Testamento.

Actualmente, o R.E.R. Completa-se por seis graus organizados em:
Lojas Azuis ou de S. João
1º - Aprendiz
2º- Companheiro
3º- Mestre
Maçonaria Rectificada
Lojas Verdes ou de Santo André
4º- Mestre Escocês de Santo André
Cavalaria Rectificada
Ordem Interior
5º- Escudeiro Noviço
6º- Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa
Existiam também os graus de inspiração sacerdotal integrados em Colégios de Profissão, hoje ocultos e portanto não praticados e que eram os Professos e os Grande Professos.

Os Altos Graus do R.E.R. são administrados por um Grande Priorado Independente sob a direcção jurisdicional de um Grão-Prior. E como todos os outros Altos Graus reconhecidos internacionalmente.

Todas as estruturas de Altos Graus mantem tratados de mútuo reconhecimento com a Grande Loja ou Grande Oriente a que os seus Irmãos pertencem e nos quais se devem manter em situação regular para poderem ter lugar naquelas estruturas.
Em resumo e para finalizar, na tradição judaico-cristã o conceito de rito refere-se a um corpo de tradição litúrgica normalmente correspondente a um determinado centro. Exemplos- falamos do rito romano ou latino, do rito bizantino , do rito ciríaco.
O conceito refere-se também a várias formas de actos religiosos agrupando três tipos de rito:

De Passagem, que produzem alterações na qualidade de um indivíduo(exemplo, os sacramentos do baptismo, do casamento ou de uma graduação);
Os de Adoração à divindade que tem lugar numa Igreja Cristã, numa capela, num mosteiro, numa sinagoga, numa mesquita;
E os ritos de Devoção pessoal que ocorrem em qualquer lugar sagrado ou numa peregrinação religiosa a um local de particular devoção (Fátima, Lourdes, Meca, etc...)

Na tradição simbólica e esotérica o rito é essencialmente uma expressão da interpretação dos usos e costumes da Fraternidade, das tradições transmitidas oralmente, desde que os maçons se reúnem a coberto para glorificar o Criador e evoluir na Arte Real. Isto, de acordo com as fontes de há 300 ou há 1000 anos.

O mais importante é que os ritos não são para os maçons e as suas organizações, bíblias, dogmas ou repositórios inquestionáveis de uma Verdade absolutizada ou sectarizada. São interpretações, exegeses, mergulhos na mais profunda dimensão dos Homens Livres, a sua profunda espiritualidade e sede de perfeição.
São caminhos mas não são O Caminho.

No décimo sétimo dia do quinto mês do A.D. de 2008 .
Alenquer, Bar do Além.
Victor A. Duarte, PGSIm., VGMhAd.

BIBILIOGRAFIA BREVE
Waite, Arthur Edward – A New Encyclopaedia of Freemasonary, Ed. Wings Books,
1966, New York.
De Hoyos, Arturo – Manual of the Degrees of The Antient & Primitive Rite of Freema
sonary, Colectanea, vol. 19 (Part 1,2,3) 2005-2007 G.C.R. of U.S.A.. Washington,D.C.
Ligou, Daniel – Dictionnaire de la Franco-Maçonnerie, Ed. PUF, 1998, Paris.
Crowe, Fred J. W. – Masonic Clothing and Regalia, Grange Publishing Works, 2007, Edinburgh.
Redman, G. F. - Emulation Working Today, Ed. Lews Masonic, 2007, Surrey.
Guimarães, João F. – Maçonaria (REAA), Ed. Madras Ltd, 2006, S.Paulo.
Anes, José Manuel – Um Outro Olhar/A Face Esotérica da Cultura Portuguesa, Ésquilo,
Ltd, 2008, Lisboa .
Gibran, Kahlil – O Profeta, Ed. Livros de Vida, Lda,2004, M. Martins.
De Carvalho, Luís Nandin -A Maçonaria Entreaberta, Ed.Hugin,1977, Lisboa.
Négrier, Patrick – Textes Fondateurs de la Tradition Maçonnique (1390-1760),1995, Ed. Grasset & Fasquelle, Paris.
Pereira, Pedro M. – Dicionário de Termos Maçónicos, Prod. Editoriais, Lda, 2008, Lisboa.
Riffard, Pierre – Dicionário do Esoterismo, Ed. Teorema, 1994, Lisboa.
Couto, Sérgio Pereira – Sociedades Secretas, Universo dos Livros, Editora, 200, S.P..
Adrião, Vitor M. – Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria, Ed. Dinapress, Lda, 2002, Lisboa.
Wikipédia Web, Ed. Online.

Thursday, May 15, 2008

Ultimas tertúlias do Bar do Além da época 2007/2008


Próximos almoços debate do
VIII ano do ciclo o Oculto`as Claras
da Tertúlia do Bar do Além, em Alenquer

sábado, dia 17 de Maio, as 12h

orador Vitor Azevedo Duarte
(past Grande Secretário da GLRP - http://www.gllp.pt/)
tema: Os altos graus da Maçonaria

sábado, 7 de Junho, às 12h

orador Eduardo Monteiro
(investigador guineense)
tema: O animismo espiritual africano

Nota: inscrição prévia indispemsavel por e-mail: bar.do.alem@gmail.com

Saturday, April 19, 2008

Tertúlia de Saberes do Hotel Mundial, 18 de Abril 08



Caminho de Santiago
e Maçonaria em debate

Decorreu sexta feira dia 18 de Abril, depois de jantar, no Hotel Mundial, um debate de mais uma tertúlia do Grupo Serões de Saberes, que convidou Luis Nandin de Carvalho para uma extensa troca de impressões, muito participada, e que durou quase três horas sobre dois temas principais:

- Caminho de Santiago- O caminho milenar e solar, e o Caminho do apóstolo
- Maçonaria em Portugal, desde o GOL, até a Grande Loja Regular e vicissitudes.

Foram abordados profundamente estes temas a partir da experiência do orador convidado como peregrino a Santiago de Compostela (160km percorridos a pé) e do facto de Nandin de Carvalho, depois de ter entrado para o Grande Oriente Lusitano, no início dos anos 80, ter depois acompanhado a cisão de Fernão Vicente, Adérito da Palma Carlos, Abranches Ferrão, Alvaro Athayde, Nuno Nazareth Fernandes, e Fernando Teixeira entre outros, e que se traduziu só em 1991 na criação da Maçonaria Regular Portuguesa, reconhecida universalmente, e de que foi sucessivamente Vice Grão Mestre, e Grão Mestre até 2001.
mais informações da Tertúlio Serões de Saber em:

Sunday, April 13, 2008

Wednesday, April 09, 2008

apresentação do Livro O segredo da Vida, dia 17 de Abril


Leonor Alves de Matos, associada da Tertúlia do Bar do Além, autora do Livro O segredo da Vida, obra de ficção, com capa que reproduz o momento da criação do Homem, de Leonardo Da Vinci, na capela Sistina, vai apresentar a sua obra dia 17 de Abril, as 19h na Livraria Bulhosa, no Centro Comercial de Oeiras, com sessão de autógrafos.

Introdução pelo Prof Doutor Luis Nandin de Carvalho:

Pense: porque o dedo de Deus não toca no dedo do Homem....
Saiba: das recentes descobertas arqueológicas em Jerusalem
Avalie: se Aristides Sousa Mendes teria estado na Regaleira?

mais informações sobre a autora e o livro em:

http://www.osegredodavida.com/files/index.php?id=18

Wednesday, April 02, 2008

Cor. Joao Fernandes na Tertúlia do Bar do Além, a 19 de Abril de 2008


Nota:

o orador, Cor. João Fernandes é dos membros mais antigos da Terúlia, e com várias intervenções feitas de grande profundidade. Desta vez o tema central diz respeito ás potencialidades e aos limites da Numerologia como sistema adivinhatório ou de formulação de profecias.

Inscrições possíveis aos membros da Tertúlia.



Entretanto, ficam aqui três textos que poderão ser debatidos mais aprofundadadmente no sábado 19 de Abril as 12h no habitual Bar do Além, em Alenquer, acompnhados da seguinte introdução feita pelo orador convidado:


..............................irei falar muito pouco na próxima Tertúlia em termos de monólogo e desejar responder a bastantes perguntas em termos de diálogo.

Isto será possível se todos os tertulianos tiverem a paciência de ler três textos motivadores, para além do Blog Bar do Além, onde eu há pouco tempo procurando no GOOGLE Santo Cirita deparei com a minha Numerologia dita há 6 anos sobre Mestre Afonso Domingues.

Aqui vos deixo em ANEXO 3 reflexões, quando em 2008 passam 34 anos sobre o 25 de Abril (17x2), se evoca um Regicídio de 100 anos no tetracentenário do nascimento do Padre António Vieira, estando nós no 17º Presidente da República, com o 17º Governo Constitucional, faltando apenas o 17º Cardeal Patriarca de Lisboa (este o 16º com o Papa Bento XVI) para completar esta BARCA LUSITANA, na sua MISSÃO, PROFECIA e MISTÈRIO.

Com o augúrio de bom ABRIL, me despeço até dia 19 de Abril e ponham as vossas questões, sugestões e dúvidas para que nas Terras de Alenquer, mesmo junto ao PORTO DA LUZ haja mais LUZ por este PORTUGAL.

