Tuesday, December 12, 2006

PROGRAMA PRELIMINAR PARA 2007

ainda sujeito a confirmação em alguns eventos


Programa preliminar para 2007 (sujeito a confirmação)

SÁBADO, 20 Janeiro, Luís Resina, enquadramento astrológico de Portugal em 2007
SÁBADO, 17 Fevereiro, Teresa Maria de Matos, Espiritismo e espíritas
SÁBADO, 17 de Março, orador a indicar, Paganismo e culto do Endovélico
SÁBADO, 21 de Abril, João Rocha Pinto, Livre Pensamento e Livres pensadores
SÁBADO, 19 de Maio, Luís Graça, Do Castelo de Ceres ao Convento e Tomar
SÁBADO, 23 de Junho, Sheik Munir, Espiritualismo Islâmico

Aceitamos sugestões de temas e oradores por mail: bar.do.alem@gmail.com

Friday, December 08, 2006

Sucesso da tertúlia de 8/12/06 sobre Fernando Pessoa


Com a sala cheia do BAR do ALÉM, decorreu da melhor maneira a exposição de Pedro Basto de Almeida sobre alguns exemplares da biblioteca esoterica de Fernando Pessoa, anotada ou sublinhada por este, e que se encontra depositada na casa de Fernando Pessoa.

Intevieram no debate vários membros da Tertúlia, entre eles Luis Rezina, e Luis Rosa Dias, (foto) sobrinho do poeta e expoente da cultura portuguesa, que inclusive pemitiu a consulta de um Manual do seu tio, em Françês do rito maçónico escoçês, com diversos apontamentos a lápis de Fernando Pessoa, e que se encontra no espólio pertença da família.

Durante o almoço debate os membros da Tertúlia do Bar do Além, que esta nos eu VIII ano de actividade ininterrupta, elegeram lagunsa temas para serem abordados nas sesões mensais que serão retomadas em Janeiro, designadamente: os aspectos de enquadramento astrológico de Portugal no ano de 2007; o livre pensamento e os livres pensadores; Tomar, do castelo de Ceres ao Convento e seus subterraneos; o neopaganismo Portugues e o culto de Endovélico; a Iniciação, a pseudo Iniciação, e a contra iniciação; e ainda, Espiritualismo Islâmico.

Logo que disponível o programa definitivo sera divulgado neste BLOG, e enviado por mail a quem o solicitar para bar.do.alem@gmail.com

Sunday, October 01, 2006

Balanço da Maçonaria Feminina na Tertúlia de 21/10





Decorreu da melhor maneira e com elevada participação o almoço debate sobre maçonaria feminina, inclusive por parte de elementos presentes que se identificaram como sendo Maçons do GOL (Grande Oriente Lusitano) da GLLP/GLRP (Grande Loja Regular e Legal de Portugal, e da GLF (Grande Loja Femenina) e realizado na Tertúlia do Bar do Além.
Realizado no dia 21 de Outubro, às 12h, o almoço debate com a Prof. Dra Maria Helena Carvalho dos Santos, e moderado pelo Antigo Grão Mestre Ad Vitam da GLRP, sobre o tema Iniciação feminina na Maçonaria, será oportunamente, neste blog documentado com um texto de apoio, logo que este seja recebido.
As próximas iniciativas para este ano, nos meses de Novembro de 2006, já se acham agendadas, neste blog em outro post:
sabado 18 de Novembro, tema espiritualidade islâmica na Guine, orador Augusto Ali Jaló.

sexta (feriado) 8 de Dezembro, tema biblioteca esotérica de Fernando Pessoa, orador Dr. Pedro Basto de Almeida do GIFI, ver mais em http://gifi.pt
Para o ano de 2007 sera oportunamente calendarizado o programa que incluirá, provavelmente:
- Janeiro, Previsões numerológicas para o ano de 2007, por Joao Fernandes
- Fevereiro, Diáologo Ocidente/Oriente pelo Sheik Munir
- Março, Livre Pensamento e Livre Arbítrio porJoao Rocha Pinto
- Abril (tema a definir) por Jorge Sá

reservas por mail: bar.do.alem@gmail.com
tel 213552070

caso ROSWELL no Bar do Alem, Alenquer

Decorreu no ultimo sábado de Setembro na tertulia do bar do alem com grande participaçao a apresentaçao do tema Roswell pelo dr. Nuno Silveira, Presidente da Sociedade portuguesa de Ovnilogia, tendo na altura vários dos participantes questionando outros casos de situações de encontros imediatos de grau 1, quer em Lisboa quer em Tomar.
O texto da apesentação do Dr. Nuno Silveira, muito documentado e com vasto apoio bibliografico, esta disponivel no link (2) abaixo da SPO, não se reproduzindo o seu conteudo para não sobrecarregar a leitura deste Blog. Tambem se inclui aqui o link
para o filme video de toda a intervenção do Dr. Nuno Silveira
"http://video.google.com/videoplay?

link2
http://spo-ovnilogia.com/site2/artigo5.html">

Friday, September 08, 2006

recomeço das tertulias do bar do alem a 30 de setembro....

Bons dias...

como é do conhecimento deste blog os seus leitores tem o direito de participar nas tertulias do bar do alem, nas mesmas condições do que os seus membros, isto é, apenas com o pagmento do almoço debate (tudo incluido) por 17,50 euros/pessoa.
As actividades depois do verao recomeçam com o seguinte calendario, e sempre com a mesma metodologia, conferencia as 12h de um sabado, uma vez por mês, debate a seguir, e almoço no local pelas 13.30h. Lotaçao 30 pessoas, por ordem de inscrição, por e-mail ou tel 213552070. Quem estiver directamente interessado pode enviar o seu mail para bar.do.alem@gmail.com para ser informado de forma personalizada:

sabado 30 de setembro, tema ovnilogia e outros mundos, orador Dr. Nuno Montez Silveira. Ver mais em http://spo-ovnilogia.com
sabado 21 de Outubro, tema Maçonaria Feminina, oradora Dra Maria Helena Carvalho dos Santos
sabado 18 de Novembro, tema espiritualidade islamica na Guine, orador Augusto Ali Jaló
sexta (feriado) 8 de Dezembro, tema biblioteca esotérica de Fernando Pessoa, orador Dr. Pedro Basto de Almeida do GIFI, ver mais em http://gifi.pt

Decarvalho

Saturday, June 03, 2006

Adiado para outubro o almoço debate de 17 de Junho sobre MAÇONARIA FEMININA




O almoço debate da Tertúlia do Bar do Além, previsto para 17 de Junho contava com a presença da Prof Doutora Maria Helena Carvalho dos SAntos que já desempenhou funções como Grã Mestra da Grande Loja Feminina em Portugal. O tema a abordar era a inciação ~feminina na Maçonaria e o Prof Nanndin de Carvalho seria o moderador o moderador.
Porém a sucessão de feriados de 10, 13 e 15 de Junho veio aconselhar o adiamento desta iniciativa que será agendada para data confirmar em Outubro de 2006, com o mesmo tema e oradora.

Texto da Conferência de Miguel Gomes no Bar do Alem

A história da esgrima


A história do manejo das armas decorre paralela à da própria humanidade.
O homem tem vindo desde a sua origem, a inventar armas de madeira, de pedra e depois em metal. Serviam rapidamente para caçar, regularas querelas particulares, os combates entre tribos e entre nações.


A primeira lâmina de espada de que se tem notícia foi encontrada no túmulo de Sargão, o primeiro rei de Ur em Acade, é de bronze e é calculado ter mais de 50 séculos.
Entre todos os povos, o estudo do manejo das armas tomou imediatamente um lugar importante. Vinte séculos antes da nossa era, os chineses tinham já os seus mestres de armas.
No Egipto, a esgrima parece ter surgido 4 séculos antes dos jogos olímpicos da Grécia antiga. Com efeito o baixo-relevo do Templo de Medinet-Abou (Alto Egipto) construído por Ramsés III em 1190 A.C. evoca uma competição: as armas são emboladas, as mãos são protegidas por uma coquille análoga à do sabre, certos esgrimistas têm a face protegida por uma máscara. O júri e as organizações são reconhecidos pela pluma de que estão munidos.

Na Índia, um livro sagrado têm os princípios sagrados da utilização das armas, e os brammes davam lições em lugar público; sabe-se por Homero que eles empregavam uma espada longa que podia tocar de ponta e por corte.
Em Atenas, o Hiplomachie teve aceitação.
Segundo Platão, numerosos mestres (os hoplomachés) ensinavam ganhando significativa remuneração. Organizaram concursos para homens e crianças.

Por parte dos Romanos, não somente os gladiadores eram treinados na técnica do gládio, mas também os legionários, pelos "Doctores armorum". Exercitavam-se sobre o campo de Marte com o manejo do Vectis, espécie de moca que fazia as vezes de gladio. No ano 648, um cônsul fazia dar lições de esgrima aos seus soldados.
Confiava tais missões aos que formavam os gladiadores. Os mais hábeis recebiam dupla ração de víveres, os outros chicotadas.

Entre os povos que entram na história no início da Idade Média, o manejo das armas, de forma mais ou menos acertada, tinha igualmente uma grande importância. E não somente para a guerra mas também para os lances pessoais e duelos judiciais, cuja origem se atribui aos povos Escandinavos e Germanos, os quais rendiam honrar à Espada - Denominada "ESKERMIE" - dedicando-lhe hinos. Nestas civilizações até os próprios reis se submetiam a duelos.
Com a queda do império Romano, as tribos Germanas que haviam conservado em grande parte os seus costumes espalharam-se por toda a Europa. O duelo desenvolveu-se em conjunto com a Cristandade, admitindo-se como prova material dos "Desígnios de Deus", prática que continuaria durante toda a idade Media como parte integrante da cavalaria.

Os Francos tiveram como armas ofensivas, principalmente uma espada curta, forte e afiada, com melhor tempera que a dos seus antepassados os Gauleses - mais bravos que bem armados.
Durante a dinastia Carolíngia generalizou-se o uso de coletes de cotas de malha para resguardar o corpo. Esta protecção rapidamente se completou com mangas e calças de malha. Mas foi fundamentalmente durante a dinastia dos Capetos que os combatentes para se protegerem se carregaram de ferro.

O combate entre cavaleiros quase invulneráveis fez aparecer uma esgrima singular, sobretudo quando à cota de malha se veio juntar a armadura lisa, compostas por placas de ferro, cuja fabricação se irá aperfeiçoar até ao século XVI. Esta esgrima consistia em derrubar e romper armaduras com pesadas armas. Criaram-se armas especiais para penetrar nas juntas das armaduras e para as atravessar.

No século XIV apareceu a espada a duas mãos: era pesada e comprida a fim de quebrar os membros através da couraça. O documento mais antigo data de 1410: evoca a necessidade de suprimir o adversário por todos os meios. Em 1443 o alemão Talhoffer descreve a esgrima a duas mãos, com machado, pique, escudo, adaga, punhais, etc.
Durante muito tempo a esgrima fez-se sem habilidade, só reinando a força brutal. Graças ao progresso da civilização e mercê das guerras, as armas aperfeiçoaram-se, os métodos de combate progrediram e descobriu-se as vantagens da habilidade da ciência e da astúcia sobre a força.

No século XVI produs-se um fenómeno totalmente inovador no panorama da esgrima. A descoberta da pólvora na Europa e aperfeiçoamento das armas de fogo, que ao contrario do que nos leva a pensar, foi muito útil para o desenvolvimento da esgrima pois tornaram as armaduras obsoletas. A nobreza teve que se debruçar num manejo mais hábil da espada pois o povo e burguesia perante a impossibilidade de adquirir armaduras devido ao seu elevado preço se tinham especializado na habilidade para suprir a falta de protecção.
Ao que parece a esgrima moderna teve o seu ponto de partida em Espanha. Em 1474, os espanhóis Pons e Pedrós Torres escreveram os primeiros tratados do desporto.
Aí se manteve estacionário, um tanto teórica, até aos meados do século XVI, depois desenvolveu-se na Itália. Estudada como uma ciência exacta, expandiu-se depois para toda a Europa.

No século XVI uma nova arma aparecia: A Rapiére; cuja guarda continha os "trous" a fim de poder apanhar a lâmina adversa. As armaduras são sucessivamente substituídas pelo broquel, adaga e a capa.

