Sunday, May 25, 2008

ANIMISMO E ESPIRITUALISMO AFRICANO A 7 de JUNHO




O ano 2007/2008 das tertúlias, encerrou dia 7 de Junho, sabado as 12h, no Bar do Alem do Alenquer Camping com:



Mestre Braima Galissa

moderador
Prof Doutor Luis Nandin de Carvalho

tema Animismo e espiritualismo Africano
ementa do almoço
Entradas variadas, Caril do Mar, Sobremesa surpresa
vinho DOC Alenquer, café
preço 17,50€
inscrições previas necessárias,




nota biográfica de Mestre Galissa:


O Mestre Galissa foi compositor do Ballet Nacional da Guiné-Bissau, responsável Instrumental do mini Ballet Nacional e professor de Kora na Escola Nacional de Música José Carlos Schwarz durante 11 anos. Já participou em actividades culturais em vários países. Está em Portugal desde 1998, ano em que eclodiu a guerra civil, e neste momento permanece em Portugal a executar vários projectos culturais.


Oriundo de uma família de "djidius" (músicos hereditários), o Mestre Galissá nasceu em 1964 em Gabú no Leste da Guiné-Bissau, capital do antigo império de Gabú (donde advém o próprio nome), sucessora do antigo império do Mali. Tem a música no sangue e sempre foi artista. Reside em Lisboa desde de 1998, cidade onde tem abraçado novas formas de música e conhecido músicos de outras culturas. É Filho de um músico de Kora nascido na Guiné-Bissau, no seio de uma família Mandinga, uma das etnias do país.

Galissa é o nome de uma família de "djidius" que tocam Kora. Além dos Galissa há os Diabaté, Kouyaté, os Sissokhos outros apelidos. A música para o Mestre Galissá começou na infância no seio da sua família. Muito antes dos seus tetra-avós que todos na família são "djidius". Começou a aprender o Kora com 5 anos de idade pela mão do seu pai na região natal (Gabú) e em meados de 1979 iniciou a sua carreira, primeiramente com os pioneiros "Abel Djassi". Com os pioneiros teve acesso à escola e com eles participou em acampamentos da juventude na Guiné e no estrangeiro. Nesses eventos realizavam-se intercâmbios culturais com jovens de Cabo-Verde, Senegal, Guiné-Conacri e até com jovens de Portugal e outros países europeus. A partir dessa data foi mais difícil continuar em casa dos seus pais e por isso foi para Bissau onde começou a estudar música.

O Kora envolve misticismo e simbologia. É o instrumento que o acompanha nos espectáculos e é o suporte principal do género musical que interpreta. Desde que começou a actuar em público houve um momento que o marcou, que foi quando com mais 11 crianças estava a representar a Guiné-Bissau num acampamento em Cabo-Verde em 1979. As pessoas gostaram porque o kora nunca tinha chegado ao arquipélago. As pessoas seguiam-no por todo o lado, faziam-no perguntas sobre o instrumento, queriam tocá-lo, queriam saber tudo. Nessa altura apercebeu-se do "peso" do Kora. A partir daquele momento em Cabo-verde decidiu que devia continuar nessa vida. Nos anos seguintes participou em vários eventos. Em 1988 esteve em Portugal onde participou no FITEI, e no ano seguinte na antiga FIL. Em 1997 participou no encontro “Cena Lusófona” em Évora onde encontrou artistas internacionais que se interessaram pelo instrumento que toca.

Depois dessas experiências sentiu ter atingido um nível de maturidade que o permite trabalhar com qualquer artista. A sua evolução fez com que começasse a dar aulas de multi-culturalidade na Escola Superior de Educação. Em Portugal tem feito concertos em todas as regiões. Tem sido convidado por várias Câmaras do interior do país. Realizou vários cursos para alunos da Escola Superior de Educação de Lisboa e da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa sobre a música, literatura africana , cultura guineense e sessões musicais para crianças do 1º e 2º ciclo do ensino básico.