João Santos Fernandes
TLM (*) 351 91 479 87 85



I TEXTO






O 25 DE ABRIL DE PORTUGAL


Profecia da Estrela, o Arcano Maior 17, 34 anos depois
Vi, vivi e vivifiquei, aos meus 25 anos, esse Dia da III República, ocorrido 64 anos depois de 1910, como que se todas as 32 peças do tabuleiro de xadrez de 64 casas, uma adivinhação I Ching de 64 hexagramas ou o ADN do País se tivesse completado em 64 pontos principais de acupunctura, primeiro praticada por Gomes da Costa e depois por Costa Gomes, Generais feitos Marechais, como o seria o General António de Spínola, com 64 anos em 1974.
Golpe de Estado a 28 de Maio de 1926 (Braga a 25), pondo fim à I República, dar-nos-ia mais 17 anos de uma II República, não terminada 34 anos depois de 1910, pelo arrastar do golpe falhado do Almirante Mendes Cabeçadas Jr., em 1946, o mesmo militar do navio Adamastor de 1910, recordando Eanes, o Gil dos Descobrimentos, disparando contra a Monarquia, o mesmo efémero Primeiro-Ministro de 1926 e o mesmo nome de descendência do penúltimo CEMGFA, Almirante Mendes Cabeçadas, por recente Mudança, ao tomar posse o actual 17º Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o 17º Governo, após o 1º de Mário Soares.
Assim está construído parte de Portugal, por uma Matriz 17 da Estrela, a mesma do Campo da Estrela, ou de Compostela, assentando um dos Mitos da sua Independência e Fundação a 25 de Julho de 1139, Dia de São Tiago, numa Visão de Cristo a um Cavaleiro-Rei Armado e Coroado em Zamora, em 1125, ornando-se uma Bandeira de 25 besantes, de 5 Escudos ou Chagas, antes tendo 55 repartidos a 11 cada, ainda hoje e sempre Armilados em sua Esfera. Em 139 a.C. se matava Viriato, em 1139 se levantava a Ordem de Cristo.
Até à Guerra de África, em 1961, tivemos a matriz dos Henriques, havendo sempre um Moniz:
Por Afonso I a Fundação, com Egas Moniz, lavrando-se a independência de Portugal a 5 de Outubro de 1143, vinculando-se o Rei a Roma a 13 de Dezembro deste ano, mas só em 23 de Maio de 1179, pela bula Manifestis probatum, o Papa Alexandre III ratifica e reconhece a independência do Reino e o título de Rei ao nosso país.
Por Infante de Sagres a Expansão, lavrando-se a perda da independência a 25 de Julho de 1581, no Convento de Cristo, em Tomar, ao coroar-se Rei Filipe II de Espanha, ganha que tinha sido a Batalha de Alcântara, a 25 de Agosto de 1580, contra o que era a solução de Febo Moniz perante o Cardeal D. Henrique, o 17º Rei.
Por Infante D. Afonso, tio de D. Manuel II, o 34º Rei, a Mutação, lavrando-se a queda da Monarquia a 5 de Outubro de 1910, assegurando-se a territorialidade de Portugal por termos estado na I Guerra Mundial, onde foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, em 1918, o descendente directo do aio de D. Afonso Henriques, o médico Egas Moniz, nascido a 29 de Novembro de 1874, 100 anos antes de Abril, embaixador em Espanha, em 1917, ano da Visão de Fátima e do Anjo de Portugal, Prémio Nobel em 1949.
Por Galvão, o Capitão do navio Santa Maria, em 1961, a Sublimação do Império, como que a sua morte, a 25 de Junho de 1970 (dia da saída das naus de Lagos para Alcácer-Quibir) fosse a CHAVE do 25 de Abril de 1974, sem ter tido execução antes pelo General Botelho Moniz, evitando-se a Guerra da África, causa próxima de Abril.
Após o 25 de Abril de 1974, as independências das Colónias, em guerra, foram a 11 e 25, talvez porque no Livro dos Vedas, da Antiga Índia, Deus é 11 nos Céus, Terra e Meio dos Ares, ou porque a Mensagem às 11 horas após o Meio-Dia de 24 de Abril, E Depois do Adeus ao Império, seja similar à do Arcanjo São Gabriel. O seu Dia litúrgico, a 24 de Março, nos diz que no dia seguinte, a 25, restam 9 meses para a 25 de Dezembro, em Belém, Nascer o Ser.
Assim Vasco da Gama morria a 25 de Dezembro de 1524, depois de a sua Nau São Gabriel ter metido piloto árabe a 25 de Abril de 1498, em Moçambique, Ahmadi Ibn-Madjid, como lavra o Diário de Bordo, o qual nos dá registo que, antes, a 25 de Janeiro o Padrão a São Rafael levantava Colunas em Quelimane. Estas terras têm por comprimento máximo 1974 km.
O 25 de Abril de 1974, teria por seu primeiro Presidente, em Belém, o 11º da República, nascendo o General António de Spínola em Santo André, concelho de Estremoz, a 11 de Abril de 1910, incorporado que foi, na vida militar, no Dia de Todos-os-Santos de 1933. Teria sido Primeiro-Ministro, em Julho de 1974, o General Firmino Miguel nascido a 11 de Março de 1932, mas recusou, como recusada foi a demissão, neste dia de 1974, do Primeiro-Ministro, em virtude do Livro de Abril, Portugal e o Futuro. O devir do 11 de Março e do 25 de Novembro de 1975, tiveram solução eleitoral, em Belém, por quem nasceu a 25 de Janeiro de 1935, o novo Gil Eanes do Adamastor, o General Ramalho Eanes, mais tarde em confronto eleitoral com outro General, Soares Carneiro, nascido a 25 de Janeiro de 1928, em Angola, originando o Caso de Camarate, sendo morto o 111º Primeiro-Ministro de Portugal, Francisco Sá Carneiro.
Em frente ao Palácio de Belém a Estátua do último Cavaleiro, Afonso de Albuquerque, nos diz que a sua Morte a 16 de Dezembro de 1515 personifica não só o fim de uma Expansão de 100 anos, após Ceuta, como o lembrar do nefasto Rei de Portugal, que demanda nesse ano, a Roma, o pedido da Inquisição que os próprios Papas temiam que se implantasse em Portugal. A Monarquia caía com D. Manuel II, após um Regicídio do 33º Rei. Marco de Vedas, o 11º Rei, D. Duarte, morreu de peste em Tomar. O 22º Rei, D. Afonso VI, morreu preso em Sintra e o 44º ocupante do Trono de Portugal, o Almirante Américo Tomás, foi preso a 25 de Abril de 1974.
Poucos ou escassos foram os que souberam ou sabem como se havia ou há-de cumprir a Sublimação deste Império. Na Roma Antiga, dizia Estrabão, na sua Geografia, que havia no extremo do Ocidente 50 Tribos de Lusitanos, levando a Idade do Bronze a toda a Europa e atraindo, depois, os lendários Ilírios da Europa Central, os Tirsenos da Ásia Menor e os Elamitas da Pérsia, tudo em rumo à Idade do Ferro, com os Celtas. Da filigrania dos Celtiberos aos punhais das Legiões de Roma, dos instrumentos agrícolas às rodas raiadas, tudo se exportava desta Forja dos Metais, mesmo o volfrâmio e o urânio no nosso séc. XX.
Os militares dos Cravos Vermelhos não perceberam que o limite superior da Páscoa é 25 de Abril e mais cedo se limita, inferiormente, a 33 dias antes, ao Equinócio da Primavera. Jamais esta Matriz aplicada a Portugal podia assentar numa mudança a 16 de Março, vinda das Caldas da Rainha. Quando a 25 de Abril de 1500, 474 anos antes, os 11 navios de Pedro Álvares Cabral que rumariam à Índia, lançam âncora em Porto Seguro, sábado, vésperas da Pascoela, chegados que foram a 22, sabiam os pilotos de quão importante era saber ancorar, como o fez o piloto árabe de Gama, ao reiniciar viagem a 25 de Abril de 1498. Por este motivo, as naus inglesas que levaram a filha de D. João IV, D. Catarina, nascida a 25 de Novembro de 1638, futura Rainha de Inglaterra, implantando o chá das 17 horas ou das 5, saíram a 25 de Abril de 1662 do Cais das Colunas, para a Restauração da Monarquia de Carlos II, perdida com o Regicídio de Carlos I. Também o 25 de Abril de 1974 tem nexo remoto e causal com o Ultimatum inglês de 11 de Janeiro de 1890, a sequente I Guerra Mundial com o Armistício a 11 de Novembro de 1918 (idem Angola independente em 1975, ou dia da morte de Yasser Arafat)) e os Marcos de 24/25 de Setembro, datas da independência da Guiné (1973) e do início da Guerra em Moçambique (1964), cuja independência ocorre a 25 de Junho de 1975.
Sabemos que na Roma Antiga, a 25 de Abril, a cidade das 7 Colinas, como Lisboa, tinham lugar as Solenidades das Robigalias, segundo a lenda tendo origem no 11º Ano do Reinado de Numa Pompílio, cerca de 700 a.C. Grande era a Procissão que saía pela Porta Flaminia, dirigia-se a Ponte Milvino e terminava num Santuário na Vila Cláudia, onde se imolava um cordeiro ou ovelha (por posição do zodíaco da Terra), a par de um cão (constelação em Sírius?), em honra de um Deus (Robigus) ou uma Deusa (Robigo), contra o que degradava e corrompia a Natureza. O Ritual Cristão, a 25 de Abril, conserva o mesmo percurso, como o descrevia São Gregório Magno, mas terminando na Basílica de São Pedro, denominando-se o Dia das Ladainhas Maiores, onde também se pede a Bênção de Deus para as colheitas, além de se arrolar a síntese: «…pedi, e dar-se-vos-à; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-à. Porque todo aquele que pede, recebe, e o que busca acha, e ao que bate se lhe abrirá…». Assim fizeram e pediram os Italianos, na II Guerra Mundial, obtendo a Paz e a Libertação a 25 de Abril de 1945.
Até hoje, as recentes Idades Média, Moderna e Contemporânea tiveram por mudança a Queda de Impérios: de Roma (476), Constantinopla (1453) e França (1815). Podia o General Humberto Delgado ter mudado Abril em Portugal se apenas prometesse o que é de César. Jurando arrasar a Cova de Iria para fazer aterrar aviões, se fosse eleito Presidente da República, no dia do seu assassinato, 40 anos depois, a Vidente da Luz, Lúcia, a 13 de Fevereiro de 2005, com ele morria, perdoando, em nome da Senhora da Iria, a violação de uma Matriz anterior a Portugal, como está exposta numa Igreja de Tomar ou na Igreja de Santos, em Lisboa, com os 3 Pastorinhos do séc. IV, onde é contígua a Embaixada de França, país do Conde D. Henrique.
Como militar estava na Escola Prática de Infantaria, a 25 de Abril de 1974, nesse Palácio-Convento de 1717 que profetizava, como o Escorial, um igual desejo de nova Roma espiritual. Mas o 25 de Abril havia de ter resolução militar no Terreiro do Paço, onde os 28 Arcos da Lua a Oriente e Ocidente (56) se completam com os 22 arcanicos, divididamente solares em 11, ladeando o Arco do Triunfo, em rua Augusta, onde houve o medo de disparar, por Arquétipo de 1908, exactamente 66 anos antes, uma dupla base 33 que matou o 33º Rei de Portugal. A resolução política teve lugar no Largo do Carmo, esse lugar do Convento e Chafariz de 4 Golfinhos, fundado em 1389, onde se recolheu, 33 anos depois, em 1423, o seu Fundador D. Nuno Álvares Pereira, desiludido com o Rumo do Abril de Portugal de 1415, desaparecendo o seu túmulo a 1 de Novembro de 1755, Dia de Todos-os-Santos, 340 anos depois.
Para cumprir Abril, na Terra, basta que as Leis gravitem em redor do ser humano e que a competência, a obediência, a interdependência e a sapiência se oponham, respectivamente, à conveniência e subserviência, autoritarismo e ignorância. Cada letra de Abril devia dar a cada um de nós uma melhor Acção, Bem-estar, Rigor, Instrução e Liberdade.
Embora se veja a Bíblia como um auxiliar religioso, este Livro devia ser estudado, numerologicamente, nas Escolas Superiores. Muitos sábios que em tudo vêem Códigos, desconhecem que os 153 Peixes do Evangelho de São João (21,11) puxados por Simão Pedro são adição teosófica de 17, o Arcano da Estrela que também é de Belém. Se os nossos alunos de hoje soubessem as leis da Aritmética seria fácil a Matemática dos 153 Peixes: multiplicar um número pelo seu seguinte, dividindo-o por 2, é como ir somando todos os números de 1 a 17. Faltam mais 17 anos até 2025. Também só fazemos exactamente anos de 28 em 28 anos, como nos Arcos do Terreiro do Paço, onde tudo coincide, em hora, dia, semana, mês e ano. Há que avaliar Abril em múltiplos de 17, por termos 34 Reis e só ainda 17 Presidentes da República.
Perceber Abril, sem números, é não o saber cumprir, pois assim está construído o Universo.
João Santos Fernandes
Coronel do Exército, aposentado, de 58 anos de idade, é membro de Ordens de tradição Templária, autor de dois livros Portugal Iluminado e Despertar do Ser. Participou nas investigações do assassinato do General Humberto Delgado, na Comissão de Extinção da ex-PIDE/DGS e LP. Prestou depoimento, em Comissão da AR, sobre as mortes do Caso Camarate.










