Luís Nandin de Carvalho
No 40º aniversário do GIFI
Gabinete de Investigação de Fenómenos Insólitos
Lisboa, 10 de Dezembro de 2016, 16.30h
Palácio da Independência
Citação: o saber humano reside na intercomunicação entre o imaginário e o real, o logico e o afetivo, o especulativo e o existencial, o inconsciente e o consciente, o sujeito e o objeto, devido a hipercomplexidade cerebral da consciência. In Edgar Morin, “O Paradigma perdido- a natureza humana”, ed. Europa América, Lisboa, 1973, pág. 128
Começando por agradecer…. E felicitar o GIFI
O meu agradecimento aos promotores desta iniciativa semipública, logo de matriz de porta entreaberta. Apresento os meus parabéns pelo 40º aniversário do GIFI- Gabinete de Investigação de Fenómenos Insólitos, e uma primeira nota sobre a feliz convergência neste local, com esta denominação, nesta data, e já sob o signo da renovação anual pelo solstício de inverno, com o início do crescer dos dias a partir de 21 de Dezembro, do tempo de luz, e da submissão à radiação solar! Os meus agradecimentos também, aos meus colegas de mesa, onde se encontram simbolicamente, 3 membros e oradores da Tertúlia do Bar do Além, de Alenquer, que desde sempre cooperou com o GIFI.
Índice de temas:
1-A semântica, significado e conteúdo do conceito de mistério
2- Os mistérios insólitos e fantásticos
3- A perceção individual ou coletiva dos mistérios
4- A questão de fundo da Misteriologia e as metodologias
5- Mistérios e Teoria do Conhecimento. Conclusões.
1- Introdução semântica.
Na época em que vivemos, é sempre necessário contextualizar as afirmações que se fazem em público. Importa evitar que perante uma heterogeneidade qualificada de interlocutores, como é o caso, a não ponderação desta, faça incorrer o orador em mal entendidos, e desde logo contribuir para alimentar labirínticas polémicas indesejadas, e possivelmente, resultantes do atrevimento da sua ignorância.
Não desejamos incorrer em tal imparidade, sempre provável e de alto risco, perante a qualificação dos presentes e do track record da atividade do GIFI, ao longo dos seus 40 anos de existência, e de que hoje todos nós beneficiamos e homenageamos.
Todavia, há que definir agora, para a minha intervenção, um mínimo ponto de partida, e este, em vez de ser rebuscado em tratados, enciclopédias ou teses doutorais, ganha em facilidade de comunicação e de entendimento, se recorrermos ao Dr. Google, e este, tal como o Dr. Sabichão dos Jogos Majora, de antanho, aponta, logo à pergunta, - que são os Mistérios? para a resposta: -Wikipédia!...e que nos diz o seguinte:
Mistério, em geral, é algo secreto, escondido, de significado ou causa oculta; um fenômeno que ocorre e não se em conhecimento de quais as causas; algo que não se pode explicar. Também pode ser sinônimo de suspense. Mistério vem do grego, mystérion, coisa secreta, tem relação com a ação de calar a boca; o verbo é mýein, fechar, se fechar, calar, mýstes, que se fecha, o que guarda segredo, o iniciado.
Aprofundando, e recorrendo ao Dicionário de Filosofia (brasileiro) de Sergio Biagio Gregório, (ver aqui, de onde transcrevemos, com glosas, e por isso sem citações, um texto incluído no web site:
Mistério, é o que é inexplicado a posteriori ao fim da sua verificação como fenómeno, distingue-se pois dos casos em que independentemente da verificação comprovada, já há uma explicação prévia, ou seja, a afirmação de um dogma, como por exemplo: -que a Virgem Maria concebeu, nesse estado, Jesus Cristo, por obra do Espirito Santo. Aqui não há em rigor Mistério, pois os dogmas (sagrados, religiosos) não se inserem no conceito (profano) de mistério. A sua resolução e compreensão, situa-a se a outro plano, o da crença e o da fé.