Em 1999 trabalhou com o Teatro São João do Porto e no ano em que Coimbra foi a capital da cultura, foi contratado pela a companhia de teatro Tetrão Realizou concertos com o músico português Gil Nave, em Évora, Beja, Guarda, Covilhã, Famalicão, Proença a Nova, Caldas da Raínha e Alpedrinha e norte de Portugal. Participou em programas de rádio e televisão, nomeadamente na Antena 2, RTP Internacional, Rádio Renascença, RTA (Rádio Televisão de Angola, no programa Kandando) e RDP África.Participou em concertos realizados por iniciativa da EXPO98, e Porto 2001, e em trabalhos discográficos de João Afonso, Amélia Muje, Herménio Meno, na colectânea "Mon na mon", Blasted Mechanism, Chac, Sara Tavares e outros artistas guineeenses…

O kora foi inventado por Djali Mady Wulen em Gabú. Os primeiros Kora’s eram constituídos por 21 cordas feitas de pele de Gazela bem trançadas e finas. Com a chegada dos Europeus as cordas foram mudadas para os fios de pesca (nylon). Em Gabú os músicos de Kora são conhecidos pelo apelido Galissá. Os materiais que constituem o kora são: a cabaça, metal, as cordas, madeira, recortes de pano que servem para protecção do cavalete e rebites, sendo que antigamente, no lugar desses rebites se usavam pedaços afiados de canas de bambu que seguravam a pele à cabaça do instrumento. Kora no dialecto Mandinga significa o "instrumento que abrange tudo". Desempenha um importante papel na vida cultural da sociedade Mandinga e por outro lado tem associado a história do povo Mandinga, que são recitadas em ocasiões especiais. O Kora envolve tudo e todos, sejam trovadores ou historiadores. Implica a educação, a saúde e a cultura. Para o Galissá, abarca mesmo tudo. O Kora surgiu, segundo os familiares do Galissá, nos meados do século XIII. Sucedeu o "tonkoron" que evoluiu para o "bolonbata" e de etapas em etapas desenvolveu-se até aparecer o Kora que conhecemos com 21 (ou mais) cordas. O kora já há algum tempo que tem servido aos psicólogos na avaliação de doentes mentais. O kora actualmente é estudado por vários especialistas, quer educadores infantis, antropólogos, etnomúsicólogos, por muitas culturas nas universidades europeias, principalmente nas academias musicais e museus etnográficos.

A pedagogia tradicional era muito exigente. Primeiro o aprendiz tinha que saber ouvir o ritmo, conhecer o balanço da música para depois iniciar a prática e acompanhamento de voz. A seguir vem a afinação do instrumento e para finalizar, a aprendizagem da construção do aparelho musical. Até a conclusão dessas etapas decorre um período de doze anos. Para se ser um tocador de kora, uma pessoa recebe profunda formação em história Mandinga, história geral das outras nações africanas e seus ritos, historial genealógico dos Mansas (Reis), linguística, relações internacionais (nomeadamente, mediações inter-étnicas, assessores públicos, conselheiros estatais, mediadores…). Toda essa formação, conjuntamente com formação musical dura 15 anos em média. Além da educação musical é preciso ter uma educação moral. É necessário tê-la como algo que os sirva para o futuro, como uma profissão e é por isso que Galissá continua a respeitar essa tradição. Um tocador deve amar o instrumento, amar as pessoas, ser solidário com as pessoas, ser sincero e respeitar as pessoas.

Sunday, May 18, 2008

Os Altos Graus em Maçonaria, nos ritos de YORK, REAA e RER




ALTOS GRAUS NA MAÇONARIA
Conferência de Vitor Azevedo Duarte
Almoço debate de 17 de Maio de 2008
Tertúlia do Bar do Além, Alenquer.




O tema sugerido de Altos Graus na Maçonaria tem ligação directa com alguma da minha vivência de Ritos de Altos Graus. E com troca de experiências de Jurisdições estrangeiras Irmãs. Como um simples Aprendiz de Maçonaria ganho sempre mais “espritualmente” quando partilho informação maçónica com Irmãos ou estudiosos da Maçonaria. Penso que todos aprendemos uns com os outros. Como sabem, existem escassa divulgação de obras sobre altos graus, pelo que tentarei fazer uma súmula sobre este tema referente a três estruturas de Altos Graus de Ritos diferentes.
Começarei por ditar estes apontamentos com o que se entende por regularidade maçónica e liberal. E com a “devida vénia” citarei aqui a melhor destrinça que encontrei nas minhas pequisas e cujo autor se encontra nesta sala.