II TEXTO:





História e Profecia de Vieira
O Jesuíta politicamente incorrecto






Deixarei às Academias, Universidades, Ordens Religiosas e à Companhia de Jesus o evocar, enaltecer e o interiorizar da Mensagem e Obra do Padre António Vieira, tarefa que vi e li não ter sido fácil há mais de 100 anos em duas importantes publicações por ocasião do bicentenário da sua morte, em 1897, um espólio familiar que arrolo:
Volumes I (1898), II (1899) e III (1900), SERMÕES, publicados pela Comissão Executiva das Comemorações, sob a égide da Academia das Ciências e editados pela Typographia Minerva Central, em Lisboa, ao preço unitário de 300 réis, uma edição popular.
Tomos Primeiro (1901) e Segundo (1936-2ºedição), VIEIRA-PRÈGADOR, da autoria do Padre Jesuíta Luiz Gonzaga do Valle Coelho Pereira Cabral, um Estudo Filosófico, como o autor o classifica em subtítulo, onde o lápis do Professor de desenho histórico José de Brito, da Academia de Belas Artes nos dá a real imagem deste Grande Orador e Príncipe da Prosa Portuguesa, nascido a 6 de Fevereiro de 1608.
Foi assim que aos meus 15 anos vi Vieira, sucessor do Jesuíta S. Roberto Bellarmino (Dia litúrgico a 13 de Maio), na biblioteca de meu pai. Vi, ouvi ou li? A verdade é que ouvi, lendo, e vi sem ler. Foi assim que percebi a Mensagem de Vieira, pois segui o seu conselho lavrado em Sermão de Segunda Quarta-Feira da Quaresma, pregado em 1638, na Misericórdia da Baía:
Os ouvintes dos pregadores, uns têm ouvidos de ouvir, outros têm ouvidos de ver. Os primeiros vêm ouvir para seu proveito. Os segundos vêm para ver se falou o pregador com equívocos, se trouxe conceitos ou pensamentos novos, se tocou neste ou naquele e mais nos maiores, e o pior é que estes ouvintes de ver, muitas vezes são toupeiras do lugar, aqueles que sabemos que vêem menos que todos.
Bastam estas palavras de Vieira para perceber a importância da metáfora, da alegoria e da ironia na sua Obra, com uma intuição socrática, uma contemplação platónica e um raciocínio aristotélico. Se aos 18 anos já leccionava Retórica e aos 20 já tinha estudado os Clássicos Gregos e Romanos, comentando a Bíblia e o Cântico dos Cânticos, criando o seu próprio compêndio de Filosofia, não é difícil visualizar este sobredotado Ser conhecedor de todas as correntes teológicas e seus pensadores, mesmo de um Renascimento que não lhe era longe, no tempo. Pregando nas Igrejas antes de ser Padre, a 14 de Dezembro de 1635 (1º Sermão em 1633) é-lhe dada a Cátedra de Teologia aos 27 anos, acreditando os teólogos do seu tempo, como o Jesuíta espanhol Padre José Mendive, que os conhecimentos gnósticos, do milenarismo, dos mitos dos Impérios do Espírito-Santo e das posturas de São Francisco de Assis e Santo António, bem como do grande filósofo e cientista português, o Papa João XXI, foram metamorfoseados na linguagem dos seus Sermões, sempre numa vertente comparada do Antigo e Novo Testamento, em Reis e Imperadores e nas Visões de Ezequiel, Daniel e São João, no Apocalipse. As suas Orações Fúnebres, de Nascimentos e Aniversários Reais não são Sermões.
O seu Império de Cristo, antes de um Juízo Final, não tinha propriamente um Ceptro temporal, mas dois factos ainda hoje destorcem esta face profética de Vieira: o de ter tentado consolar a viúva de D. João IV, dizendo à Rainha que seu marido havia de voltar, na Profecia de Bandarra, e o de titular Defeza do V Império a sua defesa na prisão, o motivo para a Inquisição o prender, num argumento sem nexo e de quase bruxaria medieval, contestado mesmo pelos Bispos.
Colocando, por vezes, simbologias e analogias com nomes de factos e pessoas, em muita correspondência pessoal, com destaque para o Marquês de Gouveia e D. Rodrigo de Menezes, filho do Conde de Cantanhede, não é difícil imaginar maliciosas falácias pelo que dizia Vieira.
Trabalhava o Padre António Vieira, no início dos anos 60, quando já o haviam desterrado para o Porto e ameaçado de voltar para o Brasil ou Angola, na redacção de uma Obra (a futura História do Futuro) que tinha um estranho subtítulo: livro ante-primeiro, prolegomeno a toda a historia do futuro). Para além do natural patriotismo de Vieira, dos sucessos narrativos da Restauração e da luta contra os Holandeses, empenhava-se ele em encontrar nas Escrituras o anúncio das grandezas reservadas a Portugal e a visualizar, com subtil hermenêutica, muitas frases dos profetas bíblicos com nexo causal aos países longínquos descobertos pelos portugueses, exemplificando, ainda, a interpretação dos textos com os progressos da cosmografia.
Estes escritos deviam ser a base da sua Clavis prophetarum, Obra inédita dos últimos anos de vida, esperada com ansiedade no seu tempo, de tal modo que em Janeiro de 1696, o Geral da Companhia de Jesus lhe escrevia a pedido da Rainha, D. Maria Sofia, solicitando-lhe que concluísse e imprimisse esta Obra, empregando os religiosos que julgasse necessários, devendo o provincial cumprir estas instrucções se elle fosse chamado a melhor vida. Como viria a afirmar o seu biógrafo, o Padre André de Barros, esta Obra versa como se devia realizar o reinado perfeito de Cristo sobre a Terra, o qual seria o quinto império. Ainda que Vieira tivesse exagerado na análise de alguns fenómenos astronómicos como sinais reveladores do futuro, certo é que estando para si incompleta a prática cristã, por má Igreja, o Mundo havia de presenciar a florescência do culto divino, da justiça, da paz e de todas as virtudes cristãs.
Com este cenário, com o ardor do seu patriotismo, a grandeza que antevia para o seu Brasil, os mitos da Fundação, a missão dos Templários de Portugal e os vaticínios de modernos videntes, como S. Frei Gil, S. Bernardo, Bandarra e toda a gesta e acção dos Descobrimentos, leva Vieira ao desenvolvimento de um dos raciocínios mais difíceis no ser humano: o analógico, corrigido tautologicamente, complementando o dedutivo e o indutivo. Com um cometa aparecido em fim de sua vida, ele tem tema para redigir um dos seus últimos opúsculos: Voz de Deus ao mundo e à Bahia. Mas vejamos, muito tempo antes, em carta de 29 de Abril de 1659, redigida no Maranhão, à beira do rio Amazonas, dirigida ao Bispo do Japão, confessor da Rainha, como titula Vieira esta missiva para consolar a sua viuvez: Esperanças de Portugal, quinto império do mundo, primeira e segunda vida de D. João IV escripta por Gonsalianes Bandarra.
É por esta carta, onde Vieira diz que D. João IV, ressuscitado, fundaria o quinto império que os inimigos do Padre Jesuíta o denunciam à Inquisição, mandando-o vir a Coimbra para ser processado. O Sermão de Santa Catarina, em 1663, perante a Universidade, frisa a temeridade de defesa e durante dois anos as delongas para que o Tribunal lhe desse as proposições acusatórias bem demonstram a cabala contra Vieira. É preso a 13 de Outubro de 1665. A 5 de Outubro de 1667 entra triunfante no Paço de Sintra o Infante D. Pedro e em 23 de Novembro assume a Regência. A Inquisição, servil do poder real, suaviza a sentença de Vieira. Tinha caído e estava preso o 22º Rei de Portugal, D. Afonso VI. Vieira era devolvido ao púlpito real, como pregador, mas já doente não pode pregar nos anos da Rainha, a 21 de Junho de 1668, solstício do Verão e ano do tratado de paz com Espanha, o fim dos 28 anos da Guerra da Restauração.