O que é inexplicado, é o mistério e não o dogma, que esse sim, é inexplicável, e é o mistério, que nos deixa perplexo e incita à investigação (….) Na linguagem popular, indica tudo o que secreto e é ocultado, (ate por quem tenha a explicação) e que só é conhecida de um, ou poucos, que guardam sigilo, restando o fenómeno inexplicado para a generalidade das pessoas.
Nas religiões e Escolas antigas, “Mistérios” era o conjunto dogmático, de práticas, dos ritos e das doutrinas secretas que se davam em parte, ao culto popular e legal, reservado os dogmas apenas aos iniciados (…..) com símbolos que os aprontam aos iniciados, e os encobrem aos profanos.
Assim no sentido de dogma, se falava dos mistérios no helenismo antigo, e utilizado no plural, designava propriamente o culto e os ritos de certas religiões reservados aos iniciados (de iniciar nos dogmas, mistérios): estão neste caso os mistérios órficos, os mistérios de Dioniso; de Elên; de Enki/Suméria; de Ísis/Egipto; de Eleusis, de Deméter/Grécia; de Mithra e Zoroastro/Pérsia; de Melquisedek e Henoch/Hebreus; de Ódin/Celtas) ou das Escolas Arcânicas (de Luxor, Hermes e Alexandria/Egipto; Pitagóricas e Samotrácia/Grécia; Endovélico-Atlantes/Luxitânia; e dos Colégios Romanos), mistérios, todos eles sobre a de Compreensão do Universo, e do Cosmos, em último ratio.
Enquanto os Mistérios na teologia cristã, o mistério é um dogma de uma exigência da fé, só compreensível para além da compreensão humana, como, por exemplo, a Santissima Trindade que deriva do amor criador e salvador, de um Deus que se fez homem para salvar todos os homens, comunicando-lhes a sua própria vida imortal.
Toda a realidade, religiosa ou não, de conhecimento generalizado difícil, ou mesmo impossível, tem vindo a ser considerada como mistérios, enquanto a reflexão transcendental e/ou divina e mística, e a iniciação sacralizada, aliada ao desenvolvimento do conhecimento científico profano se tem desdobrado em explicações racionais e objetivas, que procuram desvendar o aparentemente opaco e oculto, e colocá-lo ao alcance da perceção e compreensão das inteligências humanas.
Desde muito cedo, que conceito de mistérios também faz parte portanto, do vocabulário cristão, a significar inicialmente os acontecimentos fundamentais da vida de Jesus, particularmente o seu nascimento e morte, bem como as figuras e os acontecimentos do Antigo Testamento que, num sentido alegórico, prefiguram "mistérios do Logos" (São Justino, Apologia, I, 13;Diálogo, 74, 91).
Mas logo que o inicial conceito grego de mistério se alterou, a partir, sobretudo, da teologia alexandrina e do neoplatonismo, foram entendidas como mistérios todas as grandes verdades da religião cristã, (dogmas) conduzida por Cristo, na sua função de mistagogo, o gnóstico cristão terá de passar por iniciação nos pequenos mistérios -como por exemplo a doutrina sobre a criação do mundo, como segredo de Deus, Criador) antes de chegar à iniciação nos grandes mistérios da comunhão com o Logos celeste, e do conhecimento da Trindade Pai, Filho e Espirito Santo.
Inteligíveis em si mesmos, mas só com referência à inteligência divina, os mistérios ou dogmas cristãos, podem ser-nos comunicados (mas não explicados) por revelação. E, uma vez revelados, é possível demonstrar que não são absurdos, e que o seu sentido pode ser apreendido pela fé, pois que, sem aquela, e de outro modo, persistem aspetos que a meditação e a experiência só esclarecem parcialmente. De resto, as verdades reveladas dirigem-se à crença (dos escolhidos) mais do que à inteligência, e sempre com o solicitar da sua adesão, não pela razão, mas por um ato de fé razoável.