“Os maçons regulares, também chamados tradicionais ou de via sagrada, são os que trabalham nas suas Lojas sob a invocação de Deus, Grande Arquitecto do Universo, sobre o Livro Sagrado, o Esquadro e o Compasso.
Os maçons liberais ou de via substituída, reunem-se segundo os mesmos ritos, decorações e ideais, já dispensam a via espiritual, e trabalham sobre as Constituições de Anderson, a do seu País, sobre a Declaração Universal dos Direitos do Homem e sem nacessariamente invocarem Deus, o Grande Arquitecto do Universo.
Isto é, os regulares pressupõem a crença no Criador e situam-se no plano do sagrado, os liberais partem do postulado da liberdade de crença ou não no Criador e colocam-se no campo do laicicismo e portanto envolvem-se mais directamente na vida profana, que procuram aperfeiçoar e transformar.
Ambos buscam o seu próprio aperfeiçoamento, mas com efeitos diversos ao nível de intervenção na sociedade. Para o maçon regular a sociedade será mais perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento pessoal enquanto que para o maçon liberal o essencial é ele ser o agente da transformação da sociedade.”
Na verdade, cada jurisdição maçónica tem os seus Regulamentos e Estatutos e quer sejam regulares ou liberais são constituídas por maçons que se respeitam desde que ambas sigam os Landmarks. Mas não é maçon quem quer. Não basta autoproclamar-se. É imprescindível que os seus irmãos “o reconheçam como tal”, ou seja é necessário que tenha sido iniciado, por outros maçons, cumprido com as suas obrigações de maçon, esotéricas, simbólicas e que esteja integrado numa Loja, que por sua vez pertença regulamentarmente a uma Grande Loja ou Grande Oriente, que fossem devidamente consagrados.
Assim escreveu Luís Nandin de Carvalho, no seu livro “A Maçonaria Entreaberta” publicado em 1997.

O espirito maçónico de fraternidade, igualdade e liberdade floresceu nas sociedades profanas e influenciou para sempre as grandes conquistas conseguidos em acontecimentos mundiais como a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa, a Revolução Russa e a Independência do Brasil.
E em muitos outros países incluindo o nosso, embora os governos vigentes e as pressões da Igreja Católica entrassem em choque directo com a fraternidade.
Após esta introdução passemos a algumas citações e reflexões sobre Maçonaria.

A Franco-Maçonaria actual foi fundada em 24 de Junho (dia de S. João) de 1717, em Londres. Para muitos estudiosos a Ordem Maçónica remonta às lendas da construção do Templo do Rei Salomão, de acordo com relatos do Antigo Testamento. A sua origem está ligada também às lendas de Ísis e Osíris, no antigo Egipto; ao culto a Mitra, vindo até à Ordem dos Templários e à Fraternidade Rosa-Cruz. Em 1723, o Rev. Anglicano James Anderson publicou as Constituições da Maçonaria que são universalmente aceites e são utilizadas como base em todas as Lojas maçónicas.

Em 1717, a Maçonaria passou do campo operativo em que efectivamente se construiam catedrais para o campo especulativo em que os maçons iniciaram um processo de “construção” sim da “catedral da humanidade”. A Maçonaria utiliza métodos para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimónias maçónicas, a que chama Ritos ou procedimentos maçónicos.

Existem no mundo cerca de 200 Ritos e se continuar a actual desorganização social talvez em 2050 existam 300. No entanto, os principais podem contar-se por sete dedos. A saber:

Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA)- o mais universal
Rito de York (RY)- o mais antigo do mundo
Rito Francês ou Moderno (RF/M)
Rito Schröeder (RS)
Rito Brasileiro (RB)
Rito Adonhiramita(RA)
Rito Escocês Rectificado (RER)
Como sabem a actual Maçonaria divide-se:

* Maçonaria Simbólica constituída pelos três primeiros graus obrigatórios e que estão pre
-vistos nos Landmarks. Que se divide em Obediências Maçónicas designadas por Gran-
de Loja ou Grande Oriente e que administram diversas Lojas.
* AltosGraus, que constituem os graus Filosóficos ou Superiores que não são obrigatórios e constituem uma opção. Estes estão normalmente subordinados a Supremos Conselhos ou Supremos Grandes Capítulos, Grandes Comendas e Grão-Priorados, de acordo com as Leis de cada Grande Corpo Maçónico. Destes, escolhemos o Rito mais universal, o mais antigo e o que considero o mais selectivo.

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A saber:
- Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA)
- Rito de York(RY) e rito de Emulação(REm)
- Rito Escocês Rectificado (RER
)

Na Maçonaria Regular a maioria das Grandes Lojas e Grandes Orientes são consagradas, instaladas e reconhecidas por Grandes Obediências Irmãs Estrangeiras mais antigas. Cada Obediência tem o sua própria Grande Loja-Mãe ou Grande Oriente e a que está ligado indossoluvelmente.

Nos Corpos de Altos Graus, a Maçonaria segue sempre a regra trinitária, isto é, para ser consagrado e instalado um Supremo Conselho, um Grande Capítulo, uma Grande Comenda, um Grão-Priorado, etc a base de construção é como em Grande Loja ou Grande Oriente(com as suas Lojas azuis ou de S.João) ou seja três Lojas, três Conselhos, três Capítulos, três Comendas. No RER existem as Lojas verdes e a Ordem Interna como veremos mais adiante.

RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITE – R.E.A.A.
Este Rito provem do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia e está ligado ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram. A influência do Templarismo existia no Rito de Heredom sob a mestria de Andrew Ramsay (criador deste rito em solo francês), mas não no R.E.A.A.. Aliás, de acordo com os historiadores Christopher Knight e Robert Lomas a formação deste rito deve-se ao facto da Grande Loja Unida de Inglaterra (United Grand Lodge of England) se recusar a reconhecer os altos graus da maçonaria regular, o que originou a formação em 1819 de um Supremo Conselho para a Inglaterra dos graus do Rito Escocês.

Por influência do Cavaleiro Ramsay as primeiras referências a estes graus, são oriundos de França, no período de 1715 a 1745. Ramsay foi tutor dos filhos do rei escocês Jaime VIII que se encontrava exilado em França. Foi nesta época que surgiram as primeiras referências ao termo escocês (écossais). Na “História da Franco-Maçonaria” de Albert Mackay, este autor refere que os partidários do Rei Jaime e da dinastia dos Stuarts todos exilados em França estavam fortemente envolvidos em actividades maçónicas.

Esta é uma das razões porque, devido ao termo escocês, muitos maçons pensam que este rito terá tido origem na Escócia, o que como vemos não corresponde à verdade. As suas regras e fundamentos foram elaborados no dia 1º de Maio de 1786 e desde essa data constituiram-se os 33 graus. O que caracteriza o REAA é a ligação entre a tradição hermética, principalmente nos três primeiros graus e a uma graduação dos Altos Graus (do 4º ao 33º) e que é normalmente rejeitada pela maçonaria inglesa.

Em primeiro plano, “a purificação” pelos quatro elementos inclui-se uma orientação nítidamente hermética. Não remonta ao alquimistas da Idade Média, mas é provável a inspiração nos tratados de alquimia vulgares no séc. XVIII e adaptado por maçons à iniciação maçónica. A purificação pela Terra, pelo Ar, pela Água e pelo Fogo induzem no candidato, à medida que passa pelas provas, a percepção gradual do sentido esotérico da “passagem” que faz ,vindo das profundezas do mundo terreno para a ascese que lhe é dada pelo sopro do espiritual. É só na Câmara de Reflexão que percepciona o enorme sentido esotérico- o enxofre, o sal e o mercúrio- que lhe serão fundamentais à iluminação final.

Em segundo plano, muito importante também, é a sua evolução nos graus Superiores das Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º), dos Capítulos (do 15º ao 18º), dos Aréopagos (do 19º ao 30º) e dos graus administrativos (do 31º ao 33º). Neste Rito os graus e a lenda do Mestre constroi-se passo a passo. A reconstrução do Templo de Salomão tem aqui uma particular importância. Aqui a reflexão filosófica sobre o Homem, o seu destino, a sua centelha divina e os valores que ditam a sua dimensão racional, minada por vezes, pelo desleixo, a incúria e o dislate.

GRAUS DO REAA:
SIMBÓLICOS
1º - Aprendiz
2º - Companheiro
3º - Mestre
FILOSÓFICOS
Lojas de Perfeição
4º - Mestre Secreto
5º - Mestre Perfeito
6º - Secretário Íntimo
7º - Preboste e Juíz
8º Intendente dos Edifícios
9º- Mestre Eleito dos Nove
10º- Ilustre Eleito dos Quinze
11º- Sublime Cavaleiro dos Doze
12º- Grande Mestre Arquitecto
13º- Cavaleiro do Real Arco
14º- Prefeito e Sublime Maçon - Grande Eleito da Abóbada Sagrada
Capítulos
15º- Cavaleiro do Oriente ou da Espada
16º- Príncipe de Jerusalém
17º- Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
18º- Soberano Príncipe Rosa-Cruz
Areópagos
19º- Grande Pontífice ou Sublime Escocês
20º- Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam
21º- Cavaleiro Prussiano ou Noaquita
22º- Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano
23º- Chefe do Tabernáculo
24º- Príncipe do Tabernáculo
25º- Cavaleiro da Serpente de Bronze
26º- Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário
27º- Grande Comendador do Templo
28º- Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto
29º- Grande Cavaleiro Escocês de Santo André da Escócia
30º- Cavaleiro Kadosch ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra
Tribunais
31º- Grande Inspector Inquisidor ou Grande Juíz Comendador
Consistório
32º- Sublime Cavaleiro do Real Segredo
Supremo Conselho
33º- Soberano Grande Inspector Geral

A estrutura do R.E.A.A. é dirigida por um Soberano Grande Comendador que preside ao Sacro Colégio e aos Soberanos Grandes Inspectores Gerais. É um Corpo Maçónico com Jurisdição independente, reconhecido internacionalmente e que tem a responsabilidade de manter a regularidade.