O século XVII é aquele em que a esgrima conhece o seu verdadeiro impulso.
Em primeiro lugar o aparecimento do Florete, armas inofensiva de lâmina flexível, terminada por um botão em forma de flor, que permitia simular o duelo sem risco de ferimento.
Depois a invenção da máscara que aumenta as possibilidades de treino. E sobretudo o estudo aprofundado das posições e movimentos como testemunham as obras que foram sendo publicadas em numero crescente: " A academia da Espada" (G. Thibaust, 1628), "Teoria da arte e prática da Espada" (Philibert de la Touche, 1670), "O exercício das armas e o manejo do florete" (Le Perche du Coudray, 1676), "O mestre de armas no exercício da espada" (DE Liancour, 1686) e "A arte do feito de armas ou da espada" (Labat, 1696), para citar só os mais conhecidos até ao fim do século

O século XVIII caracteriza-se por uma prática muito convencional: as saudações, reverencias e outras posições afectadas ocupam um lugar importante.
Os últimos tratados do século XVIII e os primeiros do XIX são mais científicos, vêem-se aparecer muitos mestres de armas, atiradores de execelente nível , ou velhos oficiais do exército de Napoleão. A França conhece a viva predilecção pela esgrima o que provocará uma ebulição de ideias sobre a sua prática e ensino. Como "Tratado de Arte de Armas" (1818), La Boessière é o primeiro autor a dar as directivas pedagógicas para a composição de uma lição. La Faugère, Jean-Louis Gomard ("La théorie de l'escrime", 1845), Bertrand, Camille Prévost ("A teoria da esgrima", 1886), J.J. Renaud, entre outros, os técnicos mais célebres.

O Conde Koenigsmarken, da Polônia, inventa, em 1860, a espada de lâmina estreita, mais próxima da espada para esgrima que se conhece hoje. Em 1891, o Dr. Graeme Harmond transforma a esgrima em desporto de competição nos Estados Unidos.
Fim do século XIX é assinalado pela renovação dos Jogos Olímpicos: em Atenas em 1896 pela iniciativa do Barão Pierre de Coubertin, ele próprio grande esgrimista. A esgrima é representada por 4 países e 13 atiradores nas modalidades florete e sabre. A espada entra no calendário a partir das Olimpíadas de Paris, em 1900.

Também nos jogos Olímpicos de Paris, mas em 1924, surge a primeira competição feminina, de florete.
A partir de 1906 criam-se as primeiras federações nacionais de esgrima e em 1913 nasce a Federação Internacional. A partir desse momento organizam-se as grandes competições, dá-se forma a um regulamento internacional para as provas e se aperfeiçoa o desporto da esgrima.
Desde essa data até aos nossos dias muitas foram as evoluções experimentadas mas a que mais deve ser assinalada é sem duvida o desenvolvimento tecnológico do registro electrónico que permite assinalar o toque através de um aparelho sinalizador.






A história da Esgrima
Miguel Andrade Gomes
21 Maio de 2006
http://www.miguelgomes.com/

Sunday, May 21, 2006

Foto do almoço debate de dia 20 de Maio




Depois de uma excelente intervenção de Miguel Gomes, e longas trocas de impressões de esclarecimento de dúvidas e questões, decorreu da melhor forma o almoço no restaurante do Bar do Além (foto parcial) onde se prolongou a conversa sobre os gládios, as rapiers, as espadas medievais e floretes, à volta de um bacalhau à brás e de uns copos de vinho da região, da Quinta da Abrigada.

Thursday, May 04, 2006

tertúlia de dia 20 de Maio: Espadas desde dos templários



Miguel Gomes, Mestre de Armas, Campeão do Mundo de Esgrima artística, e personagem multifacetada, no dia 20 de Maio, sábado às 12h, será o orador da próxima Tertúlia, e almoço debate do Bar do Além, sobre o tema Evolução do simbolismo da Espada dos Templários aos nossos dias.
Na altura serão feitas demonstrações com vários tipos de lâminas, e explicados os seus significados, funções e épocas históricas. Consultar entretanto www.miguelgomes.com .
Será moderador Luis Nandin de Carvalho.
Inscrições convenientes devido ao facto de a lotação ser limitada.
Tel 934289375, bar_do_alem@gmail.com
A Tertúlia do Bar do Além funciona no Alenquer Camping, EN N9, Km 94, em Porto da Luz, Alenquer. (Saída da AE 1, Lisboa Porto, em Alenquer. Sinais de CAmping a partir da 1ª rotunda.

Tuesday, April 18, 2006

RESUMO DO LIVRO DE JORGE MORAIS A APRESENTAR NO ALMOÇO DEBATE DE 22 de ABRIL

A implantação da República em Portugal, em 5 de Outubro de 1910 (completam-se agora 95 anos), não foi resultado exclusivo da revolta militar personificada na Rotunda pelo comandante Machado Santos e apoiada nas ruas pelas células carbonárias de Lisboa.
Uma conspiração internacional, envolvendo a Maçonaria inglesa e a Família Real britânica, deu aos revoltosos portugueses a garantia prévia (e escrita) de que a Inglaterra, a França e a Espanha não levantariam um dedo para salvar a Dinastia de Bragança.
E só depois de obtida esta garantia o estado-maior revolucionário avançou para pôr fim à Monarquia mais antiga do Continente Europeu.

Numa reconstituição historiográfica exaustiva, agora publicada em livro sob o título “Com permissão de Sua Majestade”, o jornalista e investigador Jorge Morais sustenta que, em 5 de Outubro, as tropas revoltosas se limitaram a seguir o “sinal verde” dado a partir de Londres pelo poderoso “lobby” liberal radical (em que pontificavam altos dignitários maçons, homens de negócios ingleses com interesses na África portuguesa e jornalistas de influência internacional) com conhecimento e permissão de dois membros da Família Real britânica: o próprio Rei Jorge V e seu tio, o Duque de Connaught.

Na sua obra, baseada em documentação de grande rigor historiográfico mas apresentada numa linguagem acessível ao leitor comum, o autor relata como, em Setembro de 1909, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, Sebastião de Magalhães Lima, viajou secretamente para Londres a fim de obter garantias da congénere inglesa (cujo Grão-Mestre era então o Duque de Connaught, filho favorito da Rainha Victoria e irmão do Rei Eduardo VII) de que o golpe em Lisboa teria a aprovação do Governo de Sua Majestade, chefiado por Asquith e integrado por Winston Churchill, Lloyd George e Edward Grey – maçons de inegável peso na política mundial da época.

Valendo-se de uma teia de cumplicidades maçónicas, políticas, jornalísticas e financeiras, Magalhães Lima voltou a Londres em Julho de 1910 (já com o Rei Jorge V no Trono), agora acompanhado pelo abastado homem de negócios e dirigente republicano José Relvas, para ouvir da boca de um membro do Governo inglês a confirmação de uma “neutralidade compreensiva”.
A posição das autoridades de Londres, expressa por escrito num Memorandum secreto a que o autor teve acesso nos Arquivos Nacionais britânicos, permitiu aos revoltosos lançarem-se confiadamente numa revolução que, sem esse apoio, falhara de tentativa em tentativa nos 20 anos anteriores. E, com efeito, três meses após o seu encontro reservado no Foreign Office, a República estava implantada em Portugal.

“Com permissão de Sua Majestade” traça o quadro político, nacional e internacional, em que decorre esta conspiração; comprova a ligação dos principais intervenientes à Maçonaria e ao “lobby” radical europeu; transcreve correspondência, até hoje mantida no silêncio dos arquivos, entre a Grande Loja Unida de Inglaterra e altos dirigentes do Grande Oriente Lusitano; reconstitui as viagens do Grão-Mestre português e a sua passagem pelas Lojas de Londres; evidencia o ambíguo papel do Rei Jorge V (primo do último Monarca português, D. Manuel II) em toda a trama; e revela por extenso o Memorandum do Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros que permitiu aos revolucionários de Lisboa implantarem, por fim, a República em 5 de Outubro de 1910.





Thursday, March 30, 2006

camping, autocaravanismo e turismo!

camping, autocaravanismo e turismo! é o blog do patrocinador do Bar do Além, Alenquer Camping visivel no site www.dosdin.pt/agirdin. Noticias de viagens, com fotografias, e utilização de autocaravanas (AC) ou camping cars ou motor homes conforme se utilize a lingua francesa ou inglesa.

Notícia tambem de restaurantes e tasquinhas de preço acessivel

Monday, March 27, 2006

A propósito da tertúlia de 22 de Abril, nota sobre um livro recente do orador...



A implantação da República em Portugal, em 5 de Outubro de 1910 (completam-se agora 95 anos), não foi resultado exclusivo da revolta militar personificada na Rotunda pelo comandante Machado Santos e apoiada nas ruas pelas células carbonárias de Lisboa.
Informação editorial sobre Jorge Morais em www.via-occidentalis.blogspot.com
Uma conspiração internacional, envolvendo a Maçonaria inglesa e a Família Real britânica, deu aos revoltosos portugueses a garantia prévia (e escrita) de que a Inglaterra, a França e a Espanha não levantariam um dedo para salvar a Dinastia de Bragança.
E só depois de obtida esta garantia o estado-maior revolucionário avançou para pôr fim à Monarquia mais antiga do Continente Europeu.Numa reconstituição historiográfica exaustiva, agora publicada em livro sob o título “Com permissão de Sua Majestade”, o jornalista e investigador Jorge Morais sustenta que, em 5 de Outubro, as tropas revoltosas se limitaram a seguir o “sinal verde” dado a partir de Londres pelo poderoso “lobby” liberal radical (em que pontificavam altos dignitários maçons, homens de negócios ingleses com interesses na África portuguesa e jornalistas de influência internacional) com conhecimento e permissão de dois membros da Família Real britânica: o próprio Rei Jorge V e seu tio, o Duque de Connaught.
Na sua obra, baseada em documentação de grande rigor historiográfico mas apresentada numa linguagem acessível ao leitor comum, o autor relata como, em Setembro de 1909, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, Sebastião de Magalhães Lima, viajou secretamente para Londres a fim de obter garantias da congénere inglesa (cujo Grão-Mestre era então o Duque de Connaught, filho favorito da Rainha Victoria e irmão do Rei Eduardo VII) de que o golpe em Lisboa teria a aprovação do Governo de Sua Majestade, chefiado por Asquith e integrado por Winston Churchill, Lloyd George e Edward Grey – maçons de inegável peso na política mundial da época.
Valendo-se de uma teia de cumplicidades maçónicas, políticas, jornalísticas e financeiras, Magalhães Lima voltou a Londres em Julho de 1910 (já com o Rei Jorge V no Trono), agora acompanhado pelo abastado homem de negócios e dirigente republicano José Relvas, para ouvir da boca de um membro do Governo inglês a confirmação de uma “neutralidade compreensiva”.
A posição das autoridades de Londres, expressa por escrito num Memorandum secreto a que o autor teve acesso nos Arquivos Nacionais britânicos, permitiu aos revoltosos lançarem-se confiadamente numa revolução que, sem esse apoio, falhara de tentativa em tentativa nos 20 anos anteriores.
E, com efeito, três meses após o seu encontro reservado no Foreign Office, a República estava implantada em Portugal.“Com permissão de Sua Majestade” traça o quadro político, nacional e internacional, em que decorre esta conspiração; comprova a ligação dos principais intervenientes à Maçonaria e ao “lobby” radical europeu; transcreve correspondência, até hoje mantida no silêncio dos arquivos, entre a Grande Loja Unida de Inglaterra e altos dirigentes do Grande Oriente Lusitano; reconstitui as viagens do Grão-Mestre português e a sua passagem pelas Lojas de Londres; evidencia o ambíguo papel do Rei Jorge V (primo do último Monarca português, D. Manuel II) em toda a trama; e revela por extenso o Memorandum do Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros que permitiu aos revolucionários de Lisboa implantarem, por fim, a República em 5 de Outubro de 1910.

Saturday, March 25, 2006

Próximo almoço debate sábado, dia 22 de Abril, 2006

Dia 22, sábado o orador será Dr. Jorge de Morais, escritor, jornalista, poeta e historiador.
O tema será: A relação entre a maçonaria inglesa e a implantação da República em 1910.
Moderador: Prof Dr. Luis Nandin de Carvalho
Início pelas 12h na tertúlia do Bar do Além, no Alenquer Camping (ver localizaçao em www.dosdin.pt/agirdin)
Almoço pelas 13.3oh no local, preço tudo incluído 17,50€(entradas, carne de porco à portuguesa, sobremesa surpresa, vinhos, cerveja ou refrigerantes e café).
Na ocasião estará a venda o recente livro do autor, Com permissão de Sua Magestade, prevendo-se também uma sessão de autógrafos
lotação limitada, inscrições prévias necessárias por mail bar.do.alem@gmail.com, ou telemovel 934289375
...................
As tertúlias seguintes terão lugar no sábado 20 de Maio, com a Doutora Célia Costa sobre o Ritual Templário, e no dia 17 de Junho com a Prof Doutora Maria Helena Carvalho dos Santos, sobre a Iniciação na Maçonaria Feminina.