No Cristianismo, acentua-se o caráter mistérico das verdades reveladas, já que ultrapassam as capacidades da razão para as conhecer só por si. Daí a ligação intrínseca de mistagogia, mistério e mística, traçando a ideia da comunicação voluntária e amorosa de Deus ao homem e, paralelamente, a exigência de uma iniciação, o que claramente nada tem a ver com os Mistérios do mundo Helénico, assentes na busca da compreensão do Cosmos e das regras Universais que o regem.
Se para o homem a finalidade do desafio do mistério, é o de poder ser desvendado e revelado, explicado e apreendido mediante uma iniciação no plano do conhecimento, e se para tal se exige para alem da simples motivação individual profana, mais do que isso, o agir com fé, e amor, tal implica sempre não só a pré-disposição do homem, mas a comunicação e a receção, como dom do divino. A solução então, não se afigura fácil pelas diversidades na divergência de caminho metodológico. Mas sempre se dirá, que a iniciação (transmissão) só se dá quando na enigmática equação Mestre e Discípulo, estão preparados simultaneamente.
Assim, uma prevenção importa registar: a descoberta da explicação dos mistérios, estará objetivamente ao alcance de todos (profanos)? Ou só está acessível, no patamar da possibilidade de serem desvendados, subjetivamente, a uns poucos, selecionados e escolhidos ou abençoados, previamente, por uma via sagrada ou espiritual?- Se assim for, a questão oculta de saber qual é o mistério, desloca-se da sua existência (intrínseca) para a existência de como se processou a escolha (extrínseca) do observador… o iniciado escolhido.
Deste modo, sempre se dirá, que a iniciação (transmissão) só se dá quando Mestre e discípulo estão preparados simultaneamente, simplesmente, no caso dos mistérios na aceção cristã, o ponto de partida é sempre o do sujeito recetor, ou seja, só a alguém, abençoado ou escolhido, e que bate a porta na demanda, é que poderá ser esclarecido do Mistério (s)….e a porta do conhecimento, neste caso não se abre aos não escolhidos.
Ora não é esse o mistério subjetivo de que nos ocupamos, mas sim o caso do mistério objetivo o que existe por si, e de per si, e não em função da qualidade do observador.
Coloca-se assim a dúplice aproximação interpretativa:
a) pela via espiritual e pela via mental, de forma intuitiva, e indutiva.
b) pela via material dita orgânica do racional preceptivo de forma dedutiva ”.
Anota o autor Alexandre Castro Caldas, (Ver do autor citado: “A Herança de Franz Joseph Gall- o cérebro ao serviço do comportamento humano”, Mc Graw Hill, pag.267):
……. A separação espirito/matéria, levanta a questão ”das relações entre a consciência, e os outros fenómenos mentais, por um lado, e o cérebro pelo outro: A consciência e todos os fenómenos mentais são causados por processos neurobiológicos inferiores do cérebro, e a consciência e os outros fenómenos mentais são características superiores do cérebro….(mas) … como se transforma a passagem do estímulo na sinapse, para um fenómeno consciente? Questionamos nós, -não será por fenómenos subconscientes de sono (ou perceção) vígil? – Trata-se de matéria de estudo para os neurocientistas, neurobiólogos e neurologistas, e mais cientistas e psicólogos da especialidade. Haverá que ponderar a possibilidade de obtenção de respostas objetivamente fiáveis pela via da intuição, da indução, da sensação, e da perceção emocional?
2- A questão dos mistérios insólitos e fantásticos
Pertence ao tema subjacente deste evento o conceito de Insólito, no quadro do tema Mistérios, e sob a questão ainda há mistérios hoje? Assim, a questão do insólito não pode ser ignorada.E sempre houve mistérios insólitos? E se hoje ainda há?