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RITO DE YORK(RY)
RITUAL E RITO DE EMULAÇÃO(REm)
O Rito de York moderno também conhecido como o Real Arco, teria sido criado por volta de 1743 e levado para Inglaterra em 1777. É o Rito mais difundido em todo o mundo maçónico . É o Rito predominante nos Estados Unidos. Por ser teísta está mais ligado aos países onde predominam os cultos evangélicos, onde o clero tem dado o apoio e o suporte necessário à sua evolução e desenvolvimento. Neste país, a sua fundação vem do ano de 1799 pela mão de Thomas Smith Webb que lhe deu a estrutura e doutrina filosófica com procedimentos gerais adaptados ao sistema maçónico, pelo que é normalmente identificado como “Rito Americano ou de York”.

No entanto, o Manuscrito Régio de 1389 (conservado no British Museum em Londres), diz-nos que sob o reinado de Athelstan, na cidade de York no ano de 926 houve um grande Congresso de maçons, convocado e presidido por seu filho o Príncipe Edwin e que teria sido nessa magna Assembleia que a Maçonaria teve o seu primeiro Regulamento Geral. Já neste Regulamento havia regras de comportamento no trabalho, na sociedade e até dentro da igreja., entre outros.

Posteriormente, o Manuscrito de Coke em 1583 refere também esta Assembleia e as reuniões feitas pelo rei Athelstan que convocava e dirigia as assembleias dos numerosos maçons operativos, associados em guildas. Nesta fase a Lenda de York passou definitivamente da tradição oral para a tradição escrita da Maçonaria Especulativa.

Assim, os autores crêem que o Rito de York seria o rito tradicionalmente praticado desde os tempos do rei Athelstan e que confirma a multissecular tradição maçónica de acordo com o Livro das Constituições de 1723. Num outro manuscrito conhecido como a Constituição de York, diria que a tradução dos anteriores documentos em 1807 teriam passado do Latim( que era o idioma das pessoas cultas) para o Inglês e em 1808 para o Alemão pelo I:. J.A. Schneider. Esta última tradução é publicada pelo editor I:. Krause, conhecido pelo Manuscrito de Krause e que estaria muito próximo da Constituição da Grande Loja Unida de Inglaterra em 1813.

Esta é a lenda de York. Contudo perante tantas evidências históricas que confirmam a veracidade do seu conteúdo, a maioria dos autores chamam-lhe a “Tradição de York”.
Na união dos maçons “antigos”(Grande Loja dos Antigos -1751) e dos “modernos”(Grande Loja dos Modernos - 1717) em 1813 foi oficialmente aprovado o ritual dos antigos como ritual oficial da Grande Loja Unida de Inglaterra e naquele momento recebeu o nome de Ritual de Emulação( o Emulation Working) com a particularidade de se manter a tradição de nada escrever e por isso nada se sabe ao certo o que foi aprovado.

Mas até chegar a esta fase muito fizeram para conciliar as diferenças ritualísticas das duas Grandes Lojas rivais, passando pela Loja da Reconciliação que harmonizou os rituais durante 3 anos até que em 1816 foi aprovado um novo ritual mantido até 1986, ano em que a GLUI decidiu que todas as referências a penalidades físicas fossem omitidas dos juramentos assumidos pelos candidatos nos três graus e pelo Mestre Eleito na sua instalação, mas mantendo-as nas cerimónias noutro momento.

Apenas em 1969, o Rito de Emulação foi oficialmente impresso com autorização oficial da GLUI, embora nesse ano já existissem diversas impressões não oficiais. Embora denominado Rito, os Ingleses consideram-no mais como um Ritual. O Rito representa as regras e cerimónias de carácter sacro ou simbólico que seguem preceitos estabelecidos e que se devem observar na prática. Em suma, representa o sistema de organizações maçónicas.

O ritual representa o livro que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e por normas que deverão ser observadas em determinadas ocasiões. Isto é o cerimonial. Mas a principal característica deste Rito/Ritual é que todas as intervenções são realizadas de cor. No Rito de Emulação, os graus superiores estão agregados numa Loja de Marca ou num Capítulo do Arco Real com os seguintes graus:

- Mestre de Marca
- Ex-Mestre ou Past Master
- Muito Excelente Mestre
- Mestre do Arco Real
- Escocês Trinitário

Este é o Rito por excelência praticado em Inglaterra e largamente difundido em todos os paises de influência Inglesa. As jusisdições anglo-saxónicas mantém outras ordens de altos graus como por exemplo:

o Grande Conselho da Ordem dos Graus Aliados, o Grande Conclave da Ordem do Monitor Secreto, a Grande Loja e Grande Conselho da Real Ordem da Escócia, a Ordem de Cavaleiros Templários e Ordem de Malta(honorária), a Ordem da Cruz Vermelha da Babilónia.