Até ao momento falei tendo por base o factual, o narrativo documentado, investigado e escrito. Permitam-me, no entanto, passar ao que disse no início de ter visto Vieira sem ler, porque o ouvi lendo. Passemos em revista, antes, um episódio pouco relevante para muitos. Após ter ido ao Brasil (16 de Janeiro de 1653) fazer promulgar o decreto real que dava por livres todos os escravos e de proferir no Primeiro Domingo da Quaresma de 1653, o admirável Sermão do valor da alma e da iniquidade da escravidão, a 16 de Junho Vieira volta ao Reino. Uma tempestade, nos Açores, estava prestes a afundar o navio quando Vieira apela a um milagre, invocando os Anjos da Guarda do Maranhão. Certo é que já naufragantes lhes acode um pirata holandês que os despojou de tudo. Vieira e as 40 pessoas são lançadas nuas na Ilha Graciosa, chamada a Ilha da Rosa Branca pelos Templários, encerrando a Gruta do Senhor Santo Cristo. O Sermão de Santa Teresa, na Ilha de São Miguel, ilustra bem o cenário desta viagem.
Não deve ter sido fácil aceitar Vieira que os piratas holandeses o tivessem salvo da morte, a um apelo Celeste. Estou convicto que Vieira percebeu porque a tempestade o reteve nos Açores, onde o culto do Espírito Santo era livre, a Toponímia do Eneagrama das Ilhas era Sagrada, encerrada por um Corvo, como os Corvos de São Vicente e ao aportar à Terceira lá viu o Monte Brasil, percebendo que as suas Terras de Santa Cruz tinham nome igual em mais antigas descobertas, antes de Duarte Pacheco Pereira as dar ao Mundo, nos segredos de Tordesilhas.
Portugal tem o mito Crístico de Ourique, em 1139, com um remoto assassinato de Viriato em 139 a.C. A Ordem de Cristo, metamorfose Templária, foi criada em 1319 e a própria Casa de Bragança tinha os seus alicerces a 31 de Outubro de 1391, quando D. Afonso, filho ilegítimo de D. João I, recebe carta de doação de condado e outras terras, sendo dia e ano do nascimento de D. Duarte, o 11º Rei de Portugal que aos 14 anos vai à corte inglesa, onde conhece as origens do selar Templário da Velha Aliança com Portugal, vindo a morrer em Tomar. Tínhamos tido 17 Reis até à morte do Cardeal D. Henrique, a 31 de Janeiro de 1580 (nasceu no mesmo dia em 1512), sendo Arcebispo de Braga aos 22 anos. Os Reis Filipes ocupavam a Coroa de Portugal por 60 anos, um ciclo zodiacal lunar, como no Oriente, aonde o Império recebeu, por último, a Cidade do Santo Nome de Deus e aqui se finou, na entrega de Macau, por um Vieira, militar.
Podeis perguntar se o Padre António Vieira sabia a numerologia cíclica de Portugal que jamais encontrareis resposta. Mas tomemos o seguinte exemplo do Novo Testamento (S. João 21, 11-12): Simão Pedro entrou no barco e puxou a rede para terra. A rede vinha cheia de grandes peixes, ao todo cento e cinquenta e três, e, mesmo assim, não se rompeu. Vieira sabia decifrar a numerologia da Bíblia e 153 Peixes são a adição teosófica de 17. Para não alongarmos explicações aritméticas, como 4=10 (4+3+2+1), fácil é multiplicar 17 pelo número seguinte, 18, e dividir por 2. Razões havia para ele ver Portugal como Missão do Mundo, quando as verdades já eram diferentes com Galileu e Newton, os quais conheceu, mesmo quando negoceia os casamentos reais de Portugal, de início em França com forte pendão de Aliança contra a Espanha, mas de nítida componente mística, com o mesmo filho de D. João IV, D. Teodósio, com uma Infanta de Espanha, D. Maria Teresa (filha de Filipe IV), sob condição: de sucessão às duas Coroas se o Rei de Espanha não tivesse filho varão, ficando os dois Reinos independentes, mas com capital em Lisboa, abdicando desde logo D. João IV para governar o Brasil.
Havia a maldição do filho de D. João II (a ambição de Portugal querer unir a Península) e a Rainha de Portugal (nascida em Espanha) opõe-se, como a Espanha o faz, também já receosa de profecias ligadas à violação do Convento de Cristo, em Tomar, por Filipe II ao coroar-se Rei de Portugal. D. Teodósio, dito destino, cai enfermo a 13 de Maio de 1653 e morre. Este facto é determinante para Vieira regressar de novo e à pressa do Brasil. O seu naufrágio, atrás citado, deve-o ter feito pensar na História de Portugal, vista de outro visão, nos saberes dos Templários.
Mal sabia o Padre António Vieira que o assassinato do Rei D. Carlos I de Inglaterra dando origem à República de Cromwell (1649) se iria repetir com D. Carlos I de Portugal e que D. Manuel II se acabaria por casar com os números de Ourique com a bênção do seu tio, o Infante Afonso Henriques, em 1913, já destronado a 5 de Outubro de 1910, quando a Monarquia tinha data real a 5 de Outubro de 1143. Isto não sabia Vieira, no tempo, mas a Restauração da Monarquia de Inglaterra, selada com o casamento da filha de D. João IV com o Rei Carlos II, foi obra do Mito Templário de Portugal. D. Catarina, nascida a 25 de Novembro de 1638, levada para Londres a 25 de Abril 1662, com os dotes de Tanger e Bombaim, encerra os 21 Arcanos Maiores de um ciclo, o qual prende o 22º Rei (o louco, cognome de D. Afonso VI) e volta a prender o 44º (Almirante Américo Tomás), o qual não é morto, apesar de nascer em mesmo dia de Carlos I de Inglaterra (19 de Novembro de 1894 vs 1600).
Podeis especular, como a Inquisição o fez contra Vieira, mas o que ele disse para consolar a viuvez da Rainha, em carta ao Bispo do Japão, de que D. João IV voltaria, “foi”confirmado ao nascer D. Manuel II no dia 19 de Março, Dia do Pai, como D. João IV (1604 vs 1889).
Uma das razões porque o seu Livro Profético tardava em acabar, para além de esperar a absolvição de Roma que nunca viu, era porque Vieira ansiava por sinais com algo de mais actual e revelador para si, em 1698. Mesmo que duvidemos destes saberes de Vieira, e não tendo D. Pedro II tanta amizade para com ele, como D. João IV, algo leva o Rei a depositar-lhe a confiança para que ao sair de Roma (22 de Maio de 1675) aprontasse o casamento de sua filha com o filho do Grão Duque de Florença, a sua derradeira missão diplomática, apesar da Rainha da Suécia, em 1678 pressionar Portugal para que Vieira voltasse a Roma e fosse seu pregador.
Mesmo que duvidemos de ciclos, oiçamos Vieira quando se dirige a Filipe IV de Espanha, em linguagem quase profética: «No dia memorável da restituição de Portugal, ou fosse milagre ou mistério, é certo que a imagem de Cristo crucificado despregou publicamente o braço às portas daquele Santo português, que tem, por graça própria sua, recuperar o perdido…Ouvi, Senhor, a voz de um estrangeiro, desinteressado vassalo que já foi vosso por sujeição, e hoje é também vosso, posto que não vassalo, por afecto…A maior façanha de Carlos, vosso avô, com que coroou todas as suas, foi saber morrer. Alcançastes na vida o título de Grande; maior sereis no fim dela, se ao de Grande acrescentardes o de Justo. Não se pode pagar a Deus o que é de Deus, sem dar a César o que é de César;…Lembro-vos, Senhor, o signo debaixo de que nascestes (Áries) e seja este o último suspiro do meu afecto. Nascestes no dia em que morreu o Rei dos reis (8 de Abril de 1605) e Monarca supremo do Mundo, par dar exemplo de morrer a príncipes…Firmai o título de Rei com o de Católico, pois sempre presastes mais o de Católico que o de Rei… Deixai a paz por herança a vossa esposa. Esta será a maior prenda do vosso amor, este o troféu maior de vossas vitórias. (História do Futuro, páginas números 80)