Insólito situa-se no sentido fora do comum (por extensão da etimologia de solitário) e decerto que sempre houve e haverá fenómenos insólitos e até fantásticos, sem confundir com fantasmáticos. O incomum, o raro, o fenómeno ad hoc e solitário, em si mesmo, não levanta problema analítico, e entra até no conceito de normalidade, por ser fora do normal, fora da pauta, e divergente do standard. Em si mesmo, o insólito e até o fantástico, não comporta um mistério…mas tão-somente uma razão de acaso, identificável no plano material e físico…naos e situam no campo do inexplicável, mas sim do eventualmente inexplicado no caso concreto, será o caso dos fenómenos de feira…a mulher de barba, a cobra de duas cabeças etc…
Tal situação está claramente, fora do nosso motivo de presença hoje, aqui e neste momento.
O que aqui nos interessa não é o nível de questionamento dos ditos fenómenos misteriosos, fantásticos, ditos mistérios, de nível material e substantivo. Em última análise estes fenómenos a esse nível, nunca serão autênticos mistérios inexplicáveis, mas apenas malformações ocasionais, mistificações ou deficiências de conhecimento, e situações de ignorância que o tempo tornará explicados.
Quanto aos outros, os que se situam a um nível metafisico, religioso, ou transcendente, já temos de vislumbrar uma resposta que o seu conhecimento pode advir dos caminhos da meditação e identificação pela iniciação profana, ao Logos do Cosmos universal, ou da revelação desejada pela via divina a quem com fé, a procura. A dificuldade está na informação que pode ser processada por um terceiro caminho a um nível não consciente, por exemplo, e por que via? (se física) ou magnética telepática (se espiritual).
Neste plano os fenómenos nunca serão insólitos, no sentido de solitários e/ou fantásticos, ou raros, embora se possam situar ao nível de uma perceção individual (ou de poucos indivíduos) - será o caso das aparições da figura de N Sra, em Fátima, ou antes de perceção coletiva, como no mesmo caso, terá sido o fenómeno do sol, mas aliás de natureza presencial.
3 -O Mistério como perceção individual, ou como conhecimento coletivo.
A noção básica de Mistério consiste à partida num fenómeno de perceção pela consciência individual, e que assenta num estado de incompreensão (por falta de explicação imediata e plausível) pela ignorância de uma causa da realidade, ou da sua representação, e que pode residir no observador, e de forma subconsciente, por exemplo, um sonho, uma visão, uma epifania, ou uma revelação, ou no consciente, em que o observador é colocado perante um fenómeno externo, desconhecido, e inexplicável ao nível da sua capacidade de entendimento, ou conhecimentos até então adquiridos.
Há a notar que a perceção individual pode resultar de fenómenos individuais do domínio explicável da psicologia, e das neuro ciências como poderá ser a situação de estados alterados de consciência, o que situam o campo de análise nas propriedades subjetivas do agente, que será esse o fenómeno a estudar por se apresentar como insólito, misterioso, ou fantástico (ou não), e não o que o agente descreve como o “fenómeno” que julga, ou considera, e que entende que lhe é exterior, como é por exemplo, a audição subjetivas de vozes, de visões, etc...
Se assim não acontecer, se existe perceção coletiva das realidades que são também percecionadas subjetivamente pela pluralidade de agentes, então importa averiguar se estamos fenómenos de (auto sugestão) ou sugestão coletiva, estados especiais de catarse, quiçá de efeitos hipnóticos induzidos, etc. o que retira todavia a integração de tais situações do domínio da metafísica, para os situar no campo de análise da materialidade física da sua expressão intrínseca, e portanto da relação causa/efeito da sua génese.
Em consequência, se um fenómeno se verificar perante vários observadores, consoante o seu grau de conhecimento, capacidade racional e experiencia anterior, como natural, esse mesmo fenómeno poderá assim configurar-se e explicado, como logico, normal, natural, e ser partilhado ou não, para todos, ou só para alguns.