Thursday, March 23, 2006

Somos todos mágicos? por Antonio de MAcedo (membro da Tertúlia)

SOMOS TODOS MÁGICOS?

por António de Macedo


Palestra proferida na Tertúlia do Bar-do-Além (almoço-debate), em 22 Fevereiro 2003, Alenquer.

Within the armour is the butterfly and within the butterfly — is the signal from another star.
(Dentro da armadura está uma borboleta, e dentro da borboleta está o sinal duma outra estrela).
Philip K. Dick, Man, Android and Machine

O que é a Magia?
Sinceramente não sei lá muito bem, talvez porque seja possível considerá-la segundo diferentes perspectivas, variando correlativamente as respectivas definições… Aliás, não gosto muito de definir coisas, porque já dizia o antigo sábio, definir é limitar, e neste caso (e em minha humilde opinião), a Magia é ilimitada e ilimitável!
Não sei se já repararam que o título desta despretenciosa conversa é uma pergunta. Ora, quem pergunta quer saber! Ou seja — eu não sei, e gostava que me dessem alguma resposta! Será que somos todos mágicos? Todos, mesmo? Ou só alguns? Ou, quem sabe, talvez nenhum? Ou talvez apenas aqueles que tiraram o respectivo curso, como o Harry Potter na Escola de Feitiçaria de Hogwarts?…
Dizia eu há pouco que a Magia é ilimitada e ilimitável… Não acreditam? Ora comecemos por alguns exemplos:
— a Magia dum pôr-de-Sol num mar de Verão;
— a Magia dum sorriso de criança;
— a Magia duma obra de arte que nos encanta…
Que Magia é esta?
Fascinação, graça, enlevo, sedução… ou feitiço!? Feitiço lembra feitiçaria… que é talvez uma forma de baixa magia, mas não percamos agora tempo a discutir isso. Os prosaico-pragmáticos dirão apenas: Oh! Não passa duma metáfora, a magia dum sorriso… Bom, metáfora ou não, um sorriso no momento certo tem um espantoso poder de cura — não será isso Magia, e da melhor?
Mas ainda há mais: vejamos uma outra espécie de Magia, e uma das não menos curiosas:
— a Magia da Ciência.
Que tal? Bom, já estou mesmo a ouvir os comentários: não pode ser! Ou é Magia, ou é Ciência!… Mas a verdade é que parece que por vezes, no espírito do ser humano contemporâneo, a Ciência tem a sua Magia, e uma Magia eficaz, que através da tecnologia produz os efeitos mais surpreendentes: a fissão nuclear, os computadores, os clones, as viagens espaciais, a engenharia genética, a VA [Vida Artificial]…
E não só! Em geral associamos a Magia a um poder que produz efeitos visíveis por meio de forças invisíveis — ora, a verdade é que estamos rodeados, para não dizer constantemente interpenetrados, por forças invisíveis (e nem sequer me refiro ao invisível da religião ou da mística, ou dos pressentimentos e dos sonhos), mas já que falámos em Ciência, e, por arrastamento, em Tecnologia, aí vai:
— basta-nos referir o invisível electromagnético que «governa» as nossas vidas com surpreendentes efeitos visíveis e é tanto ou mais fantástico que os assombros e prodígios das histórias mágicas de bruxas e feiticeiras dos séculos passados: a electricidade, as ondas de rádio, o telemóvel, a TV, os raios-X, o ciberespaço, a ressonância magnética nuclear, a Internet, o comando a distância sob todas as suas formas, a RV [Realidade Virtual], os infravermelhos, as microondas, a electrónica em geral…
Será esta a Nova Magia?
¿Terá a ver com as novas modalidades em que a «velha Magia» se intercruza com as novas tecnologias? Por exemplo, os New Agers usam cristais sólidos (tal como as novas tecnologias usam cristais líquidos) para memorizar, armazenar e processar «espírito»; os praticantes de channelling e os adeptos de OVNIlogia transformam as «mensagens» recebidas em «informação viva». Por outro lado, muitos cristãos evangélicos acreditam que a tecnologia das comunicações, que leva a Palavra (o Verbo!) aos recantos mais remotos do planeta, é o rastilho que contribuirá para fazer acelerar o «fim dos tempos», tal como se lê no Novo Testamento: «E este evangelho do Reino será prègado em toda a orbe, para dar testemunho a todos os povos, e então virá o fim» (Mateus 24, 14). Alguns chegam ao ponto de afirmar que os Anjos do Apocalipse não são mais do que os satélites globais de comunicações.
E quanto à velha Magia, já agora?
A velha é muito velha, vem dos arcanos tempos dos Colégios de Magos — do Egipto, da Caldeia, da Pérsia, donde teriam vindo os famosos Magos que seguiram a Estrela de Belém até ao Presépio onde havia nascido o Salvador do Mundo.
Sem querer entrar em excessiva pormenorização histórica, para o que não tenho nem capacidade nem aqui o tempo, basta-nos adoptar a distinção que os antigos Gregos faziam entre os que se dedicavam às kryptai technai (lat. secretae artes), ou seja, uma distinção tripartida:
De imediato vinha o que os Gregos chamavam o goês (pl. goêtes), o mágico vulgar, que se dedica a fazer «passes mágicos» e adivinhações populares, muitas vezes apenas ilusionistas, de tal modo que essa palavra acabou por ter a conotação de charlatão, bruxo, impostor. A magia praticada por esses, a Goêteia, já no tempo de Sócrates (séc. V a. C.) se identificava com superstição e impostura.
Um bom degrau acima temos o magos (pl. magoi), de que o Evangelho de Mateus nos dá como exemplo os que vieram do Oriente em direcção a Belém da Judeia, seguindo a Estrela que os conduziu ao berço do Salvador. Os verdadeiros magoi eram uma classe iniciática e sacerdotal que proveio da Média e da Pérsia, e entraram em cena na Grécia no século VI a. C.
Pelo testemunho de fontes tão diversificadas como Heródoto, por um lado, ou a Bíblia, por outro — o sonho do Faraó (Gen 41, 8), o sonho de Nebuchadnezzar (Dan 2,2), etc. — sabemos que os Magos invocavam o fogo do céu, propiciavam sacrifícios, interpretavam sonhos, augúrios e obravam prodígios. Mas, com o correr dos tempos, tão-pouco os magoi escaparam ao anátema: nos primeiros séculos da era cristã — talvez por influência das acusações dos apologetas «ortodoxos» cristãos (p. ex. Justino o Mártir, Ireneu de Lião, etc.) — também já eram acusados de pertencer a torpes sociedades secretas, e de praticar incesto, adoração de maus demónios, sacrifícios humanos, canibalismo, barbarismo, etc.
Finalmente, a mais elevada classe de magoi era constituída pelo que os Gregos chamavam theios anêr, o «homem divino» (atenção!, «homem» varão, e não «homem» ser humano em geral!). O theios anêr era um deus ou um daimon disfarçado, percorrendo o mundo em um corpo aparentemente humano. O «homem divino» podia fazer tudo quanto o magos podia fazer, nomeadamente a prática do bem (embora também pudesse amaldiçoar os «maus»), mas era sobretudo capaz de realizar milagres e prodígios graças ao poder divino que tinha em si, sem precisar de rituais nem de incantações exteriores. Um exemplo de «homem divino» é-nos dado por Cristo Jesus: reparai que todos os «prodígios» ou «sinais» que Ele realizava, fazia-o sem precisar de palavras encantatórias, gestos rituais ou traçado mágicos, que eram imprescindíveis ao mágico vulgar como lemos nos manuais de Magia desses tempos.
Um outro exemplo documentado de theios anêr é o do pitagórico Apolónio de Tyana, contemporâneo de Jesus, cuja exaustiva biografia, redigida por Filostrato a pedido da imperatriz romana Júlia Domna (sécs. II-III d. C.), contém muito material que os estudiosos consideram em parte verdadeiro, e em parte fantasioso, sendo que este útimo faria parte duma espécie de «encomenda» do Império romano para fazer dele um herói mítico do seu paganismo, por oposição à crescente e preocupante disseminação cristã.
Seja como for, e quer se trate de «velha» Magia com as suas ramificações de Hermetismo, de Astrologia, de Alquimia, de Theo-Sophia (Mestre Eckhart, Paracelso, Giordano Bruno, Jacob Boehme, Eckartshausen, Swedenborg, Schelling, etc.), dos ocultismos do século XVI (Agrippa) ou do século XIX (Eliphas Lévi), do Teosofismo de Helena P. Blavatsky ou ainda da «recuperação» da tradição mágica da Wicca, — ou da «nova» Magia da Ciência e das tecnologias de que falámos, os princípios são sempre os mesmos:
— O universo é uma central global de força e energia;
— Essa energia está em tudo e em todos — é o princípio das correspondências;
— Essa energia, ou essa força, pode ser concentrada e armazenada;
— Essa energia, ou essa força, pode ser «programada» ou modulada com alteração da sua qualidade vibratória;
— Essa energia modulada constitui um «poder» que pode ser dirigido com uma finalidade específica para exercer efeitos sobre determinado alvo ou função.
A diferença entre a «velha», ocultista, e a «nova», tecnológica, está nos intrumentos utilizados: a velha utiliza varinhas, cristais, velas de diversas cores, óleos, palavras misteriosas, símbolos, incenso, cânticos, etc. e, sobretudo, o PODER INTERNO DO MAGO, ao passo que a nova utiliza fios eléctricos, microchips, circuitos integrados e outros utensílios e aparelhagens dependentes de leis da Física, da Química, da Matemática, etc. que podem ser manipulados «por fora», sem o concurso do poder interno do mago — neste caso, entenda-se, do técnico ou do simples utente que saiba carregar nos respectivos botões.
Mas mesmo sem entrar em tecnologias «mágicas» que são um dos grandes feitos da nossa época, penso que podemos dizer que de facto «somos todos mágicos», na linha do que descobriu o erudito padre dominicano André-Jean Festugière (1898-1982), estudioso das religiões antigas, das mitologias greco-romanas, do Hermetismo, do Cristianismo primitivo: ao analisar o Corpus Hermeticum, que ele traduziu na íntegra, Festugière julgou discernir nesse material uma clara diferença entre o que ele chamou um «Hermetismo popular» e um «Hermetismo erudito». No primeiro incluiu a Astrologia, a Alquimia e as Artes Ocultas, ao passo que o segundo seria uma Philo-Sophia gnóstica mais sofisticada que acentua o poder que o ser humano tem para descobrir dentro de si o conhecimento (Gnôsis) de Deus e do Cosmos — ou seja, no fundo o ser humano é um daimon astral em disfarce corpóreo, capaz de recuperar os seus poderes cósmicos através da Gnose, ou da sua natural capacidade de iluminação mística.
O próprio Cristo nos dá uma pista incontestável.
Se Ele disse: «Aquele que crê em mim, as obras que eu faço, também ele as fará, e maiores do que estas fará» (João 14, 12) — logo, somos todos mágicos, ou melhor: Magos!
Mas será realmente assim? Na verdade, Jesus pronunciou esta afirmativa no Sermão da Ceia, não no Sermão da Montanha (ou da Planície!) — o que significa que estava a dirigir-se aos «escolhidos», e não às multidões em geral…
Não tenhamos receio: trata-se apenas de um ou outro degrau temporário! As multidões estão apenas num degrau abaixo na escadaria da Evolução (ou da Iniciação, para quem opte por entrar numa Escola de Mistérios), mas subirão um dia, porque a Evolução é ascendente.
Nem podia ser de outro modo, o simples facto da vinda histórica de Cristo como Salvador e Redentor é a prova de que todos somos «escolhidos», pois Ele mesmo o disse: «Não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo» (João 12, 47). Bastaria que um só de nós se perdesse, e a Sua missão teria sido vã: logo, somos todos escolhidos, somente depende do nosso esforço ascendermos mais depressa ou mais devagar.
Além disso, Ele foi muito explícito quando afirmou aos Seus discípulos em Cafarnaúm: «Em verdade vos digo, o que ligardes na terra será ligado nos céus, e o que desligardes na terra será desligado nos céus» (Mateus 18, 18).
É um ensinamento importante, este de Jesus aos Seus discípulos: tudo quanto se ata ou desata cá em baixo, tudo quanto se tece ou destece, projecta-se para o alto e tem um efeito análogo nos reinos supra-sensíveis e por conseguinte no Banco Cósmico (Central de Energia Acumulada), além de que vai construindo — ou desfazendo — a nossa futura morada «nos céus».
Quereis um exemplo da nossa magia, singelamente humana mas altamente eficaz?
Quando, instintivamente, pousamos a mão sobre o ombro ou sobre a cabeça dum parente ou dum amigo que está a sofrer, para lhe transmitirmos ânimo e lhe darmos «apoio moral», no fundo estamos a repetir um gesto dum ritual mágico muito antigo, que encontramos reproduzido em grutas pré-históricas, em baixos-relevos egípcios ou expresso noutras culturas e civilizações, incluso no Cristianismo: a «imposição das mãos». Este rito é eficaz, de um ponto de vista do «Mago» (e não do goês, entenda-se!), porque primeiro o Mago ergueu a mão, ou ambas as mãos, de palmas para cima para receber o influxo benéfico da divindade (ou da Energia Cósmica), armazenando-o em si e podendo portanto transfundi-lo, através das mesmas mãos, a outrem.
Até em simples jogos infanto-juvenis como «brincar às adivinhas», ou em jogos pré-adultos como queimar uma alcachofra ou atirar as meias por cima dos pés da cama, ao deitar, para «ver» qual o nome do/da namorado/a que as meias formaram ao cair, a tentação mágica subjaz em todos nós — nem que seja com a desculpa da imaturidade.
Mas mesmo depois, já mais velhinhos, quando preenchemos o boletim do Totoloto ou do Totobola, no fundo estamos, sem nos darmos conta, a «convocar» (para não dizer invocar) alguma misteriosa força invisível que nos transmita o dom da precognição e nos faça acertar nos resultados correctos. Até no acto ritual de apagar as velas dum bolo de aniversário, ou ao fazer um brinde tocando nos copos, emitindo votos de bons desejos, estamos a convocar as energias positivas para o bom sucesso dalguma coisa — ou longa e feliz vida para o aniversariante, ou êxito na empresa, ou situação, que justificou o brinde.
Por isso devemos ter o maior cuidado com o que pensamos, dizemos ou fazemos, pois todos somos receptores e emissores de energia, logo, cuidado! podemos estar a fazer magia negra sem o saber, basta um ressentimento, uma inveja, um dito rancoroso, um acto de vingança, uma projecção de ódio — e as energias invisíveis desencadeadas dirigem-se para o alvo. O que é muito grave, por todas as razões, não só pelo prejuízo que tal atitude causa no nosso avanço espiritual, mas também por razões de mera segurança pessoal: se o alvo está protegido — e muitas vezes basta ser uma pessoa boa sem maus sentimentos, ou correctamente devota, ou bem-fazeja, ou que esteja nesse momento a ter pensamentos amorosos e positivos — dá-se o «choque de retorno», e o emissor de energias malévolas apanha com o ricochete daqulo que emitiu.
O erro dos baixos mágicos é que usam e abusam das energias invisíveis, que buscam controlar para a obtenção de inconfessáveis proveitos pessoais. Cuidado, pois! Longe de nós a veleidade de pretender fazer-nos servir pelo sobrenatural — e muito menos pelo divino. Até no emprego duma simples oração é preciso a maior cautela! A oração é uma poderosa invocação mágica, sem dúvida, e por isso nunca a devemos usar para mudar as coisas, a vontade ou a maneira de ser dos outros e muito menos os desígnios de Deus — mas única e exclusivamente para louvá-Lo, render-Lhe adoração e agradecer-Lhe, ou, quando assuma a forma de súplica, para nos sabermos amoldar à Vontade Divina com aceitação compreensiva do que a razão não alcança — e grato júbilo. Quando estou enfermo e rezo: «Meu Deus, cura-me!», devo logo acrescentar, seguindo o exemplo de Cristo: «Pai, que se não faça porém a minha vontade, e sim a Tua».
E por aqui me fico, porque ficarmo-nos com a Vontade de Deus é compreender luminosamente que a Vontade de Deus é Boa, e que se eu souber amoldar a minha Vontade à Vontade Divina, estou de certeza a contribuir não só para o meu Bem, mas para o Bem de todos nós.