Sabia Vieira que a vida de Filipe IV de Espanha (III de Portugal) duraria 60 anos (1605-1665), tanto como a ocupação lunar de Portugal e que o fim da Guerra da Restauração duraria um ciclo lunar menor de 28 anos a que Filipe já não chegaria? Este Rei, com a maldição genética dos Habsburgos, nasceu em Dia da Consagração de Santo Inácio de Loyola como Superior Geral (8ABR1541), tendo um reinado de Guerras, com a Catalunha (1640), França, Países Baixos e Inglaterra. O Primeiro-Ministro de Espanha e Duque-General Comandante, na mística Batalha das Linhas de Elvas, comenta a sua derrota e a retirada: Contra Diós no valen manos! Quem assinaria a Paz, pelo novo Portugal não foi o Rei, mas sim o seu futuro Rei de cognome o Pacífico, o Regente aclamado a 5 de Outubro de 1667, no Palácio de Sintra, a Serra da Lua.
Mesmo que de tudo duvidemos, soube Afonso X, o Sábio, Rei de Castela, avô de D. Dinis, entregar ao seu neto, só com 7 anos, as fronteiras de Portugal. A Bandeira inicial de Portugal, ainda hoje é o Estandarte da Cidade de Marselha, Terra dos Mistérios Templários, um novo Baluarte dos Antigos Cavaleiros Essénios. Para terminar este meu entendimento vos digo que a defesa dos judeus por Vieira também não foi acaso, ainda que disso jamais soubesse. A morte do Primeiro Presidente do Estado de Israel, no séc. XX, teve lugar a 1 de Dezembro de 1973, ano da queda de novo Império de Portugal, imposto pela ONU, a 4 de Maio de 1973, em Estocolmo, na Suécia, da Rainha de Vieira. O 25 de Abril de 1974, como 25 de Agosto de 1580 ou o 25 de Julho de 1139, são marcos da Terra como o são de Deus a 25 de Março e a 25 de Dezembro, gerando e morrendo um Cristo em 9 meses, na Mensagem do Arcanjo Gabriel.
Com um Rei enfeudado à Inquisição, a qual já nem obedecia a Roma. Com a grande dificuldade e entraves que viu para que em 1679 alguns Sermões fossem publicados na oficina de João Costa. Com a feroz censura da Igreja a Galileu (1633) que conhecia e que agora mais limitava Portugal, quando a Europa a repugnava e bania, 40 anos depois, como nos seus 40 náufragos, sendo Vieira um apagado consultor de Congregação, a 27 de Janeiro de 1681, regressa de vez ao Brasil para terminar suas Obras de Escrita, uma esperança de um novo Império para a Igreja.
Como dizia à Inquisição, na prisão, o Padre Jesuíta, era o V Império: Império consumado de Cristo, não algum império que Cristo haja de ter nos tempos futuros, senão um maior e melhor estado do império que hoje tem, que é a Igreja. Em suma, a Reforma da Cristandade, a Paz Geral, um Sumo Pontífice santíssimo apoiado por um imperador zelosíssimo antes de um Juízo Final. Quantos Imperadores não sonharam e sonham com mil anos da «sua» visão.
Sem mais se especular, oiçamos o que disse, escreveu e imprimiu o Padre António Vieira, em nota ao leitor, no TOMO I dos seus Sermoens, nesse ano de 1679:
«Por fim não te quero empenhar com a promessa de outras obras; porque se bem entre o pó das minhas memórias, ou dos meus esquecimentos se acham, como na officina de Vulcano, muitas peças meio forjadas; nem ellas se podem bater por falta de forças, e muito menos aperfeiçoar e pulir, por estar embotada a lima com o gosto, e agastada com o tempo. Só sentirei que este me falte para pôr a última a quatro livros latinos De Regno Christi in terris consummato, por outro nome Clavis Prophetarum, em que se abre nova estrada à fácil intelligencia dos prophetas, e tem sido o maior emprego de meus estudos. Mas porque estes vulgares são mais universaes, o desejo de servir a todos lhes dá por agora a preferência.
Se tirares d’elles algum proveito espiritual que é o que só pretendo, roga-me a Deus pela vida; e se ouvires que sou morto, lê o último sermão deste livro (era o Sermão das Cinzas, pregado em Roma, na Igreja de santo António, no ano de 1673), para que te desenganes d’ella, e tomares o conselho que eu tenho tomado. Deus te guarde.»
Não quis escrever mais de 5 folhas, lembrando os 5 principais Patriarcas após Cristo: Jerusalém, Antioquia, Constantinopla, Alexandria e Roma. Também porque quis homenagear o Pentateuco Bíblico tão caro a Vieira, como o encontrava ele nas 5 Chagas de Cristo, quais 5 Reis Mouros de Ourique ou os 5 Escudos da Bandeira com 5 besantes cada, inicialmente 55, com 11 em cada um deles, mas uma adição teosófica de 10. Numa construção de Pentagramas ou Quadro de Almada Negreiros, onde o V Império se enquadra, como 5 sentidos ou Mão de 5 dedos, mesmo no holograma da Raça Humana lançado pela NASA a um viajante do Universo, terá visto o Padre António Vieira que a sua Nova Igreja viria depois dos Impérios de Abraão, Moisés, Cristo e Maomé? Em seu tempo, apelando ele à união sob Cristo, o seu V Império seria a fusão das 4 Igrejas: católica, protestante, anglicana e ortodoxa?
Os segredos (apontamentos) e a escrita (manuscritos) de Vieira eram guardados em lóculos (o «canudo» universitário é similar, embora mais pequeno), sistematizando as Obras, como fez Virgílio, com a Eneida. Uma espécie de arca, de fácil transporte e boa segurança, similar à de Camões para guardar os Lusíadas, ora acompanhava Vieira, ora era escondida ou entregue a claviculários secretos, guardando estes lóculos. Sabemos, pelo excerto que atrás vos li, que a Clavis Prophetarum tinha 4 lóculos. Qual Arca da Santa Aliança, mal a sua Ordem o acusa de crime de favorecimento (com o Padre Inácio Faia) ou crimine ambitus, para ser eleito um Procurador Jesuíta a Roma (os lentos e enigmáticos autos de 1694 foram a Roma, reabilitando, por inocência, os réus, mas só após a morte de Vieira), a sua «Arca» desapareceu.
Temos de bem ouvir Vieira, pois um Sermão é um diálogo entre o pregador e o pensamento do ouvinte e só um génio lhe dá inteligência, imaginação e vontade. Inteligência para expor, provar e refutar. Imaginação para fazer visualizar o belo, exemplificar o real e agradar a atenção. Vontade para convencer e deleitar, com verdade, e persuadir, despertando paixões.
Se os Professores, hoje, soubessem ensinar Aritmética e Gramática a Matemática e as Línguas eram fáceis. Mas se a Inquisição soubesse, ou ao povo fosse explicado, porque motivo existem 28 Arcos de cada lado no Terreiro do Paço, com 22 frontais, ladeando em 11 o Arco da Rua Augusta, talvez ela tivesse embargado a sua construção , mas nós continuaremos a fazer anos, no mesmo dia astronómico, num ciclo de 28 anos. O Brasil sonhado por Vieira, seria independente com o 28º Rei de Portugal. Assim caminham os nossos pés com 26+2 ossos, cada um, como assenta o Terreiro do Paço. Cedo teriam calado Vieira se ele mais explicasse, um «politicamente incorrecto» de hoje, como o fizeram a Galileu, em 1633, mas sempre continuou a bem falar verdade dos males da sua Igreja, dos Reis e dos Príncipes.
Quase 400 anos depois, o Papa João Paulo II, em nome da Igreja de Vieira, pediu desculpa a Galileu. Assim termino Vieira.
Grato pele vossa atenção. Bem-hajam. Que as Universidades continuem de livre pensamento
Breve nota biográfica do autor do texto:
João Santos Fernandes, Coronel do Exército, aposentado, de 58 anos de idade, casado e natural de Lisboa, para além de 38 anos de carreira militar, tem participado em processos de investigação de crimes políticos, como os Casos do General Humberto Delgado e de Camarate, bem como contribuindo, com a sua experiência de África, na Comissão de Extinção de Ex-Pide/Dgs e Lp e do intelligence militar em muitas intervenções públicas, estando publicadas, pela Editorial Notícias, as suas intervenções em 2 Congressos sobre a Guerra Colonial, sob a égide da Universidade Aberta.
Membro de Ordens de tradição Templária, de raiz e rito cristão, nesta vida armado Cavaleiro no Convento de Cristo, em Tomar, a 6 de Junho de 1998, publicou dois livros Portugal Iluminado e Despertar do Ser, de numerologia sagrada e ciência, onde as Humanidades também têm lugar.