Ou seja -poderá ser até um “mistério”, pontualmente e só, para um único observador, e nessa altura não haverá mistério algum, mas tão-somente ignorância individualizada, que se traduz numa inexplicabilidade meramente subjetiva.
Assim por exemplo, um texto escrito em árabe, ou chinês, pode ser um mistério quanto ao seu conteúdo, inexplicável porque ininteligível, para todos os membros de um grupo, (se ninguém conhece esta língua, ou não sabe sequer ler) ou só para alguns , admitindo a existência de falantes de árabe, ou chinês, no grupo, ou, finalmente, ser um mistério só para um individuo seja porque motivo for…ignorância da língua em causa, ser invisual, ou não ser capaz de ler a língua nem de a escrever, por ainda não ter adquirido essa aprendizagem….
Se ninguém, num grupo, ou num território de situação em apreço, consegue entender e “inteleger”, interpretar, e ganhar o conhecimento racional da razão de um fenómeno (integrando-o) então, temos um mistério objetivo, geral e comum, só desvendável, e explicável ao grupo por alguém de fora, que lhe seja exterior, e que partindo de outros parâmetros, culturais, físicos, geográficos, seja conhecedor da razão determinante do fenómeno, o consiga fazer entender com um facto natural, explicável, e demonstrável pelas suas causas, natureza e efeitos.
Trata-se de matérias que se situam, no domínio físico, e portanto no âmbito do conhecimento possível ser adquirido, seja pelo progresso da formação e educação, e da evolução da maturidade dos observadores, seja pelos avanços da ciência humana. Estes temas assim considerados em rigor, não são mistérios, porque uma vez explicados e entendidos deixam de subsistir como tais, tal como os fantasmas da Escócia, que deixaram de existir quando as pessoas deixaram de neles acreditar…
4- A questão de fundo da Misteriologia
Se a Misteriologia será a disciplina de estudo da explicação dos mistérios, por razões metodológicas conviria desde logo distinguir estes entre os meramente materiais, de expressão física e sensorial comum, e que podem integrar seja fenómenos da natureza, desde a Aurora boreal, aos terramotos, e demais fenómenos classificados como meteorológicos, aos vestígios arqueológicos de dimensões ciclópicas, desde as pirâmides, as estátuas da Ilha da Pascoa etc., dos todos os outros, de dimensão metafisica, e que são aqueles que mais se quadram no âmbito desta conferência em nossa opinião, e que por isso nos interessa profundar.
Que mistérios inexplicados subsistem? Ainda há hoje mistérios inexplicáveis? E até quando? -Quando serão desvendados ou explicáveis?
Não, hoje não existem Mistérios, enquanto ocorrências de coisas inexplicáveis.
Mesmo até o acaso e o insólito só se manifestam quando devem acontecer. O desconhecimento e a atrofia dos saberes de hoje tem muitas causas endógenas, mas as 3 principais têm nexo causal com:
a) Inexistência de pedagogia e de Instrução universal e Iniciática nos princípios das Ordens não dogmáticas.
b) Atrofiamento espiritual da Humanidade, exacerbando-se a religiosidade fundamentalista, o consumismo, e o distanciamento de valores espirituais
c) Imposição de raciocínios académicos de modelos padronizados, indutivos e dedutivos, sem desenvolvimento dos pensamentos analógico e axiomático
Mas sim, Hoje há mistérios inexplicáveis, ou mais exatamente um mistério maior, com o significado de ausência de conhecimento comprovadamente racional e cientifico, sem explicação material sobre o seu conteúdo e consistência, e que é a questão primordial:
Quem somos. Onde estamos e para onde vamos?
A questão colocada é de todos os tempos, e religiões e escolas iniciáticas e têm-se proposto dar a resposta sempre com preferência aos seus adeptos, recrutados ou aderentes de livre vontade, sempre com exclusão dos profanos. São raros eventos como o do GIFI com abertura (semi pública diz-se no convite) também aos outsiders ou profanos, como já em outros lugares, também defendemos como uma postura entreaberta de partilha.