Toda esta explicação era necessária para melhor compreendermos a génese do York.
Em relação ao Rito de York para além das Lojas Simbólicas (1º, 2º e 3º grau), os seus Altos Graus estão classificados assim:

GRAUS CAPITULARES
(conhecidos como Maçonaria do Real Arco)
*4º grau- Mestre de Marca
*5º grau- Past Master
*6º grau- Mui Excelente Mestre
*7º grau- Maçon do Arco Real
CONSELHO CRÍPTICO
(conhecido como Conselho de Mestres Reais e Escolhidos)
*8º grau- Mestre Real
*9º grau- Mestre Escolhido
*10ºgrau- Super Excelente Mestre
COMENDADORIA TEMPLÁRIA
(conhecida como Ordem dos Cavaleiros Templários)
*11ºgrau- Ordem da Cruz Vermelha
*12ºgrau- Ordem de Malta
13ºgrau- Ordem do Templo
Os graus Capitulares enfatizam as lições de regularidade, disciplina, integridade e reverência, a consagração do Sanctum Sanctorum e a descida do Espirito Santo no Templo. Ser exaltado como Mestre do Arco Real coroa de forma grandiosa os conhecimentos do Mestre Maçon.. É o momento em que a Lenda do Templo de Salomão é concluída. È o cume dos graus originais das Lojas Simbólicas, tal como praticadas nas antigas Lojas de Inglaterra antes de 1820. Estes graus explicam as origens da palavra substituta encontrada no grau de Mestre Maçon, o resgate da Palavra Inefável e o seu ocultamento no Real Arco. Os Capítulos são presididos e geridos por Sumo Sacerdotes.

A cúpula dos Graus Capitulares é um Supremo Grande Capítulo do Arco Real com jurisdição própria e reconhecimento internacional e é presidida por um Grande Sumo Sacerdote responsável por todos os Capítulos constituintes.

A Maçonaria Críptica forma o corpo central do Rito de York da maçonaria livre. Um Mestre Maçon que tenha aderido a um Capítulo de Maçons do Arco Real, recebido os quatro graus e queira depois procurar mais conhecimento pode ser admitido num Conselho de Maçons Crípticos. Os graus da Maçonaria Críptica são dos graus mais belos da Maçonaris Livre. A Maçonaria Livre é muito filosófica e ensina os seus ideais através de alegorias. É moralista e religiosa, mas não é uma religião. Não oferece uma teologia nem um plano de salvação. Contudo, oferece um plano moral para ser aplicado neste mundo.

O Rito Críptico tem o nome derivado da Palavra Críptica porque a cena dos graus de Mestre Real e Mestre Escolhido ocorre na Críptica subterrânea sob o Templo do Rei Salomão. A Palavra representa na alegoria maçónica a busca pelo homem de objectivos para a vida e para a natureza de Deus. Simbólicamente, a Maçonaria Livre ensina, na Loja, como a palavra se perdeu e sobre a esperança da sua recuperação. O Arco Real, no Capítulo, ensina como ela foi redescoberta. A Maçonaria Críptica, no Conselho, completa esta história ensinando como se preserva a Palavra inicial. O Grande Conselho de Maçons Reais e Escolhidos é presidido e dirigido por um Grão-Mestre Críptico sob cuja administração estão os Conselhos Crípticos geridos pos Ilustres Mestres.



As Ordens Cavalheirescas diferenciam-se de outras pela sua estrutura paramilitar. Os Estados Unidos por exemplo seguem a preceito a parafernália que é semelhante ao uniforme militar. Neste Rito só pode pertencer á Ordem do Templo quem for cristão.




A Comendadoria Templária com as respectivas Ordens da Cruz Vermelha, de Malta e do Templo está estruturada numa Grande Comenda de Cavaleiros Templários também com Comendas subordinadas. Estas Ordens Cavalheirescas são presididas por um Grande Comendador.