III Texto





LUSÓFONA BARCA LUXITÂNIA






Luxitânia, Origens da Lux, é uma Barca Atlante, ora de Velas enfunadas com Argonautas, ora de Âncoras desembarcando Musas para as Artes e Ciências, nos Ciclos da Humanidade. Nome gravado nos mapas da Proto-História de Portugal, eram Terras que iam das Tágides de Tagus até ao Mar Cantábrico, ficando-lhe a Sul a Mesopôtamia, Terras das Valquírias entre os rios Dahanan ou Ana (Guadiana) e Cahpsus (Sado), fechada pelo Cyneticum (Algarves), com a sua Serra do Caldeirão, simbolizando o Cálice de Dagda ou Graal, um deitado rectângulo de hoje, proporcional ao erguido na geratriz do seu Eixo: Serra do Gerez-Melriça-Ourique.
Terra das Serpentes Ocultas, no dizer de todos os Sábios da Antiguidade, as Terras mais além das Colunas de Hércules, tinham já no Eneolítico uma cultura megalítica de menhires, dólmenes, cromoleques, antas, grutas sagradas e Santuários que eram terminais de passagem de linhas lay derivantes de uma Europa de Carnac, Gotland ou Stoneheng, onde Lux era a Luz dos Campos de Eleusis ou de Ísis (Campos Elísios), estendidos até ao Luxemburgo, chamando-se o Coração da Alemanha a Luxácea (região de Berlim). Assim o Portugal Antigo era uma radial de geomância sacra, onde ainda hoje a Província de Lugo (do Deus Lug) encerra o Cabo Finisterra (onde fina a terra) e o Campo da Estrela (Compostela) ou Serra de Portugal.
Na Idade dos Metais, a Luxitânia, pelas suas minas de cobre e estanho, levou o Bronze a toda a Europa, como nos nossos tempos levou volfrâmio e urânio ao Mundo. Portugal foi o Som da Pedra e dos Metais, a Forja de Vulcano dos Exércitos até ao Império de Roma, mas também a Oficina do Ouro (o seu Rio Douro) de uma filigrania Celta para muitas Damas da Deusa Europa, vestígios de Briteiros e realidades das actuais Procissões das Festas de Santa Luzia, ou Senhora da Luz. Podem antropólogos e historiadores esgrimir teses de quem somos, mas nascemos para ser fusão ADN de diásporas da História. Primeiro, na lenda, éramos odínicos, com os vestígios dos Tuata-da-Dannan de Argar, regiões do Guadiana a Altamira, um Argar de uma Andaluzia, de novo de raiz Lux. Atraímos então os povos da Terra dos Deuses Ases, ou Ásia, como os Tirsenos da Ásia Menor e os Elamitas da Pérsia, mesmo os Ilírios da Europa de pés na Ásia. Não estranhemos um retorno de hoje de romenos, moldavos, ucranianos, indianos, em suma, um Cáucaso Antigo, um Pamir, por fronteira. Fomos depois, com raízes de Lígures e Iberos, uma fusão de dolicocéfalos altos e louros, odínico-celtas, com baixos e morenos, naturo-endovélicos, adorando o Sol e a Lua, daqui saindo os Celtiberos. Em seguida, já é mais fácil visualizar os cruzamentos com a talassocracia cretense, fenícia, cartaginesa e romana ou Barcas Clássicas, com a expansão árabe em solos cristãos ou Barcas de Abraão, com os Descobrimentos de ADN´s afro-asiáticos e latino-americanos ou Barcas da Cruz de Cristo, todas Barcas dos Corvos de Sagres ou São Vicente.
De uma ancestral cultura megalítica que obrigou Sertório a localizar (lugalizar) o seu Senado em Évora, próximo dos Cromoleques de Guadalupe, sendo mito a Corça Branca que o acompanhava, evoquemos a Tragédia de Viriato (139 a.C.), com refúgio nos Montes de Hermes, ou Hermínios, uma Sabedoria de um Mondego que passa em Coimbra, um rio então chamado Munda vel Menda. A Força desta Luxitânia será a História das suas Tragédias: a de Viriato, a de Inês de Castro, a da Tomada de Ceuta, a de Alcácer-Quibir, a da Morte dos Távoras, a da Morte de D. Carlos I e a de Timor. São 7 Tragédias de Renascimento que estão de acordo com a Beleza de Construção da Cabeça da Deusa Europa, de 7 Luzes Antigas, como os 7 orifícios da nossa cabeça (olhos, ouvidos, nariz e boca), dando origem, no séc. IV, às 7 Prefeituras Romanas do Ocidente, ou Dioceses da Hispânia: Bética, Luxitânia, Galécia, Tarraconense, Cartaginense, Tingitânia e Baleares.
Assim começaria a Fundação de Portugal, com 7 Reinos Ibéricos: Portugal e Algarves, Leão, Castela, Navarra, Aragão e Andaluzia. Teria a sua capital 7 Colinas e 7 Rios para que as Barcas Lusas, como de 7 Colinas de Roma saídas, levantassem Âncora para um reconhecimento dos Açores com 7 Cidades, na Ilha de São Miguel, o Príncipe do Juízo Final. Se quisermos duas imagens de tudo o que se disse até aqui, diria:
Os símbolos do Portugal Antigo, Clássico, Moderno e Futuro, estão encerrados, respectivamente, na Porca ou Javali de Murça, no Veado ou Corça da Nazaré, no Corvo isolado da Ilha dos Açores ou dual de São Vicente de Sagres a Lisboa, na Pomba de Iria, a qual, cíclica, já irradiou o Culto do Espírito Santo na diáspora de Portugal, tão Paraclética como o similar Deus Vulcano, forjada no Porto da Luz, em Alenquer, por Franciscanos e Santa Isabel, a Rainha do Alvará da Ordem de Cristo, Cruz das Caravelas.
Os anagramas de Tomar e de Timor, dizendo Morta e Morti, representam para além das Tragédias, o apoio dos Saberes a um devir de constante Renascimento, onde o Sol e a Lua têm sido símbolos de credos e cultos, mesmo do trajar típico de Timor, hoje chamado de Loro Sae, dizendo já Estrabão que os Lusitanos, com 50 Tribos, quais Portas de Luz da Árvore da Vida, adoravam o Sol e a Lua.
Mais do que olhar a História escrita e documental, tão plena de destruição de bibliotecas, censuras de pensamentos e penas, inquisições de credos e parcialidades de favores de novas verdades, importa ver as Barcas no seu Nevoeiro. A Barca Luxitânia teve amarras em 4 Portos de Pedra: em Alcobaça, a Nau da Fundação; em Batalha, a Nau da Libertação; em Belém, nos Jerónimos, a Nau da Expansão; em Mafra, a Nau da Declinação. A lusofonia do Som dos Mares, levando a cultura e a língua, para além do Som da Pedra espalhando fortalezas, templos e casarios, atravessou 10 Estreitos (Gibraltar, Ormuz, Palk, Formosa, Coreia, Bering, Malaca, Mucassar, Tasmânia e de Magalhães) por 32 Rumos da Rosa-dos-Ventos, ou Caminhos. Tudo seria ideal se, por detrás de tudo e por fim, não estivesse o comércio e a riqueza, a geoestratégia de novos impérios de D. Manuel I ou Carlos V, de Napoleão ou Hitler, ancestrais de Carlos Magno ou Otão III, alterando-se, se for preciso, a Natureza para tal fim, como nos canais do Suez e Panamá. Mas, seguindo o Nevoeiro da Barca, a História do Império português é desde logo o Sangue de Inês de Castro e de D. Pedro I e a Genealogia de muitos Cabrais. De Inês de Castro, por um dos seus carrascos, Diogo Lopes Pacheco ser o antepassado de Diogo Pacheco Pereira, a síntese de toda a gesta lusitana de Quatrocentos e início de Quinhentos, de Portugal à África, ao Brasil e à Índia. É o navegador e cosmógrafo, capitão e governador, testemunha do Tratado de Tordesilhas, feitor do Esmeraldo de Situ Orbis, a Tábua da Esmeralda dos Nautas, não um anagrama de louvor a quem quer que seja. É o Aquiles Lusitano do Canto X dos Lusíadas, na pena de Camões, por Palavra de Tétis. Morre na miséria, anos depois de ter sido demitido de Governador de São Jorge da Mina, a 4 de Julho de 1522, Dia da Rainha Santa Isabel, quando a 22 de Julho de 1505 tinha sido, o semideus grego, levado em Procissão da Sé de Lisboa ao Mosteiro de São Domingos, em louvores de D. Diogo Ortiz, o Bispo de Ceuta de 1415, nesta data Bispo de Viseu. Sangue de D. Pedro I, pois dele nasce o Mestre de Avis, a Ínclita Geração, com o Sangue Inglês da sua Rainha, o seguinte Império dos Mares, ou das Damas Isabel I e Victória, ainda vivo com Isabel II e o seu Commonwealth. A Tragédia de Carlos I de Inglaterra seria similar à de D. Carlos I de Portugal. A ambos se seguiu a República. Nós restaurámos a Independência de Portugal e demos a filha do Rei D. João IV para restaurar a Monarquia inglesa. Mas é a Geneologia Cabral que nos permite ver 600 anos de História, da crise política de 1383/85 à crise económica de 1983/85. São 600 de Marinha Mercante, de 1377 a 1977.