António de Macedo

Heraldica Sagrada por Joao Fernandes (membro da Tertúlia)

HERÁLDICA SAGRADA
Palestra do Coronel João Fernandes,
Membro da Academia Lusitana de Heráldica,
Proferida no Bar do Além, em Alenquer, em 15/12/2001


HERÁLDICA SAGRADA

Caldeus,Assírios,Egipcios,Gregos,Romanos,Celtas,Vickings,Muçulmanos, Germanos,Visigodos,Suevos,Ordens Monástico-Militares e tantos outros povos da Antiguidade, da Ásia e das Américas, quer em jogos de guerra ou lutas, cenarizavam os seus Exércitos com uma panóplia de símbolos e vestes que pretendiam potenciar o armamento usado, certificando-se ainda, por oráculos e pinturas na pele, que os Deuses ou Divindade caminhavam com eles e os protegiam.
Estandartes, escudos, lanças, espadas, diversas armas de arremesso e tudo o que servia na luta corpo-a-corpo, passou, gradualmente, com a indumentária guerreira, a traduzir uma simbologia em 3 vertentes principais, ordenando-se, ao mesmo tempo, as hordas em Exércitos.
Assim:
Invocar e evocar o símbolo das Divindades em luta.
Criar um cenário de terror no adversário, elevando, em contrário, o Moral das hostes.
· Adaptar a simbologia a um posicionamento e movimentação sinalética, ordenando o tipo de armas, mecanizando-se a manobra e transmitindo-se ordens pelo movimentar dos símbolos, irrelevando-se assim o analfabetismo das tropas ou a linguagem dos estrangeiros a soldo.
Nesta fase ancestral ou ainda recente em muitas tribos, tempos de semideuses ou heróis da guerra, onde as muralhas ou os lugares eram guardados por figuras dos deuses ou animais mitológicos, selvagens ou horrendos, quais gárgulas das igrejas cristãs ou dos templos antigos, começou-se, progressivamente, a associar símbolos, armas e animais, a virtudes e feitos. Perpetuava-se na pedra, nas pinturas e na escrita as vitórias das diferentes civilizações, onde as mais desenvolvidas materializavam a sua mito-história e os feitos de guerra em Arcos de Triunfo, nos túmulos dos reis, chefes e heróis, podendo mesmo ocorrer cemitérios vivos de representação, pela pedra, pela cerâmica ou com os próprios actores humanos na crença do imortal, como acontece ainda em algumas seitas ou na razão de se matar a mulher quando morre o marido, ainda em recente memória.
Todo o positivo de implantação e conquista territorial dos povos, alicerçado no sobrenatural e no divino, com Hércules ou Jasão, Péricles ou Alexandre, Ramsés II ou Moisés, Júlio César ou Carlos Magno, Viriato ou
Afonso Henriques, passou a arquétipo dos povos, dos seus heróis e lugares


(raiz do Deus Lug), com uma sedentarização cada vez mais acentuada, por motivos de defesa, comércio e expansão.
Hoje associamos mais a génese da heráldica aos tempos da Idade Média, dizendo-se que os primeiros Brasões de Armas foram do Rei Eduardo, o Confessor (reinado 1042-1066), fundador da Abadia de Westminster, um Escudo de Cruz floreada com cinco Pássaros, ou o criado por Henrique de Inglaterra, Duque da Normandia, para ser imposto a seu genro Geoffroy, filho do Conde de Anjou, em 1128, em dia de Pentecostes, o Escudo “lionceaux d´or”, ano do Concílio de Troyes, onde foi instituída a Regra Templária, baseada na Regra de Santo Agostinho.
Em minha opinião prefiro dizer que um dos primeiros Escudos da Europa é o do Conde D. Henrique, de prata e Cruz azul, de raiz sagrada, inspirado na Ordem do Templo, tanto mais que o encontramos igual nas Armas de Marselha, região primeira dos Templários e do Primeiro Cartulário desta Ordem, porto lendário e mitológico de chegadas de figuras sagradas do Novo Testamento. Talvez também pelo arquétipo da Terra Santa, graças à Cavalaria Teutónica, HERÁLDICA, tem origem na palavra germânica HARIWALT, com a sua correspondente franca HÉRAULT ou HÉRAUT, significando mensageiro ou criador. Assim HERÁLDICA é uma mensagem criada com o fogo de um arquétipo que irá sedimentar as tradições e as genealogias de pessoas, lugares ou grupos. Brasão é essa brasa de fogo que fará arder o seu criador ou o grupo criado, caso se desvirtue a sua mensagem.
Surge assim uma ciência de regras simples, decorada com arte, primeiro sagrada, depois profanizada, para perpetuar os actores das guerras, ora senhores feudais, reis e demais nobreza, clero e ordens monástico-militares, bem como as tradições dos lugares, castelos e lutas, avocando-se, de per si, uma representação figurada das suas origens, depressa transformada como ARQUÉTIPO nas descendências, reinos e organizações. Toda esta representação toma a forma de um Brasão de Armas, onde o Escudo e o Timbre são os dois principais elementos a traçar, nos quais é insuflado o Fogo do Arquétipo, deles emanando uma mensagem a perpetuar, complementada e explicitada numa Divisa.
Com as Escolas Iniciáticas da Antiguidade e os saberes metamorfoseados dos Colégios Romanos, Sufis, Celtas, Nórdicos e das Ordens Religiosas, a construção- base da heráldica obedece a duas regras principais de raiz cósmica e celestial, cujos princípios já estavam expressos há muitos séculos no próximo e extremo Oriente. A primeira é a associação ao septenário da Criação. A segunda é a divisão no quaternário material do Mundo, após a queda lendária do Ser Humano e dos Anjos. Assim pela primeira regra surge um ternário associativo de SETE cores, com o binómio planeta-ciclo zodiacal:
v MERCÚRIO---SAGITÁRIO---PÚRPURA
v VÉNUS-----------GÉMEOS------ VERDE
v MARTE---------CARNEIRO----VERMELHO
v JÚPITER--------TOURO----------AZUL
v SATURNO---CAPRICÓRNIO-NEGRO
v SOL---------------LEÃO-------------AMARELO
v LUA------------CARANGUEJO--BRANCO
Sendo o Sol e a Lua, com o seu amarelo e branco, o símbolo alquímico do ouro e da prata, por isso não tomando a designação de cores mas sim de metais.
Com a grande influência das Ordens emergentes de Jerusalém ( Templo, Santo Sepulcro, Malta, Sant´Iago da Espada e Teutónica ), foi desenvolvido o octógono das cores-metais, acrescentando-se o laranja do espectro solar ou arco-íris, em nada se alterando a geometria sagrada da construção, hoje cada vez mais ausente, mas que ainda se vê no Grande Tenente de sustentação dos 72 Brasões de Armas das Famílias de Portugal Manuelino, no Paço de Sintra, o mesmo número das escadas de Jacob, numa sala de 14mx13m, um mesmo octógono que circunda o Brasão de Armas do Papa Leão X, uma das raras representações papais da Árvore da Vida.
Pretendeu-se atingir a mística Estrela de 8 Pontas, já representada nos Mistérios de Ísis, conferindo aos Brasões um fecho octogonal simbólico, semelhante aos das Catedrais, dando também à heráldica uma plenitude mística comparada aos chakras do corpo humano, cabendo ao Sol e à Lua o papel de cimentar as cores na soldadura de Vulcano, o Espírito Santo Crístico, onde, por isso, não é permitido fundir o ouro e a prata, o LEÃO de FOGO e o CARANGUEJO da ÁGUA, sob pena de Saturno devorar o Brasão, como o fará se as cores forem sobrepostas sem metal, contrariando a lei da decomposição da luz no prisma de Cristal.
A segunda regra, de base quaternária, dando origem ao ESQUARTELADO do Escudo, segue a divisão do Paraíso Celeste narrado por quase todas as religiões, personifica os 4 Reinos deste Mundo e segue a compartimentação do coração humano, com duas aurículas e dois ventrículos, achando-se no seu centro superior o ponto sagrado do Escudo, onde se enrola toda a energia do Brasão, como no Báculo do Bispo, mas também onde ela se pode perder, designando-o também a linguagem heráldica como “ponto do abismo”, como se o seu detentor activasse a energia de todos os seus vórtices, descontroladamente, levando-o à loucura e à demência, como sucedeu a tantos Reis e Rainhas, como no caso de D. Maria I. Esta regra depressa foi violada na sua singeleza divisória, obrigando a novas subdivisões interiores do Escudo, mas por cautela do nefasto não se violou a adição teosófica de 4=10, ou seja 4+3+2+1, a base decimal ou do dízimo sagrado. As razões principais deste ritmo expansivo foram:
q Alargamento de posses de terras, com os seus arquétipos e títulos
q Figuração de uniões por casamentos, filiações e origens de linhagens
q Materialização dos princípios heráldicos, contrários à espiritualidade do seu traçado, cada vez mais falantes e abarrocados que evocativos e simbólicos do saber iniciático
Como em qualquer construção harmónica, de origem divina ou sacra, é essencial um trinitário de base.
Um Brasão de Armas assenta no ESCUDO-ELMO-TIMBRE, as peças fundamentais de uma mensagem a perpetuar ou de uma missão a cumprir. Como no guerreiro, se o escudo e o elmo faziam parte da sua protecção, o timbre conferia-lhe ilusão de altura, terror, força ou misticismo, como nos cornos dos Vickings ou nas plumagens cavaleirescas, nas cabeças de animais ferozes ou dos símbolos imperiais. Assim o Timbre heráldico é algo que não deve emergir do Escudo, mas sim do Mundo Astral, ainda que personificado ou emblematicamente desenhado numa figura, convencional ou não, desse mesmo Mundo manifestado, através dos reinos da Natureza ou da mitologia. Para que não houvessem dúvidas na mensagem do Brasão de Armas dava-se uma DIVISA que queria traduzir o seu FOGO. Se este FOGO também emanasse do Mundo Astral, ou dele se invocasse protecção, então encimava-se-lhe uma outra, como figura no Brasão de Armas do Exército de Portugal: POR SÃO JORGE. Então podemos dizer que DIVISA-ESCUDO-ELMO-TIMBRE é o quaternário harmónico do FOGO-MENSAGEM que deve assentar nos Valores da Ética e da Moral, emergentes das lendas, mitos, tradições, feitos, missões e objectivos, quer individuais quer colectivos, dando assim origem a diferentes classificações, por áreas, do estudo da ciência heráldica, v.g. militar, religiosa, genealógica, mas que a poderíamos dividir em duas grandes áreas, no objectivo desta abordagem: SAGRADA e PROFANA.
A dualidade atrás exposta não é, no real, tão simples assim. Excluindo a mais barroca, sem mensagem, ou a mais falante, sem arquétipo, as sementes da construção do traçado, sobretudo no escudo, existem nas duas. No entanto, o olho nu, distinguimos um traçado de geometria sagrada e uma construção meramente assente nas regras heráldicas, quantas vezes vazia de FOGO-MENSAGEM, talvez mesmo escolhida pela beleza, assistindo-se hoje a verdadeiros crimes de traçado face ao que se quer expressar. De início, a difusão da Cruz , da Flor-de-Lys, da Águia, do Leão, do Leopardo e animais mitológicos foi dominante. Depressa se alargou a outros símbolos, tais como animais, vegetais, minerais e inertes, partes do corpo humano, instrumentos diversos ou mesmo simbologias de organizações iniciáticas, umas mais explícitas que outras. Vejamos exemplos:
Ø Lobo, urso, cavalo, veado, galgo, touro, vaca, javali, gazela ou cervo, cabra, esquilo, carneiro, falcão, íbis, galo, truta, serpente, “golfinho”, peixes e conchas
Ø Rosa, oliveira, sobreiro, videira, trigo, cacto e diversos troncos, folhas, palmas e glandes
Ø Montanhas, rochas, corais, diamantes e objectos diversos como harpas, âncoras, chaves, arcos-de-tiro, espadas, adagas, achas-de-armas, martelos, esquadros, rodas, castelos, torres, ameias, palácios, navios e barcas
Ø Mãos, corações, cabeças, braços armados ou não, cálices, sóis, luas, hóstias, cometas, estrelas, colunas dóricas, jónicas ou corínticas e toda uma estilização falante para não se invadir a heráldica com uma arte naífe.