O Rito de York mantém para além da Ordem dos Sumo-Sacerdotes Ungidos e Consagrados e da Ordem da Trolha de Prata muitas outras estruturas de Altos Graus como por exemplo:
-Grande Conclave Imperial da Ordem de Constantino e das Ordens do Santo Sepúlcro e
de S. João Evangelista.
-Soberana Ordem dos Cavaleiros Preceptores
-Cavaleiros Defensores da Cruz
-Grande Conselho de Cavaleiros Maçons
-Ordem Maçónica de Bath
-Conselho de Grande Preceptores da Ordem de S. Tomás
-Grande Colégio dos Cavaleiros Templários do Arco Real.
-Cavaleiros Honorários da Cruz de York
E por outras estruturas laterais tais como:
-Alto Conselho da Sociedade Rosacruciana
-Real Sociedade dos Cavaleiros do Ocidente
-Grande Colégio de Ritos
-Conselho Imperial dos Nobres do Santuário Místico (Shrine).

Os Altos Graus do Rito de York apoia organizações maçónicas dirigidas por maçons, esposas e familiares como a Ordem de Amaranth, a Ordem da Estrela do Oriente, a Ordem do Santuário de Jerusalém bem como organizações para jovens, nomeadamente para rapazes a partir dos 12 aos 21 anos a conhecida Ordem DeMolay , e para raparigas a Ordem das Filhas de Job e a Ordem do Arco-Iris dos 12 aos 20 anos.

RITO ESCOCÊS RECTIFICADO-R.E.R.
O Rito Escocês Rectificado é um rito cristão com origem na Doutrina da Estrita Observância Templária do séc. XVIII (do Barão Carl von Hund -1722/1776- ) escrita no mais antigo documento maçónico francês (La carte inconnue de la franco-maçonnerie chrétienne). È um código maçónico cujo texto segue a lógica das Constituições do pastor Anderson mas sintonizado na crença do cristianismo como requisito primordial para a crença maçónica, o que o liga a uma tradição cavalheiresca que remonta aos cavaleiros templários.

O francês Jean-Baptiste Willermoz(1734-1824) – (iniciado em 1750, venerável em 1752 e grão-mestre em 1761) - realizou um intenso trabalho de pesquisa, condensação e depuração que resultou na sua actual versão. Willermoz sofreu a influência de Martinez de Pasqually fundador da Ordem dos Eleitos Coens (Elus Cohens) cuja obra continuou.

Willermoz foi assíduo frequentador das Lojas regulares françesas, dos Capítulos Templários Alemães da Estrita Obediência e dos Philalèthes, fundando em 1779 a Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa que reuniu à sua volta um grupo de maçons devotados a uma leitura espiritualizada e “mágica” dos ritos maçónicos, entre os quais Martinez de Pasqually, Luis Claude de Saint-Martin, Joseph de Maistre e o Conde de Saint-Germain.

Ensinava Willermoz que para encontrar a pedra cúbica, que contém em si todos os dons, virtudes ou faculdades, é necessário encontrar o princípio da vida. Esse espírito tem a faculdade de purificar o ser anímico do homem, prolongando a sua vida. E tem o condão de transformar os vis metais em ouro, encontrando-se nos três reinos da natureza. O Adepto teria que encontrar maneira de o manipular.

O código do Rito inspira-se no teosofismo de Martinez de Pasqually em que a doutrina esotérica deve comportar a revelação de verdades primordiais, comunicadas noutros tempos a seres privilegiados, mas com a possibilidade de ser transmitida aos que escolham a via do diálogo íntimo com o Criador.

O R.E.R. contou também com o trabalho de organização e depuramento ritualísta feito pelo Barão de Weiler, que rectificou algumas das lojas de Estrasburgo seguindo o rito da Estrita Observância Templária da Alemanha. Weiler instalou em 1774, em Lyon, o primeiro Grande Capítulo na região tendo colocado Willermoz como delegado regional. Posteriormente, foram constituídos mais capítulos em Montpellier e em Bordeaux. O sistema era constituído por 9 graus agrupados em 3 classes:

A primeira classe-Aprendiz, Companheiro e Mestre.
A segunda classe -Escocês Vermelho e Cavaleiro da Águia da Rosa Cruz.
A terceira classe -Escocês Verde, Escudeiro Noviço, Cavaleiro e Professo.
Estava e está ligado à mensagem de Amor e Tolerância do Novo Testamento sem detrimento da Justiça vinculada no Antigo Testamento.

Actualmente, o R.E.R. Completa-se por seis graus organizados em:
Lojas Azuis ou de S. João
1º - Aprendiz
2º- Companheiro
3º- Mestre
Maçonaria Rectificada
Lojas Verdes ou de Santo André
4º- Mestre Escocês de Santo André
Cavalaria Rectificada
Ordem Interior
5º- Escudeiro Noviço
6º- Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa
Existiam também os graus de inspiração sacerdotal integrados em Colégios de Profissão, hoje ocultos e portanto não praticados e que eram os Professos e os Grande Professos.