Importante, é o movimento de abertura a questões metafisicas, em que o essencial do processo iniciático está na procura guiada, e na partilha participada, do aprofundamento do conhecimento, numa linha raciocínio racional, não exclusivamente dedutivo mas também indutivo, e não meramente empírico, ou pragmático, que não despreze o sentimento emocional, a visão transversal e a busca do conhecimento e da pluralidade de perceções, intuições e sensações, refletidas através da sincronicidade do self, como participantes que todos com essa consciência somos, do criado e criador universal TAO.
O EU só ganha individualidade no contexto do NÓS e dos OUTROS TODOS, que compõem, integram e formam o Universo, numa visão partilhada a várias correntes de opinião, que a Teosofia ajuda a compreender solidariamente, e que incluem a teorização panteísta, a rosa cruciana, a maçónica, e também a de diversas vertentes da religiosidade do divino, como por exemplo a franciscana- com a aceitação da magia da interação automática e pró ativa das sinapses que interagem entre o racional e o emocional, de modo não voluntariamente mental, mas indiscutível de forma eminentemente cerebral.
Neste percurso filosófico proactivo, convém lançar mão de todos os contributos das varias correntes e movimentos de pensamento, como é o caso do Movimento Transpessoal, que parte da noção de pessoa suscetivel de estados não ordinários de consciência, ditos de estados de consciência alterados, e que permitem percecionar uma realidade aumentada, (explicada por Vygotsky) comum a toda humanidade, em que a interação e inter-relação da suas componentes permitem atingir somas qualitativas de sincronicidade, (como proposto por Jung), superiores ao somatório aritmético partes quantitativas adicionadas, num processo de transmutação, que ultrapassa o cognitivo consciente, como atrás já vimos, e como adiante sustentamos, se pode exprimir pelo número de ouro.
Neste contexto, os mistérios que permanecem, e cuja compreensão e entendimento ainda não se acham generalizadamente acessíveis, bem podem ser seriados como sendo, entre outros os seguintes:
1- A caracterização natureza do planeta Terra no contexto Universal
2- A aplicação da teoria dos fractais na relação Terra/Universo
3- A caracterização humana terrestre, como espirito corporizado
4- A incorporação da centelha da espiritualidade na matéria
5- A coexistência, comunicação e interação entre os vários espíritos
a) Não corporizados
b) Corporizados
c) Entre uns e outros
6- O enigma da opacidade da diversidade das consciências humanas.
7- A transmigração e a reencarnação dos espíritos/almas
8- A questão do tempo e do espaço, e as dobras/cordas do tempo
9- A memória individual e a partilha individual da memoria coletiva
10- O coeficiente 1,618 da relação entre o material e o imaterial.
5- Mistérios e teoria do conhecimento- conclusões
A.J. Ayer já há muitos anos enunciou as questões essenciais da teoria do conhecimento, que se recordam para se poderem confrontar com a questão dos mistérios subsistentes, imediatamente atrás enunciados, ou seja, comprovadamente, temos direito a saber:
A) Aqueles mistérios são situações de incerteza evidentes em si?
B) Aqueles mistérios em si mesmos, são uma certeza evidente?
C) Quais as evidências da incerteza ou certeza desses mistérios?
Em síntese concluímos:
O caminho e desafio para a resposta consistem na procura e entendimento do cone do conhecimento, na busca dessa figura geométrica integradora do uno vórtice de topo, de onde dimana a projeção para a base circular, das realidades atomisticamente consideradas, e que integra envolvendo-as, para além da mera e simples hierarquia do pensamento dedutivo ou indutivo, como acontece no modelo limitativo da pirâmide.