Com toda esta vasta simbologia, muitas vezes mais directa e falante que representativa e arquitepal, é essencial uma rígida padronização centralizada, cuidadosamente aconselhada e corrigida, antes cometida a sábios REIS-DE-ARMAS, antepassados de Sacerdotes ou Iniciados nos Mistérios Maiores, integrantes das Ordens Monástico-Militares, depois também assistindo os Reis( em Portugal iniciado com D. Manuel I, antes nas Ordens Portuguesas ), mas, progressivamente, caminhando-se para a separação do sagrado e do religioso, com raras excepções nos nossos tempos, onde a decisão por vezes reside no vistoso e por quem não detém saberes ancestrais, passando tais factos mesmo em eclésias ditas iniciáticas ou religiosas, plagiando-se ou juntando-se, a esmo, símbolos sem integração no Arquétipo invocado ou na Divisa lavrada.
Se o Leão, o mais difundido a seguir à Cruz, conjuntamente com a Águia, representa a coragem e a magnanimidade, nalgumas mensagens ele é o Leão de Judá, o Leão de S. Marcos, o Leão de Hércules, o Leão Alado que guardava os Templos da Ásia, de que são exemplos as Armas dos Papas: São Pio X, João XXIII e João Paulo I. No campo mitológico o Dragão é outro exemplo de difusão ancestral, com significação de domínio ou protecção, mas também não deixando, quando esverdeado, de estar associado a Vénus, a Estrela da Manhã, como era visto ainda em Estandarte dos Suevos e hoje na dança do COCA, no Minho.
Em iluminuras Sagradas, como a da Coroação da Virgem Maria por Cristo, onde a Trombeta Celestial parece avisar-nos do perigo do Dragão externo, havia sempre o cuidado, mesmo tratando-se de Elevadas representações, de rodeá-las de um Escudo, de uma ovalização ou quadratura Celeste. Tal prática é similar também na sustentação das Armas, chamando-se Tenentes às figuras Sacras e Suportes às figuras terrenas.
Outro aspecto mais curioso da heráldica é o CARBÚNCULO do ESCUDO. Embora se admita a sua origem próxima nas Armas do Reino de Navarra, certo é que este termo já era conhecido da Antiguidade como um mal vertido na pastorícia, mas também usado como arma “biológica” por quem profanasse os túmulos. Certo é que as Armas dos 4 primeiros Reis de Portugal assim estão guardadas. Os Reis seguintes parecem ter ido mais longe no saber iniciático, rodeando a Cruz dos Escudetes por 14 Castelos, tantas as divisões do Corpo de Osíris, depois unificado, estabilizado em 8 Castelos até D. Manuel I, ou com variantes de 10 que só encontram razões no saber judaico, como Sefirotes da Árvore da Vida. Quaisquer que sejam as opiniões, certo é que não está no Arquétipo Místico de Portugal ter a nossa Bandeira Nacional 7 Torres. O CARBÚNCULO minou a I Republíca e continua a sua senda, como quem tivesse violado uma múmia egípcia.
O desvirtuar da raiz sagrada dos Brasões de Armas, numa abordagem de credo cristão, encontra razões no declínio das Ordens Religiosas e Militares, nos fluxos e refluxos dos períodos Renascentista, da Reforma e Contra-Reforma, na separação Igreja-Estado, na Revolução Francesa, na via anti-cristã de parte significativa da Franco Maçonaria e no materialismo racional dos Reis de Armas ou a eles afins. Mas as principais culpas surgem dos próprios Papas até ao Sec. XX. Vejamos um bosquejo deste historial, tão ricamente ilustrado na obra do Arcebispo Jaques Martin, “ A Heráldica do Vaticano”, Prelado da Cúria Romana até aos finais do séc. XX:
v O pai da Capela Sistina, o Papa Sixto IV(1471-1484), ao dar início ao século dourado do Sagrado Renascentista, verdadeiramente desenvolvido pelo seu sobrinho, o Papa Júlio II(1503-1513), com a mão de Miguel Angelo, viu toda a sua obra boicotada pelos Médicis, pela mão do Papa Alexandre VI, o Papa anti-Renascimento, prepotente na acção, sendo disso exemplo a feitura do Tratado de Tordesilhas sem ouvir Portugal, preparando-se D. João II para invadir Espanha.
v Esta família Medicis recebe do Rei de França, Luís XI, em 1465, o privilégio de passar a usar a Flor-de-Lys. Os Papas Médicis, LeãoX, Clemente VII, Pio IV e Leão XI, transportam assim para o Brasonário do Vaticano um símbolo alheio à missão papal, conquanto emblemático e sacro para o Brasão de Armas de França, sob a custódia do Arcanjo São Miguel, homenagem prestada pelo Papa João XXIII nas suas Armas, face à sua missão de Nunciatura no final da II Guerra Mundial neste país.
v O Papa Gregório XIII não só manda pintar nos frescos de Roma os massacres da Noite de São Bartolomeu, como faz entrar o Dragão Heráldico nas suas Armas, arquétipo alheio ao tradicional da Igreja de Roma, agravando-se a sua associação, com o Papa Paulo V(1605-1621) à Águia Imperial Romana, fazendo do seu Pontificado, pela mão do arquitecto Carlos Maderno, um reinado de esplendor e ostentação.
v Toda a Contra-Reforma, pela mão do Papa Alexandre VII(1655-1667) vai desvirtuar o místico inicial cristão, já muito abarrocado pelos Papas Urbano VIII e Inocêncio X, espalhando-se pela Europa Centro-Meridional uma acção-reacção de simpatia dos prelados pela nova concepção heráldica dos símbolos. É o século XVII de Bernini, o novo Miguel Angelo de Roma, um período onde Papas destroem obras de arte, chegando mesmo Bernini a reconstruir o que já havia feito. É erguido o famoso Trono de São Pedro, em bronze, são levantadas as 140 figuras dos Apóstolos, Papas e Bispos, onde hoje São Vicente deixa de ter a sua Barca na Praça de São Pedro
v Mas é a partir do Papa Benedito XIII(1724-1730) que todo o Brasonário Papal e os dos Dignatários da Igreja se complica. Os Papas começam a construir os seus Brasões de Armas à custa de três elementos, em simultâneo: Armas de família, Armas das Ordens de formação e as Armas de Títulos anteriormente usados.
v Exceptuando-se algumas Armas Papais no século XVII, como as de Urbano VIII, membro da Ordem de Cristo, com a evocação das Abelhas e as de Inocêncio X, o Papa do Ano Santo de 1650 e de Velasquez, evocando a Pomba do Espírito Santo e difusor na pedra do Angelical de São Tomás de Aquino, será o Papa Leão XIII(1878-1903) que irá por fim a um Brasonário mais falante que místico e sagrado, situação que até hoje se mantém, salvo com o Papa Paulo VI que enquadra as Armas da sua família Monttinni (montes desenhados) no traçado, havendo mais pureza sacra em Pio X, João XXIII e João Paulo II. Leão XIII foi desenterrar o sagrado profético de São Malaquias, com a Divisa prevista pelo Santo “UMA LUZ NO CÉU”, introduzindo-se pela primeira vez nas Armas Papais o cometa, uns defendendo que devia estar virado à direita, outros à sinistra, de qualquer forma um símbolo heráldico dos novos sinais dos Tempos, profetizado séculos antes.
Infere-se deste cenário de alguns séculos que a Europa dos heráldicos andou ao sabor do historial do credo cristão, mas dividido-se também o seu traçar por 3 grandes áreas de influência: católica, ortodoxa e protestante. As raízes medievas mantiveram-se muito tempo em Portugal até finais do sec. XV, por 3 razões principais:
· Uma ancestralidade alicerçada nas Ordens Monástico-Militares, influenciada também por cisterciences e franciscanos, com o rigor francês trazido por D. Afonso III, antes pelo Conde D. Henrique, alinhando o primeiro Brasonário de Portugal, cujo historial está bem documentado em 4 obras principais: Brasonário de Portugal de Armando de Mattos; Arquivo Heráldico-Genealógico de Sanches Baena; Armaria Portuguesa de Braamcamp Freire; Armorial Português de Santos Ferreira.
· Uma mito-história própria e ímpar na Europa, onde as Armas dos Reis e do Reino, como as das famílias e lugares, ligada à Fundação do país, faz brotar os feitos e lendas associados aos Árabes, depois aos Descobrimentos, tudo isto “semeado” pelas Cruzes das Ordens do Templo, de Cristo, de Avis, de Malta e de São Jorge, fazendo elas também parte das genealogias, como já mais tarde foram levadas pelos Corte-Real, nas suas “Armas de São Jorge” em naus de Cruz de Cristo.
· O contributo significativo, no séc. XIV, da Grande Loja de York, selada pelo casamento da filha do Duque de Lencastre com o Rei D. João I, ficando esta família, de origem inglesa, a ostentar o Escudo de Portugal encimado pelo Pelicano Sangrante. Quem não recorda o inglês Mestre Oughet a substituir Mestre Afonso Domingues, por cegueira, narrado por Alexandre Herculano?. A sublimação dos conhecimentos heráldicos deste espaço-tempo está no Mosteiro da Batalha, nas Armas de D. João I, rodeadas pelo círculo Divino, irradiando pelos 16 rumos, metade dos 32 da Rosa-dos-Ventos ainda existente em Sagres.
É com o primeiro casamento real da II dinastia, entre a filha de D. João I e Filipe, o Bom, Duque da Borgonha que surge uma das mais enigmáticas Armas do Mundo: a Ordem do Tosão de Ouro. Para uma mito-história de Ourique, onde o Ex-Libris em muitas Armas são os escudetes, com diferentes besantes, surge deste casamento a mito-história da ilha do Ouro, cujo escudo nos remonta à lenda da Europa, cavalgando o Touro, mas também o seu Colar nos dá a esperança de alcançar a Pele do Carneiro. Napoleão Bonaparte, após a batalha de Wagran, criou a Ordem Imperial dos Três Tosões de Ouro, na esperança de que o seu Império durasse como o português ou como o Império Carolíngio, fazendo-se coroar, na tradição dos Reis Lombardos, na Catedral de Milão, no Pentecostes de 1805, com a sua mais funesta frase de Imperador: “Dieu me l’a donné, gare à qui la touche”. Em vão.” Extinta” a Legião de Honra, esta nova Ordem de 100 Grandes Cavaleiros, 400 Comendadores e 1000 Cavaleiros, para feitos de guerra, só dura de 15 de Agosto de 1809 a 27 de Setembro de 1813. Por morte de Carlos, o Temerário, a Ordem de França passou à Casa de Austria, fundando o Império Austriaco. Carlos V, casando com Isabel de Portugal, funda também o seu Império trazendo para Espanha esta Ordem, a primeira da Cavalaria do país. O Império de Espanha cai com as Filipinas, essas Terras de Magalhães, próximas da Ilha do Ouro.
Serve este exemplo, em historial sintético, para dizer quão é importante o avocar de um Brasão de Armas, cuja jóia fundamental é o Escudo. Ele divide-se, por numerologia sagrada:

4 9 2 1 2 3
3 5 7 ou 4 5 6
8 1 6 7 8 9
. A sequência 492 é o CHEFE, sendo 816 o CONTRA-CHEFE. A DIREITA do Escudo é 438 e a sua SINISTRA é 276. O centro SAGRADO é 10, entre o 9 e o 5, logo abaixo do 9, cujos equílibrios vão parar ao abismo se não conseguidos. Em heráldica de Espanha, a linguagem ainda lhe chama “punto del abismo”. À medida que os Arquétipos são mais evocativos e se reportam a um país ou a elevadas Escolas Iniciáticas os cuidados a ter são maiores. Tenho visto Armas de pseudo Iniciados que mais os destroem, a si e à família, que os desenvolvem no saber iniciático. Vejamos algumas Ordens de elevada matriz Nacional:
Ordem de Saint-Michel e Du Saint-Espirit, da França.
Ordem da Jarreteira, da Grã-Bretanha.
Ordem dos Serafins, da Suécia.
Ordem do Elefante, da Dinamarca.
Ordem de Santo André, da Rússia.
Ordem da Águia Negra, da Prússia.
Ordem de Santo Humberto, da Baviera.
Ordem de São Jorge, de Saxe.
Ordem de Cristo, de Portugal.
Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal.
Ordem da Torre e Espada, de Portugal.
O traçar das suas Armas não pode ser deixado a um profano ou descrente das leis sagradas, a um laico com visão restrita das regras heráldicas ou com o universo limitado da estética. O resultado prático, na Ordem citada de Portugal, é ostentar-se um colar com o PENTAGRAMA invertido, não fosse já o liminar da sua origem das ambições de D. Afonso V que destruíu a descendência real e veio a tornar a corte de D. Manuel I como a mais corrompida da Europa, talvez por isso levasse alguns séculos a ser retomada, trazendo um devir funesto ao país. Os Governantes de hoje já não estudam Pitágoras que considerava o hexágono como símbolo da Criação, o Macrocosmos, e o pentágono como símbolo da Terra, o Microcosmos. Sem nos alongarmos muito, o talismã preferencial continua a ser o “sino-saimão”, a meia-lua, a figa, o corno e o pentagrama, este jamais invertido, violação não cometida no pórtico de Santa Maria do Olival, em Tomar, nas moedas de Roma, nas moedas arábicas ou nos “dinheiros” de D. Afonso Henriques. O emblema de Vishnu que é o Selo de Salomão não mudou. O Pentalfa que a NASA desenhou para dizermos aos viajantes do Espaço quem somos também foi desenhado por Mestre Almada Negreiros.
Este cenário de mudanças aberrantes perante o Sagrado ainda hoje se passa na Franco-Maçonaria Portuguesa, uns substituindo o Triângulo Sagrado de Santiago, já lá vão quase 100 anos, talvez imitando o feroz Combismo, outros invocando arquétipos de humanos que de Sagrado e de Mito nada transmitem, ou se o emanam ninguém respeita o seu ARQUÉTIPO, talvez porque as raízes do Sagrado de Portugal, das suas Ordens e Mito-História tenham uma carga de mais Luz que é preciso esquecer, enaltecendo-se em Ordens figuras sem lustre de vivência Iniciática , como Gomes Freire de Andrade, ousado só no posto de General, ou procurando-se Patronos, como Mouzinho de Albuquerque, para a Arma de Cavalaria dos Exércitos de Portugal, destronando São Jorge, ele que violou o mais Sagrado da simbologia: o não direito sobre a Vida, o suicídio. Outrossim se passou com o Arquétipo do Escudo Nacional nas moedas do euro. Um qualquer júri aprovou a transformação do símbolo Nacional numa roda, imaginando, talvez, 7 Castelos( hoje Torres) mais 5 Escudetes igual a 12 estrelas da Europa. Soubessem eles as regras ocultas ou secretas da heráldica, ou pelo menos houvessem chamado alguém das Academias Heráldicas ou Afins, e ter-se-ia evitado algo que vai ser semelhante à senda do Tosão do Ouro.
O atrás descrito nos levanta a questão da principal chave da ciência e arte heráldica que não é só restrita ao traçar de Brasões de Armas. Dizia um livro desta área, que os primeiros Reis-de-Armas surgiram no reinado de D. Manuel I, João Rodrigues, João de Cros e António Godinho. Faltou acrescentar: directamente dependentes do Rei para começarem a libertar-se das exigências das Ordens de Cristo, de Santiago da Espada e algumas outras, onde os seus Reis-de Armas sempre existiram.
O ostracismo a que é votada a heráldica hoje em dia pelos Estados, é francamente confrangedor. O mesmo se passou com o Exércitos de Portugal pós Conde de Lippe, Cavaleiro Teutónico Alemão, até se criarem Gabinetes de Heráldica já nos finais do séc XX, com contributos muito positivos para o imaginário sagrado das tropas, assessorando ainda muito a heráldica de Forças de Segurança, de Organismos e Edilidades. Mas, numa apreciação castrense, o que estava inicialmente dependente do Comandante dos Exércitos deixou de estar e os crivos decisórios regem-se por despachos e opiniões de ignorâncias do saber, tudo se arrastando para uma crise das Forças Armadas, onde muitos ostentam um Escudo no peito, à sinistra, sem conhecer o FOGO-MENSAGEM do Brasão de Armas donde Ele emana. Longe já começam a ir os tempos em que os pescadores bordavam nas suas camisolas de lã o Brasão popular de família, encontrando-se a sua Divisa ligada ao nome do barco a que pertenciam.
Diz-se que a guerra é demasiado importante para estar na mão dos militares. O Papa Leão XIII achou que os símbolos heráldicos sagrados eram demasiado importantes para estarem abandonados. Um dia os políticos saberão que o seu poder só é duradouro, sem guerra, quando os símbolos ancestrais do Sagrado forem de novo activados. Hitler procurou em Tomar o novo Tosão de Ouro, mas nada viu. Hoje os seres humanos estão ainda mais cegos, mas Alenquer, por exemplo onde estamos, continua a ter Armas de Santa Isabel e do Islão. Então já a Ordem de Cristo, antes chamada do Templo, sabia que também Osíris tinha sido esquartejado em 14 pedaços, tantas as Rosas de Alenquer, tantas as freguesias que floriram, por Arquétipo, nesta Vila do Presépio, de matriz Franciscana, esse Brasão da Sagrada Família, também ele criado na Gruta Grega da Basílica de Esquilino, no séc. IV, 4 séculos esquartelados após a Gruta de Belém, em terras de Jasão, do Agnus Dei do Tosão de Ouro, renascido em Portugal.
É por isto, por Arquétipo Celeste deixado por S. Francisco de Assis que estamos mais perto do PORTO DA LUZ, lugar de Alenquer.
BEM-HAJAM por me terem escutado.
FELIZ NATAL, com o Presépio de Alenquer.


Os celtas e os Cristãos por Joao Fernandes (membro da Tertúlia)

Bar do Além, Tertúlia de 15 Março de 2003
Palestra do Coronel João Santos Fernandes