Os Altos Graus do R.E.R. são administrados por um Grande Priorado Independente sob a direcção jurisdicional de um Grão-Prior. E como todos os outros Altos Graus reconhecidos internacionalmente.

Todas as estruturas de Altos Graus mantem tratados de mútuo reconhecimento com a Grande Loja ou Grande Oriente a que os seus Irmãos pertencem e nos quais se devem manter em situação regular para poderem ter lugar naquelas estruturas.
Em resumo e para finalizar, na tradição judaico-cristã o conceito de rito refere-se a um corpo de tradição litúrgica normalmente correspondente a um determinado centro. Exemplos- falamos do rito romano ou latino, do rito bizantino , do rito ciríaco.
O conceito refere-se também a várias formas de actos religiosos agrupando três tipos de rito:

De Passagem, que produzem alterações na qualidade de um indivíduo(exemplo, os sacramentos do baptismo, do casamento ou de uma graduação);
Os de Adoração à divindade que tem lugar numa Igreja Cristã, numa capela, num mosteiro, numa sinagoga, numa mesquita;
E os ritos de Devoção pessoal que ocorrem em qualquer lugar sagrado ou numa peregrinação religiosa a um local de particular devoção (Fátima, Lourdes, Meca, etc...)

Na tradição simbólica e esotérica o rito é essencialmente uma expressão da interpretação dos usos e costumes da Fraternidade, das tradições transmitidas oralmente, desde que os maçons se reúnem a coberto para glorificar o Criador e evoluir na Arte Real. Isto, de acordo com as fontes de há 300 ou há 1000 anos.

O mais importante é que os ritos não são para os maçons e as suas organizações, bíblias, dogmas ou repositórios inquestionáveis de uma Verdade absolutizada ou sectarizada. São interpretações, exegeses, mergulhos na mais profunda dimensão dos Homens Livres, a sua profunda espiritualidade e sede de perfeição.
São caminhos mas não são O Caminho.

No décimo sétimo dia do quinto mês do A.D. de 2008 .
Alenquer, Bar do Além.
Victor A. Duarte, PGSIm., VGMhAd.

BIBILIOGRAFIA BREVE
Waite, Arthur Edward – A New Encyclopaedia of Freemasonary, Ed. Wings Books,
1966, New York.
De Hoyos, Arturo – Manual of the Degrees of The Antient & Primitive Rite of Freema
sonary, Colectanea, vol. 19 (Part 1,2,3) 2005-2007 G.C.R. of U.S.A.. Washington,D.C.
Ligou, Daniel – Dictionnaire de la Franco-Maçonnerie, Ed. PUF, 1998, Paris.
Crowe, Fred J. W. – Masonic Clothing and Regalia, Grange Publishing Works, 2007, Edinburgh.
Redman, G. F. - Emulation Working Today, Ed. Lews Masonic, 2007, Surrey.
Guimarães, João F. – Maçonaria (REAA), Ed. Madras Ltd, 2006, S.Paulo.
Anes, José Manuel – Um Outro Olhar/A Face Esotérica da Cultura Portuguesa, Ésquilo,
Ltd, 2008, Lisboa .
Gibran, Kahlil – O Profeta, Ed. Livros de Vida, Lda,2004, M. Martins.
De Carvalho, Luís Nandin -A Maçonaria Entreaberta, Ed.Hugin,1977, Lisboa.
Négrier, Patrick – Textes Fondateurs de la Tradition Maçonnique (1390-1760),1995, Ed. Grasset & Fasquelle, Paris.
Pereira, Pedro M. – Dicionário de Termos Maçónicos, Prod. Editoriais, Lda, 2008, Lisboa.
Riffard, Pierre – Dicionário do Esoterismo, Ed. Teorema, 1994, Lisboa.
Couto, Sérgio Pereira – Sociedades Secretas, Universo dos Livros, Editora, 200, S.P..
Adrião, Vitor M. – Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria, Ed. Dinapress, Lda, 2002, Lisboa.
Wikipédia Web, Ed. Online.

Thursday, May 15, 2008

Ultimas tertúlias do Bar do Além da época 2007/2008


Próximos almoços debate do
VIII ano do ciclo o Oculto`as Claras
da Tertúlia do Bar do Além, em Alenquer

sábado, dia 17 de Maio, as 12h

orador Vitor Azevedo Duarte
(past Grande Secretário da GLRP - http://www.gllp.pt/)
tema: Os altos graus da Maçonaria

sábado, 7 de Junho, às 12h

orador Eduardo Monteiro
(investigador guineense)
tema: O animismo espiritual africano

Nota: inscrição prévia indispemsavel por e-mail: bar.do.alem@gmail.com