Importa pois, a demanda ou busca de uma visão holística, e por isso inclusiva, e integradora de simbioses: o racional objetivo e o subjetivo emocional, numa correlação da proporção ou ratio universal de 1,618, o número de ouro, que favoreça o predomínio qualitativo do espírito sobre a matéria, e porque é uma centelha anímica elétrico magnética, parte do Universo, como somos parte também do seu pulsar gravitacional e físico, e da sua energia Prana, que constantemente inalamos em vida.
E porque a escolha do PHI? E não de outro número como as 64 CASAS idênticas às 64 combinações ADN, os 64 Hexagramas do I CHING e até o PI de 3,14 é o Septenário que divide os Arcanos (22) Maiores? A verdade é que preferimos empiricamente, aquela expressão da proporção de 1,618 maior denominador comum objetivo, existente na Natureza Terrestre, nosso ecossistema, a cujo pulsar obedecemos sincronamente, a qualquer outra proporção meramente aritmética como o PI de 3,14 ou meramente de escolha humana como as 64 casas do xadrez, ou dos elos do ADN, neste valor, meramente humano e não comum a todos os demais elementos da Natureza.
Importa ainda, correlacionar o PHI com a questão do quando, e do como, os princípios da Teoria da física e da mecânica dos Quanta sobre a ubiquidade do tempo, e do espaço incluindo o extra terrestre, permitam de forma crescente, ao maior número de seres, atingirem a compreensão desta realidade, e da certeza comprovada desta equação, e dos seus efeitos e consequências no caminho terreno, que cada um de nós percorre na preparação da sua ascensão final, numa polaridade atraída pela dinâmica do TAO, e imersa na densidade do Prana etéreo, de que todos comungamos.
A observação e aplicação da regra de ouro, permite possivelmente, um maior despertar de seres, para uma autêntica explosão de maior consciência individual e coletiva, gerando maior número de interessados na prática de raciocínios dedutivos e indutivos e também intuitivos, na busca de soluções para o problema do conhecimento, na valorização da dimensão racional, mas também da meditação transcendental e emocional, e na valorização das sensações e interconexões cerebrais, como resulta da citação de Edgar Morin com que iniciámos a nossa comunicação.
Ou seja, com ponderação do número de ouro, o caminho filosófico analítico situar-se-á, entre o vetor racional e o vetor transcendente intuitivo e emocional, aceitando-se sempre, que o espirito domina a matéria, na proporção do número de ouro do PHI, por isso mesmo obtido não de forma aritmética e racional, mas sim deforma empírica na investigação de uma correlação que está ínsita na (nossa) Natureza.
Assim, aplicando o PHI como pedra filosofal, ou de toque, dir-se-á, com a sabedoria popular que não basta trabalhar arduamente, com transpiração, se não houver inspiração. Dito de outro modo, o mistério da vida humana, nas suas 10 vertentes acima identificadas, terá de ser investigado e encontrado com base em estudo, raciocínio e propostas que respeitem o PHI, a proporção de 1,1618.
Em consequência, a realidade in totum da unidade, é superior a própria unidade, em cerca de 16,18% e esta é a sua dimensão supra real. A unidade material emerge in totum e deve identificar e integrar o peso dado pela proporção da dimensão metafísica ou espiritual do totum.
Deste modo, a verdade da unidade, transcende-a e ultrapassa-a naquela percentagem, que deve ser sempre procurada no campo metafisico para exprimir a verdadeira dimensão integral da unidade material, esta, que será sempre de 1, enquanto a sua expressão total atinge mais 16,18%, ou seja 1,1618.
Esta a nossa proposta para futuras investigações do GIFI, da Tertúlia do Bar do Alem e para outros Centros de Pensamento e Reflexão Independentes…Até atingirmos e sermos eternamente, parte do mistério absoluto e universal, ficando assim resolvida e explicada a por enquanto inexplicável questão de quem somos, de onde vimos e para onde vamos, ou onde ficamos.
Lisboa, LNC.10/12/216
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