Álvaro Gil Cabral, alcaide de Guarda-Belmonte, levanta Armas pelo Mestre de Avis, em Praças e Cortes. Gonçalo Velho Cabral, levanta Âncoras para os Açores. Pedro Álvares Cabral levanta Padrões para unir a América à Ásia, ou o Brasil à Índia.
Francisco Cabral, o Missionário do Oriente, nascido nos Açores, levanta uma sã Cristandade, em Colégios e Missões, em povos e reis, na Índia, na China e Japão, continuada por João Cabral, outro Jesuíta da Paz, aceite do Tibete ao Ceilão, da Índia ao Japão. Veria cair Malaca, em 14 de Janeiro de 1641, na mão dos Holandeses, o início do Cemitério das Barcas do Oriente quando Portugal a Ocidente As restaura. São os Cabrais de Fornos de Algodres, no séc. XIX, nas lutas de Reis Irmãos. É Sacadura Cabral, o Duarte Pacheco Pereira dos Ares, o Rei Artur que religava Portugal à Inglaterra (voo de 1920), Portugal às suas Ilhas de hoje (voo de 1921 à Madeira) e Portugal ao Brasil(voo de 1922). A sua Barca dos Ares afundou-se nas Águas com o seu corpo, por isso se chamava Artur, algures onde tinha começado a nossa Barca de Argos: a Flandres. No entanto, é a sua Mensagem de um fim de Camelot, completada pela Barca dos Ares de Sarmento de Beires (Argos), o Ulisses dos Ares, o aluno dos Celtas de França, instrutor do Brasil e da China, o Gama de Lisboa-Macau (voo de 1924), o Cabral Nocurno do Brasil (voo de 1927), o exilado de Gomes da Costa e o retornado de Costa Gomes que exala o seu último suspiro, na véspera do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, a 9 de Junho de 1974, 22 anos depois de Amílcar Cabral (com Aristides Pereira) ter iniciado a luta das independências, um final de Império, 11 anos depois de ele ser Tragédia de Viriato, na Guiné, em 1973. Ele e Beires eram poetas.
Antes de desfilarmos nomes da lusofonia desta Barca importa reter que o seu Leme da História foi sempre corrigido por Henriques ou Anriques, como narra Camões. Vão 888 anos de História de Portugal entre o Conde D.Henrique, lutando pela independência e Xanana Gusmão alcançando-a, ou se quisermos, face à morte do pai de D. Afonso Henriques, entre D.Teresa e Xanana, chamando-se a mãe da Rainha, Ximenes ou Ximena Nunes, esposa de D. Afonso VI. O Bispo D. Ximenes Belo de Timor também pertence ao Nevoeiro da Barca. São 2 Dinastias, Afonsina e de Avis, com início de Henriques, o Rei, com fim de Henrique, o Cardeal, sendo delas Nauta o Infante D. Henrique, ao todo 17 Reis. São mais 2 Dinastias, Filipina e de Bragança, que terminam com D. Manuel II, sem descendência como o Cardeal, ao todo 17 Reis. O tio do último Rei, deveria ter ocupado o Trono de Portugal, ele se chamava o Infante D. Afonso Henriques. Mas a Barca não o aceitou ao Leme e esperou por Henrique Galvão, querendo unir África ao Brasil, na Nau Santa Maria, para dizer que o Império acabara. Dependerá do próximo Presidente da República de Portugal, o 17º, o Rumo da Barca.
Hoje não se aplicassem os Saberes de antanho, de Colégios, Monges, Ordens e Iniciados. Tudo gira sem a Máquina Mundo (esfera mecânica no Convento Escorial, em Espanha) ser conhecida. Tudo gira sem os jovens lerem os Lusíadas, não conhecendo a Máquina Celeste do seu Canto X. Novas verdades e valores navegam em internet.
Quantos acreditam no improviso dos Descobrimentos, porque não sabem que a lusofonia só foi possível irradiar no rigor do astrolábio, quadrante, balestilha, tábuas do Sol, toleta de marteloio, regimentos da Estrela do Norte, da Altura do Pólo ao Meio-Dia, do Cruzeiro do Sul e das Léguas, tratados da Agulha de Marear, produzindo-se cartografia que difundimos a outros Reinos, como o faríamos com o Sextante de Gago Coutinho. Mas hoje Pedro Nunes teria lugar na Ponte de Comando do mais sofisticado porta-aviões, pois, diariamente, são feitas as medições de posição e navegação, por instrumentos clássicos, face à possível neutralização dos meios electrónicos e informáticos. Não há maus alunos de Matemática. Não se sabe é ensinar Aritmética e Geometria. Não há maus alunos em Português. Não se sabe é ensinar Etimologia e Gramática. A investigação e o desenvolvimento não é partilhado, mas sim patenteado.
Mas se o erudito lusófono é mais hermético, o Som da língua é o que mais expressão teve, como o Som da Música sempre também o terá. Os Descobrimentos nos deram poetas como Cristóvão Falcão, António Ferreira, Agostinho da Cruz, Jerónimo Corte-Real e Luís Vaz de Camões. Eram os tempos da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, dos escritos de Frei Bartolomeu dos Mártires, de Francisco da Holanda e de Samuel Usque. Uma língua universal, moldada por gramáticos e lexicógrafos como Jerónimo Cardoso, Fernão de Oliveira e Pero de Magalhães Gandavo. Era todo um espírito científico e filosófico, sintetizado em António Luís, Francisco Sanches e Garcia da Orta.
Era um Escol de Quinhentos, ainda sem Contra-Reforma activa e feroz Inquisição, que atraía a Lisboa, a Paris do séc. XIX/XX, letrados como Vazeu, Jorge Buchanan, Cataldo Sículo e Nicolau Clenardo. Era o Som lusófono de Gil Vicente e de sua filha Paula Vicente, o feminino que fez aparecer as Damas das Letras como D. Leonor de Noronha, Públia Hortência de Castro, Luísa e Angela Sigéas, Joana Vaz, sendo Padroeira desta erudição a Infanta D. Maria, sobrinha de Carlos V, Musa inspiradora de Camões.
Após João de Barros, Bernardim Ribeiro e Sá de Miranda sofria já Damião de Góis da censura de liberdade de pensamento, com uma iminente Inquisição, pedida por D. Manuel I e concretizada por D. João III, alastrando na Europa o Fogo de Lutero, aceso a 10 de Dezembro de 1520 quando ele queima a bula do Papa. A erudição renascentista ou oposição silenciada, passa para um exílio lusófono, com cometas em Portugal, ora presos, ora em fuga, dos quais destaco Gonçalo Anes Bandarra e depois Padre António Vieira, Bocage e Filinto Elísio, já no séc. XVIII, sendo a Marquesa de Alorna o símbolo restante dos Távoras, o símbolo de que para se ter Artes, Letras e Ciências é preciso ser-se livre. Assim se fizeram a cantora Luísa Todi e o médico Ribeiro Sanches, dois grandes vultos de Portugal na Europa. O terror pombalino geraria a pior das Tragédias dos Mares, a de Todos-os-Santos de 1755, Dia do remoto Ano Novo Celta.
A nova lusofonia viria do Brasil, com o Som da Música, pois se a quisermos encontrar antes, em compositores, só a podemos recordar em Pedro Escobar, o Príncipe dos Moletes, segundo João de Barros, em Carlos Seixas, o Mestre do Cravo e do Órgão. Digamos, pois, que é João Domingos Bomtempo, com a sua Missa de Requiem à Memória de Camões, uma das muitas obras, que a Barca da Luxitânia vai sedimentar Artes e Ciências. E o acaso está no seu irmão, em José Maria Bomtempo, o médico de Angola (1798/1805) e um dos melhores professores da Academia Medico-Cirúrgica do Brasil, sendo acaso Bocage ter por primo o médico e zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage (1823-!907), tão pioneiro como José de Leite de Vasconcellos, o arqueólogo e o etnólogo do seu Museu, nos Jerónimos.
Esta alquimia faz acordar nas trevas da Cultura , de D. João III a D. João VI ( com algumas luzes em D. João V), António de Castilho, sendo seu irmão José Feliciano o fundador do jornal Íris do Rio de Janeiro, Herculano, Garrett, Camilo, João de Deus, Antero de Quental, Júlio Dinis, Oliveira Martins, Eça de Queiróz, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Fialho de Almeida e António Nobre.
São tempos de um Brasil varrido pela Independência dos EUA (1776, a 4 de Julho, Dia da Rainha Santa Isabel) que geraram o Alferes Joaquim José da Silva Xavier (executado em 1792) ao fazer a 1ª conspiração armada, republicana e independentista, em 1789, 100 antes do Brasil ser República. Seria Reino, entretanto, em 1815, 400 anos depois de Ceuta, 300 anos depois de 1515, o ano da faustosa Embaixada a Roma para pedir a Inquisição, levando como símbolos de um já corrupto Império a onça, o cavalo e o elefante. Neste fatídico ano a Barca Luxitânia parava no Extremo Oriente, com as Rotas finais de Albuquerque e as sequentes Armadas de António Abreu (com Fernão de Magalhães a chegar a Timor) e Jorge Álvares a rumar aos países do Sol Nascente.
A Barca da Ordem de Cristo ainda foi Barca das Ordens de Santiago, da Espada por Portugal e de Santiago por Espanha, entregando o Leme final a Magalhães e Sebastião, numa volta ao Mundo dos Mares, com contrato assinado com Carlos V a 22 de Março de 1518 ( dia de 1500 de Cabral de Cabo Verde rumo ao Brasil, onde chegou a 22 de Abril), fazendo-se ao Atlântico a 22 de Setembro de 1519 (saída de São Lucar de Barrameda a 20) e pondo Âncora, de regresso, a 7 de Setembro de 1522 (chegada ao porto a 6). As datas da Barca de Santiago ajustavam-se, 300 anos depois, ao seu novo Grito do Ipiranga e à sua Nova Independência. Faltava só restaurar o seu Imperador a 1 de Dezembro de 1822, 182 anos depois de 1640. Algum saber oculto tinha a Tábua da Esmeralda do Aquiles Lusitano, pois este Condestável Pereira dos Mares fez com que Cabral só tivesse Âncora, em Porto Seguro, a 25 de Abril de 1500, sábado, vésperas de Pascoela, Dia de São Marcos.
Nascem nos séc. XIX/XX os Mecenas da Luxitânia, recordando apenas os seus marcos:
António de Araújo de Azevedo, Conde da Barca (1754/1817), o Noé que leva o Rei D. João VI para o Brasil, planeando a Arca com toda a sua biblioteca, núcleo da futura Biblioteca Nacional do Brasil, carregando o que seria a primeira oficina topográfica do novo Reino. Ele foi o novo Rabi Eliézer Toledano que no séc. XV montava o mesmo em Lisboa.
Joaquim Ferreira dos Santos, Conde de Ferreira (1782/1866), o afortunado comerciante da África e Brasil, mandou construir 120 escolas primárias, financiou as Misericórdias do Porto e Rio de Janeiro, fundou o Hospital de alienados do Porto, com o seu nome, repousando, em Agramonte, em mausoléu esculpido por Soares dos Reis.
Augusto Portugal Silva e Sousa, Visconde Sanches de Baena (1822/1909), comerciante, farmacêutico, médico (doutorado pela Universidade de Filadélfia), numismáta, historiador e genealógico. Em 1859 funda, no Rio de Janeiro, o maior laboratório químico-farmaceutico da América, sendo vasta a sua obra de benemerência no Brasil e Portugal.
Júlio Monteiro Aillaud (?/1927), o fundador da emblemática livraria do Chiado “Aillaud & Bertrand”, lançando escritores como Aquilino Ribeiro, Antero de Figueiredo e Raúl Brandão (o Dostoievski português, como o é a portuguesa Agostina Bessa Luís), criando e financiando revistas, como Atlândida, Ilustração, Voga e Magazine Bertrand e desenvolvendo a difusão do livro português do Brasil a Timor.
Esta nova lusofonia, teve por sementes: os 6 jesuítas levados por Tomé de Sousa, o 1º Governador-Geral do Brasil; a Nova Lusitânia, a Capitania de Pernambuco, a Florença da América; vultos como Manuel da Nóbrega (fundador de S. Paulo, 1549), José Anchieta, (linguísta, teatrista e beato, com o Papa João Paulo II em 1980), António Vieira ( o Padre dos Sermões), Alexandre Gusmão ( percursor do romance) e o Conde de Sabugosa (fundou o Teatro secular no Brasil), o Vice-Rei das Sesmarias; o enriquecimento cultural de D. João V, com Academias e Colégios. O terror pombalino e a sua censura, como a de Pina Manique não deixaram florescer estas sementes. Elas iriam desabrochar, com os Românticos e Mecenas já citados, principalmente pelo Som da Música Clássica, com os irmãos Croner e Mestre Ivo Cruz, o brasileiro fundador das Orquestras de Câmara e Filarmónica de Lisboa, com Francisco Freitas Gazul e a Família de Freitas Branco, pelo Som da Música Ligeira de Raúl Ferrão e Lopes Graça. As vozes de Carmen Miranda, de Stella Tavares, Amália Rodigues e Cesária Évora, são 100 anos de uma Mensagem escrita de Fernando Pessoa e de Agostinho da Silva, pintada por Almada Negreiros e Lima de Freitas, teatrealizada por Luísa Durão e Vasco Santana, televisionada por Pedro Homem de Melo e Vitorino Nemésio.
Nova Lusofonia de eternas 7 Notas com novas reformas de som e grafia do Português, sendo o nosso melhor filólogo Aniceto Viana (1840/1914), o Nauta da Reforma de 1911, o maior erudito do Mundo em línguas, abrangendo o remoto sânscrito. Serão novas letras para o imortal lexicrógrafo Cândido de Figueiredo compilar em Novo Diccionário da Língua Portuguesa, dizendo o grande brasileiro Rui Barbosa que este Académico das Letras seria sempre “a maior das nossas competências actuaes em materia de lexicologia portuguesa”. Estas e outras obras de vulto publicavam-se então na Imprensa Portugal-Brasil, Sociedade Editora Arthur Brandão & C.ª, um de tantos pilares que não emanava de acordos de grandes comitivas políticas.
Não se falou em tantos Nautas de hoje, muitos deles fazendo lusofonia fora das Barcas, ou na Nova Barca da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Na prática, esta idealizada Barca só começou a ter Amarras 600 anos depois se erguer o Mosteiro da Batalha, com Mestre Afonso Domingues, 500 anos depois de Vasco da Gama rumar ao Oriente, 400 anos depois da morte de Filipe II de Espanha, 300 anos depois da descoberta do Ouro do Brasil, 200 anos depois da loucura de D. Maria I, 100 anos depois do Tratado de Paris, ou seja a EXPO 98 de Lisboa, com a sua Ponte Vasco da Gama e o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago. Que a CPLP siga a Rota da Barca Luxitânia, das Artes, Ciências e Letras, sem lhe darem os Governos um acento de Forças de Manutenção de Paz. As Musas e os Mecenas surgirão sem Guerra. O Mundo do séc. XX alastrou a sua I Guerra até hoje por ter afundado o Navio Lusitânia, em 1915. Hoje ela se mantém, pela Cimeira dos Açores, talvez assim dure até 2015. Assim não haverão Musas e Mecenas, pois dissemos ao Mundo que o petróleo se chamava Fundação Calouste Gulbenkian, o crude da Paz e da Cultura, um dos Baluartes da lusofonia. A avidez do lucro, de uma Matriz de Trevas de fim de Ciclo, derrama este crude de Finisterra da América, ou Alasca, à Finisterra da Europa, ou Galiza, condicionando independências, como o ouro, a prata, os diamantes, as sedas, as madeiras preciosas e as especiarias impediram que o que a Barca Luxitânia rasgou fosse verdadeiramente livre e independente. Tenhamos Fé e Esperança para que a Barca da CPLP leve a Caridade ao Mundo, já que o Planeta está enfermo de Justiça, Misericórdia, Prudência e Força Espiritual, apesar de tantos Credos de Fé e alegados Iniciados de Mistérios. Não precisamos de Césares, precisamos de Sertórios. Assim seja o Canto da Barca Luxitânia na Lusofonia de Cesária Évora.
Termino, evocando todos quantos aqui não foram recordados na figura de 2 Bispos: D. José Caetano Coutinho, Bispo do Rio de Janeiro, o entusiasta da Independência do Brasil, sagrando D. Pedro I a 1 de Dezembro de 1822, presidindo à Constituinte e à Assembleia Legislativa e depois ao Primeiro Senado (1827/1831); D. Ximenes Belo, Bispo de Timor, o entusiasta da Paz para um Independente Timor. Sejam estes Prelados o símbolo das lutas de séculos para sermos livres, longe da Mater, da Mãe Gea que nos gerou. Cantava Ary dos Santos e interrogava Natália Correia porque não dizer Mátria em vez de Pátria. Digamos, por isso, Barca e não Barco, pois Ela é Arca e não Arco.
João Santos Fernandes (*)
(*) Coronel do Exército português, natural de Lisboa, autor de Portugal Iluminado e O Despertar do Ser, livros publicados pela Hugin Editores. Possui obra escrita dispersa por Congressos, Conferências e Ordens a que pertence, procurando o transcendental cristão. Com uma carreira militar controversa e diversificada, às vezes mesmo polémica e relatada pelos jornais, foi pública a sua acção nas investigações das mortes de Humberto Delgado e Sá Carneiro, começando cedo a ser conhecido pela imprensa, em 1975, quando tentava apoios do Governo para um seu projecto de desenvolvimento de Portugal. Recentemente, publicava o jornal Diário de Notícias, de 26/4/2004, extractos da sua Carta de Abril aos Órgãos de Soberania e outros destinatários.