OS CELTAS E OS CRISTÃOS

Em toda a História da Humanidade sempre houve e haverá uma única Matriz Espiritual dos Povos, a qual se vai metamorfoseando em diversas religiões ou credos de fé, nos sucessivos ciclos evolutivos de Raças e sub-Raças, moldada por Seres Superiores, descidos ou não à Terra, tudo em nome de um Deus ou de Deuses, conforme os Tempos, local geográfico ou culturas existentes.
Assim aconteceram Messias, Profetas, Xamãs, Iluminados, Avatares, Aparições ou cultos da Natureza para o desenvolvimento espiritual do ser humano. Semi-deuses, heróis, magos, sacerdotes, monges, apóstolos, teólogos, santos, pastores, ascetas, pregadores e reis irradiaram depois um ideal de Fé, com mais ou menos ardor, pela palavra e/ou pelas armas, convertendo povos, através dos seus chefes ou governantes, procurando a expansão de uma nova Mensagem.
Falharam a maioria das religiões, até hoje, por três causas principais:
· A própria natureza do ser humano, longe de estar liberto dos vícios da matéria.
· O enfatizar da explicação do Caminho para o seu Deus, em vez de se potenciar a Verdade de que Ele está dentro de nós mesmos.
· A dogmatização demasiada da Fé e da Esperança, face à Mensagem da Trindade do Logos Manifestado (todas as religiões se baseiam numa Trindade) que pretende religar a evolução do ser humano, quase sempre com nexo causal com o acentuar do distanciamento das raízes da Mensagem, secularizada pelo poder eclesiástico.
Tudo isto se complica com os diversos «ismos» da mesma Mensagem difundida, apresentando a Cristã três polaridades principais: católica, protestante e ortodoxa.
Vamos restringir a análise à realidade geográfica Europa-Ásia dos dois últimos milénios, herdeira de 3 pilares importantes:
· A Matriz indo-asiática e indo-europeia. A primeira centrada no hinduismo, xintoismo e budismo. A segunda centrada no odinismo, alastrando da Ásia ao Mar do Norte (zona dos Curganos), venerando os Deuses Ases (daí o nome de Ásia), dando origem aos povos celtas. A escrita mais relevante foi o sânscrito, o rúnico e a de ideogramas.
· A Matriz afro(N)-asiática(Menor), com as Divindades dos Impérios da Antiguidade até Cristo (Assíria, Pérsia, Egipto, Grécia e Roma). Independentemente da denominação dos Deuses, sendo os principais uma Trindade, predominava o culto pela Grande Mãe da Humanidade. A escrita teve uma evolução gráfica (excepto a hieroglífica), de cuneiforme à latina, mas com cambiantes diversas: aramaico, cirílico, árabe e copta, principalmente.
· A Matriz restrita da Ásia Menor-Egipto, ligada ao Antigo Testamento e às diásporas das Tribos até ao Novo Testamento, de onde emergem 3 ramos principais: judaísmo, islamismo e cristianismo. Três são as figuras emblemáticas: Abraão, Moisés e Cristo. Mais tarde juntar-se-á a figura do Profeta Maomé, sedimentando-se o islamismo.
Vamos dar um salto na História até à institucionalização do cristianismo como religião oficial do Império de Roma. Só passados 3 séculos, em 313, é que é lavrado o Édito de Milão para este efeito.
Tinham-se miscigenado festividades, tradições, efemérides e cultos de outras civilizações no cristianismo, sobretudo de origem greco-romana, egípcia e bretã. Roma já estava na sua fase de decadência, com uma degradação moral da sua sociedade. Serão precisos ainda mais 100 anos, sobre o Édito de Milão, para que o Imperador Honório decretasse a expulsão e confiscação dos bens a todos quantos não cumprissem a fé oficial decretada: o Cristianismo. Tinham passado 400 anos após Cristo.
Então qual é a realidade dos séc. IV e V na Europa cristã?. Vejamos, em traços gerais, como estava a Mensagem de Cristo:
v O apostolado de São Martinho de Tours dá à Europa o primeiro Mosteiro, em 360. Após o ter fundado ele é já Abade e Bispo em 371. Esta dualidade de cargos ajudou a expandir a fé cristã nas Gálias. A separação dos dois cargos iria provocar muitas clivagens no cristianismo, uma «luta» entre Abadia e Catedral. O primeiro Bispo gaulês de Lyon, capital das Gálias, lutava por uma pureza cristã, não papal e romanizada. O seu nome, Ireneu, de origem grega, espelhava também o seu pensamento helénico. Para muitos a Grécia cristã era o berço da incubação religiosa, sendo disso estandartes São Paulo (judeu, cidadão romano, de cultura e escrita grega), São João (desterrado na ilha de Pathmos, no mar Egeu, onde terá tido a Revelação do Espírito Santo), Santo André (o Protókletos de Cristo, evangelizador do Peloponeso, morrendo mártir na cidade de Patras) e o dogma da Natividade, reactivado pelo Concílio de Éfeso, o qual, com o dogma da Trindade, cativaria toda a cultura nórdico-celta.
v O cristianismo na Grã-Bretanha desenvolveu-se nas regiões não ocupadas pelos Romanos, na Escócia (cujo Patrono é Santo André) e na Irlanda, sendo disso expressão a presença de Bispos bretões no Concílio de Arles, em 314, um ano depois do Édito de Milão. Lenda ou mito, realidade ou ficção, é um facto que o primeiro Bispo da Ilha Bretanha se toma por José de Arimateia, tio de Jesus, comerciante de estanho, viajando assim para fabricar o bronze. O simbolismo do Sangue de Cristo, recolhido em Cálice, por José de Arimateia, será semente para a futura lenda do Santo Graal e do Rei Artur, depois sabiamente explorada pelo Império Plantageneta.
v São os tempos de São Patrício, Apóstolo da Irlanda. Bispo enviado para o Ulster, em 432, pelo Papa Celestino, ele era um bretão, filho de um decurião do Exército de Roma. Raptado aos 6 anos de idade, torna-se discípulo de um Druída. Fugiu anos depois, mas aprendeu toda a cultura celta, a qual, na sua vertente sacerdotal, pouco ou nada tinha de tradição escrita, pois todo o conhecimento iniciático era transmitido oralmente.
v São os tempos de Santa Brígida, Patrona da Irlanda, entre 450 e 525, recebendo o véu do Bispo Macaille. Funda o Mosteiro Kildare (leia-se Igreja dos Carvalhos), continuando a tradição dos Mosteiros mistos, proibidos pela Igreja de Roma. Séculos mais tarde, por ironia das religiões, todas estas raízes e posturas vão ser apoiadas por Roma contra o anglicanismo, consolidado por Isabel I e por Oliver Cromwell, causas remotas de uma realidade de hoje entre o litígio Irlanda-Inglaterra.
v São os tempos de Pelágio, herdeiro dos saberes dos Santos do Mosteiro de Lérins (Hilário, Bispo de Poitiers, Loup de Troyes, Cesaire d’Arles e de Honorat, Bispo de Arles), instruídos, como ele, no Arquétipo cristão do Mosteiro de Marmoutiers, fundado por São Martinho de Tours. É desta «corrente» de Pelágio, do centro-norte cristão, que se vai estabelecer a “guerra” com Santo Agostinho, apoiado por Roma. Apesar do Papa Inocêncio ter excomungado Pelágio, logo a seguir o Papa Zózimo vai reabilitá-lo, brotando a “raiva” de Santo Agostinho na sua mais célebre frase:baptize-se primeiro, explique-se depois.
Na discussão teológica Pelágio-Agostinho encontramos a principal raiz cristã divergente celto/bretã-romano/latina que irá moldar, a partir do séc. V, todo o cristianismo (a azuleijaria irá representar Santo Agostinho, sentado em carroça triunfante, esmagando o corpo de Pelágio, veja-se o painel de azulejos da Sacristia do primeiro Mosteiro Jesuíta do Mundo, na Igreja da Senhora do Socorro, em Lisboa, doado por D. João III em 1542). De igual modo, similares clivagens nascerão entre Ordens Monástico-Militares, como Templários-Cátaros e Templários-Teutónicos, mais tarde na Reforma e Contra-Reforma. Mas vamos abordar as mais importantes divergências de Pelágio e Santo Agostinho:
Ø O Criador, para Pelágio, deixa o ser humano entregue à sua sorte. Não era Eva o símbolo do pecado, mas sim Adão, como uma Queda dos Anjos do Livro de Henoch. Uma batalha antiga como no odinismo, entre os Deuses Ases e Vanes, similar em todas as mitologias. Feito à imagem e semelhança de Deus Manifestado, ambos possuem a dualidade Bem-Mal, Luz-Trevas. O modo de vergar a «consciência» de Deus é pelo jejum, prática ancestral hindu (prayopavesana), praticada por todas as religiões, mesmo na simbologia material de Gandhi contra os ingleses, no séc. XX, ou pelos militantes do IRA, seja como recurso do que não se consegue obter, a greve da fome.
Ø Para o pensamento odinista é inaceitável o conceito de inferno. O cristianismo propaga-se na cultura nórdico-celta-germana porque Jesus Cristo, ao morrer, faz ressuscitar o dogma druída de que a morte é o meio de uma longa sucessão de vidas, permanecendo Ele na Terra, após a Ressurreição, 40 dias, período sagrado para a contagem celta. A descida aos «infernos» de Cristo é vista como a visita ao Reino dos Mortos (Reino de Hel), por duas noites ( matriz lunar, oposta à solar de Orfeu e Osíris, por um dia), encaixando no mito de Balder, o Deus nórdico, arrastado ao Reino de Hel por Loki. Para ultrapassar este diferendo do conceito de «inferno», imposto por Roma, o cristianismo irlandês inventa o conceito de «purgatório» que é aceite pela doutrina cristã-católica.
Ø As cerimónias do baptismo e da confissão, para além da tonsura, foram concessões mútuas entre os dois cristianismos. Roma aceita a confissão de origem germano-celta, auricular, um alívio para os embaraços que já causava a confissão pública. Maior resistência ouve com o baptismo, por parte dos Bispos bretões e alguns Abades do centro-norte da Europa, quanto ao tempo (idade), modo e significado para esta cerimónia. O baptismo de Cristo para uns era o fim de uma etapa iniciática de formação, outros viam uma aceitação consciente de purificação e entrega, esgrimindo sempre com a idade do baptismo de Cristo. Prevalece a argumentação de Santo Agostinho, possivelmente cedendo a outras diferenças que ainda hoje marcam rituais de ortodoxia cristã.
Ø Certo é que a condenação de Pelágio, lavrada pelo III Concílio de Éfeso, em 431, se prendeu apenas com o facto de ele negar a necessidade da graça e por ter defendido contra Nestório a unidade de pessoa no Cristo e a maternidade divina de Maria que daí procede. Com a morte de São Patrício no dia 17 de Março de 461 (Festa Nacional na Irlanda) tudo ficou diferente para sempre.
Os séculos seguintes levantariam mais questões de jurisdição eclesiástica entre Abades e Bispos, mesmo entre dioceses, face a independências e consolidação de fronteiras (como sucedeu em Portugal), mas a única Matriz Espiritual do Mundo iria enquadrar toda a liturgia cristã nas divisões emergentes da quadratura de equinócios e solstícios, acertados lunarmente, como o já expressavam a gnose germano-celta, derivada do Arquétipo da Árvore Yggdrasill e da gnose judaico-clássica, derivada de Moisés e do Arquétipo da Árvore da Vida hebraica, de saber Essénico. Vejamos, com exemplos mais conhecidos de todos, uma síntese do que atrás se disse:
q A simbologia das “Árvores” expressam o mesmo número de esferas (sefirotes), um total de 10. A nórdica Yggdrasill representa-se por 9 esferas, estando a 10ª oculta (Upgard), integrando os 7 Mundos suplementares. Todas as Ordens Religioso-Militares, de raiz Templária em Jerusalém, vão perpetuar este octógono de Construção, nos seus símbolos e graus, mesmo no erguer dos seus Templos, como o irão fazer os arquitectos de Mosteiros e Catedrais. O septenário dos Mundos, são os 7 dias da semana e da Criação, os 7 Véus do Templo com o candelabro de 7 Braços, as 7 das 10 Esferas da Árvore da Vida que correspondem à Formação-Criação-Emanação (as 3 restantes respeitam à Acção), tal como se constrói o ser humano nos seus 7 vórtices de energia (vulgo chackras), estando o 8º em seu redor. A Cavalaria Espiritual de Alá ou Hierarquia Sufi irá estabelecer 50 Graus evolutivos, tantas as Portas de Luz da Árvore da Vida. Hoje a ficção de Tolkien nos dá a saga do Senhor dos Anéis, todo um mito emanado da Árvore Yggdrasill. Mas sempre o anel foi símbolo de domínio/poder e amor/sabedoria. Dos Prelados aos Cavaleiros das Ordens, da Realeza aos Lentes, tudo é selado como no anel do casamento, usado este em dedo de Apolo, Deus do Sol. Cristo, Sol da Vida. Deixemos alguns exemplos para meditar: o Templo de Delfos não seria o Templo dos Elfos?; o receptáculo de bronze de 12 bois (1 Reis, 7-23) fundido por Hiram, não seria similar ao tanque da Fonte Hvergelmir, da Esfera Nifheim, do Mundo das Brumas?; deste Mundo nórdico não saem os mitos das Brumas de Avallon, a ilha das Maças de Ouro?; Portugal não tem o mito do Encoberto, tal falsamente associado a D. Sebastião?; o Mundo dos Gigantes nórdicos (Esfera Jotunheim), como os Ciclopes de Hércules, não será arquétipo de David-Golias?.
q O que Júlio César não conseguiu ao fim de 10 anos de guerras com as Gálias, fê-lo a Virgem Maria depressa. O símbolo da Grande Mãe das origens odínicas era a Deusa Dana. Por sua Mãe se chamar Ana (Santa) a penetração e conversão cristã foi um «milagre», tanto mais que os seus antigos Deuses se chamavam Tuatha Dé Dannann (hoje temos as histórias de Connan) e eram simbolizados em Trindade, no Triskel, a tríplice espiral ou o tríplice triângulo (símbolo da molécula ADN). A Virgem Negra da Catedral de Chartres, destruída pelos republicanos no séc. XVIII, é a expressão continuada de um culto nórdico que está longe de estar extinto. Lembremos ainda a simbologia sagrada das árvores: o freixo nórdico ou o carvalho celta; a oliveira cristã ou a figueira budista; a acácia da Arca da Aliança e o cedro do Templo de Salomão; o pinheiro do Natal.
Abordemos, em sequência, a liturgia cristã no que ela tem de correspondência às divisões por equinócios e solstícios, acertos lunares e datações solares. Desde a Antiguidade até à Idade Média que o todo económico e social dependia de dois pilares principais: a pastorícia e a agricultura. Assim o Inverno e o Verão eram os marcos principais, como o eram as sementeiras e as colheitas. A divisão quaternária das estações do ano fixavam festividades, rituais, efemérides, celebrações e forais, originando ainda estes 4 «braços», como pontos de contagem, a 4 divisões principais do ano celta, tomadas a partir de 40 dias, antes ou depois, de cada equinócio ou solstício. Assim:
q Divisão principal: dias 1 de Novembro, Fevereiro, Maio e Agosto
q Divisão secundária: dias 11 de Novembro, Fevereiro, Maio e Agosto.
Antes de analisarmos estas datas importa dizer que 40 é um número místico por excelência, não cabendo aqui a sua análise. São os 40 anos de deserto, com Moisés. São os 40 dias de deserto, com Cristo. São os 40 anos de Maomé, com a Revelação do Arcanjo São Gabriel. São, no conto infantil, Ali Bábá e os 40 Ladrões. Em suma, é a Quaresma espiritual e a Quarentena física ou da medicina.
Era lógico que novas religiões fossem cativar estes marcos para os seus fiéis. É este cenário que agora nos vai ocupar. Assim:

v DIA 1 de NOVEMBRO:
Festa de Fim de Verão, atribuída a Samain. Dia de Ano Novo celta. Evocação da comunicação vivos-mortos. Dia do Reino de Hel, raiz ancestral do actual Halloween, Reino da Morte da Árvore Yggdrasill. Para a Igreja de Roma é o Dia de Todos-os Santos, com o sequente Dia de Fiéis Defuntos. A memória dos povos, neste culto dos mortos, apenas sofreu influência de Roma na proibição da embriaguez destes dias que «facilitava» a «comunicação». Mesmo assim tal prática vai ser adiada para 11 de Novembro, Dia de São Martinho de Tours (40 dias antes do solstício), antes dedicado ao filho de Odin, o Deus Thor, gigante e bebedor, Deus da guerra, do trovão e do raio. São Martinho também tinha sido, por imposição do pai, soldado do Exército de Roma, até aos 22 anos. A sua capa, símbolo da Protecção da França, era levada à frente dos Exércitos, servindo, em tempo de paz, para prestar juramentos solenes, dando nome ao oratório que a guardava. Hoje as pequenas igrejas chamam-se, por isso, capelas.
Outrora não se circulava pelos caminhos, nas duas noites do Ano Novo, senão a pé, para não atropelar os mortos. Os túmulos eram deixados abertos (Irlanda) e as actuais festividades comerciais do Halloween mais não fazem que revivificar este culto, tendo, no entanto, consequências funestas para quem as pratica sem espiritualidade. “Susto ou Prenda” tinha idêntico vector no “Pão por Deus”, no “Tostãozinho pró Santo António”, na dádiva ao “corcunda” (afagando as costas), mesmo na moeda atirada às fontes celtas. Ainda hoje nos EUA todas as eleições têm lugar após a semana do Halloween, em 3ª feira, um ritual reactivado pela «Nau Mayflower», a nossa «Nau Catrineta» ou «Barca Bela». O Presidente Roosevelt tenta contrariar apenas a tomada de posse dos Presidentes, para obviar à profecia de morte que recaiu neles desde 1840 (de 20 em 20 anos), mudando de Março para Janeiro tal acto. Em vão tal esforço. O que foi jurado por George Washington sobre a Bíblia não pode ser alterado. Basicamente disse o 1º Presidente que os EUA não deviam interferir com a Deusa Europa.
v DIA 1 de FEVEREIRO:
Festa da Pureza e do Elemento Ar, atribuída a Imbolc. Deus que talvez fosse Loki na tradição odínica, pois desconheço melhor explicação. É um facto, no entanto, que era o tempo de exorcismos, de renovação, de lavagens de mãos, pés e cabeça. Deus Loki, o Set egípcio que leva à morte Osíris, levando à morte Balder no Reino de Hel, identifica-se com igual período das Festas ancestrais de Perséfone, com os sacrifícios a Plutão ou Feburius, daí Fevereiro.
Para a Igreja de Roma é a Festa da Purificação da Virgem Maria e da Apresentação de Jesus ao Anjo da Aliança, uma Lei Mosaica que obrigava a que 40 dias após o nascimento as mães levassem os seus filhos ao Templo, ofertando 1 cordeiro ou 1 pomba, conforme a sua riqueza. Se esta Festa é a 2 de Fevereiro, para cumprir os 40 dias pós 25 de Dezembro, este dia fecha o ciclo santoral do Tempo após a Epifania. Colocou a Igreja de Roma a 1 de Fevereiro o mais simbólico Santo da morte: Santo Inácio. Algemado e entregue às feras, nas perseguições do Imperador Trajano, este 3º sucessor de S. Pedro, simboliza para os cristãos a morte perante o Mundo e nós mesmos, sendo testemunho que Cristo está em nós.
Ainda neste tempo, celebra-se a 3 de Fevereiro o Dia de São Brás (Blasius ou Blaiser, o Sopro do Fogo), simbolizado com 2 Velas acesas, em «aspas» ou Cruz de Santo André, o Patrono da Escócia e da Rússia. Benze a Igreja as Velas para serem usadas no leito dos moribundos, nas tempestades e nos perigos de toda a ordem. A Mensagem cristã do dia seguinte, dos 2 lobos (e 2 corvos) que acompanhavam o Deus Odin, está em dia de Santo André Corsino, Bispo de Fiesole, falecido em 1373. Sonhou sua mãe que tinha dado à luz um lobo que logo se transformou em cordeiro, ao entrar na Igreja dos Carmelitas. A Mensagem sagrada da Purificação é : lobos pelo pecado, sejamos cordeiros pela penitência. Este Santo foi desordeiro na juventude e prudente após entrar para a Ordem do Carmo. Os corvos de Odin estão em São Vicente.
Mais curioso se torna o Dia 5. Dedicado a Santa Ágata ou Águeda (cidade de Portugal), ela é a Virgem Siciliana, Padroeira das mães jovens e violadas, também das amas de leite. Diz-se que em 251, em Catana, o Governador Quintiano a tentou violar. Não o conseguindo lhe mandou dilacerar peito, logo curado por S. Pedro. Morreu, orando, após o seu corpo ser rolado sobre carvão incandescente, misturado de agudas pedras. Ainda hoje os italianos acreditam que o seu manto pode acalmar o vulcão Etna, o Fogo da Deusa Europa. Talvez seja o Arquétipo de Melusina, a Serpente, que volta para amamentar os seus filhos.
Para fecharmos as Festividades de Fevereiro recordemos que a 11 de Fevereiro de 1858 (40 dias antes do equinócio) surge a Virgem de Lourdes. Neste Dia diz o Missal: “...A festa de hoje recorda o triunfo de Maria sob a serpente a que se refere a liturgia septuagesimal.”. Por 18 vezes (Arcano Maior Lunar, com os dois lobos de Odin, em Tarot) desce esta Virgem na gruta do rochedo de Massabielle até 16 de Julho, Dia que também já lhe era Consagrado, como Virgem do Monte Carmelo, desde 1245, quando aparece a São Simão Stock.

v DIA 1 de MAIO:
Mês da Deusa nórdica Idunn, guardiã das Maçãs de Ouro (Maçã de Eva), do rejuvenescimento e da imortalidade. Os celtas iriam restringir o Arquétipo nórdico às Festas de Beltaine, ou do Fogo de Bel. São Patrício, Apostolo da Irlanda, transportou este Fogo para a Vigília Pascal. Outrora acendiam-se fogueiras, saltando-se sobre elas e o gado era levado às proximidades das chamas para ficar fértil e sem doenças. É o mês de Maria e do Fogo do Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos. Tempo de castidade, sendo desaconselhável os casamentos neste período.
Era o mês de eleger a Rainha de Maio coberta de flores, escolhendo-se donzela ou rapaz, símbolo de andróginia, castidade e Natureza. Tal prática foi sendo proibida, mas subsiste na Suécia, Tirol, Pirinéus, Borgonha, Alemanha e Portugal (no Algarve as refeições do 1º de Maio são ao ar livre). Conservamos destas Festividades, semelhantes aos Mistérios de Eleusis, onde a Deusa Deméter era a Deusa do Trigo, o Dia da Quinta-Feira da Espiga, em ramo de floração de Maio e da oliveira, Tempo do Espírito Santo que antecede o Domingo da Ascensão.
A imagem da noite anterior ao 1º de Maio é a da noite de Fausto de Goethe, a noite de Walpurgis. Coincidência litúrgica do Dia de Santa Catarina de Senna, a donzela que faz terminar a longa noite de Avignon de 70 anos, «obrigando» o Papa Gregório XI a voltar a Roma, tantos os anos do cativeiro dos judeus na Babilónia. Mas o mais relevante das Festas de Maio que persiste é a Árvore de Maio. No 1º dia subia-se às montanhas para colher a árvore mais direita (freixo, choupo, pinheiro ou abeto), sendo posta a secar, depois de desramada, no centro da paróquia, para ser queimada, por padre, monja ou frade, na noite de São João Baptista, a 23 de Junho, a cristianização dos Fogos de Beltaine. A Igreja de Roma ainda hoje, liturgicamente, a 3 de Maio, abençoa Cruzes e Varas, saídas do desramar das árvores, um ritual instituído pela Imperatriz Helena, mãe de Constantino, que se designa a Invenção da Verdadeira Cruz.
Falar hoje de Fátima, a 13 de Maio, é ainda recuar a algo de mais profundo nesta polaridade sagrada e oposta 1 de Maio-1 de Novembro. A primeira «Fátima» é de 13 de Maio de 610, data decisória do Papa Bonifácio IV ao transladar todos os restos mortais dos Mártires das Catacumbas para o Templo de Agrippa, o Pantheon dos Deuses criado por Augusto, consagrando-o à Virgem Maria e aos Mártires. Em 835 o Papa Gregório IV (também IV) fixa a data para o Dia 1 de Novembro, de Todos-os Santos. A Virgem de Fátima de 1917 advertiu para o martírio perante novos Imperadores, por isso chorou o Papa João XXIII e dedicou o Concílio Vaticano II (40 anos em 2002) à Padroeira de Portugal, encerrando a I Sessão a 8 de Dezembro, Dia da Mãe.

v DIA 1 de AGOSTO:
Mês dos rituais de casamento, da fertilidade das searas e dos rebanhos. Mês da metamorfose do Deus Lug casando com a Irlanda. São as terras de Lugo, geografia celta de Compostela (Campus Stella-Campo da Estrela), de Sant’Iago, implantação da Peregrinação do Ocidente, raízes da Lugúria portuguesa e genovesa, braço-dado dos Descobrimentos.
É o mês e o dia 1 do deus nórdico Heimdall, o Vigilante da Árvore Yggdrasill, Porteiro entre o Mundo dos seres humanos e dos Deuses, associado ao Deus Ermin ou Irmin, resultando para o cristianismo a palavra Ermida ou Capela dos Bosques ou dos ERMOS. Até passado recente, dedicava-se o dia 1 de Agosto ao Vigilante, Porteiro das Chaves, dos Céus: São Pedro. É hoje o mês dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, nome da Basílica de Roma. Evocam-se as Cadeias de Pedro e os Anéis de Paulo.
As primeiras, de 2 pedaços, têm 44 elos alongados, sendo 11 destinados a ligar as mãos e 23 terminados em 2 semicírculos para pendurar o pescoço. Os Anéis de Paulo eram 4, usados no seu cativeiro em Roma. Limalhas destas relíquias eram ofertadas pelos Papas em ocasiões de muita solenidade.
Era o mês da Morte mística da Deusa celta dos alimentos, Tailtin, terminadas as colheitas, dando origem à cidade de Tailtown, do Rei da Irlanda. É também o mês dos 2 mistérios mais emblemáticos da liturgia cristã: Transfiguração de Cristo (6 de Agosto) e Assunção de Maria (15 de Agosto).

Para finalizar esta miscigenação espiritual importa recordar que o cristianismo é um ritual assente na matriz lunar. Embora o início do ano liturgíco tenha tido, nos primeiros séculos, diversas datas ( Festa da Anunciação em Março, depois em 18 de Dezembro, face ao Concílio de Toledo em 665; variação do número de Domingos do Advento, conforme as liturgias nestoriana, ambrosiana e mozarabica), o Advento actual é de 28 dias lunares ou 4 semanas, sendo o 1º Domingo o mais próximo da Festa de Santo André, a 30 de Novembro, intervalo que recai entre 17 de Novembro e 24 de Dezembro. Sendo o início a 17, é este dia dedicado ao «Semi-Deus» da Igreja de Roma, que o cognomina de Taumaturgo: São Gregório (200-276).
Toda a liturgia gira à volta da Festa Principal, a Páscoa. Celebra-se sempre depois do 14º dia da Lua de Março, contado este dia a começar a 21 de Março (equinócio). Havendo lua cheia antes de 21, a lua pascoal é a seguinte. Daqui resulta que os limites da Páscoa variam entre 22 de Março e 25 de Abril. A Ascensão de Cristo será sempre em Lua Nova e o Tempo depois do Pentecostes não ultrapassa os 28 Domingos (mínimo 23/24). A dualidade ritual de 12 meses sintetiza-se assim:
v Vida de Jesus (6 meses): Advento, Natal, Septuagésima, Quaresma, Páscoa e Ascenção.
v Vida da Igreja (6 meses): Pentecostes, S. Pedro/S. Paulo, Assunção, S. Miguel, Santos Anjos e Todos-os-Santos.
É todo um ritual de sacrifício e dádiva, traduzido na palavra nórdica blòt, em inglês blood, em germânico blut, simbolizado no sangue de Cristo, derramado pela Humanidade. Este sacrifício deve evitar o Apocalipse (Revelação) ou Ragnarok nórdico, o combate opondo as Forças da Luz às Forças das Trevas. Na mitologia odínica, o Deus Odin esteve pendurado, por 9 dias e 9 noites, na Árvore Yggdrasill, para aprender o Segredo das Runas (ficando sem uma vista na Fonte Mimir, o preço pago aos Gigantes da Esfera Jotunheim). Agitado pelo vento, foi ferido por uma Lança, ou Lança de Longinus que atinge Cristo na Cruz. No Arcano Maior 12, o Enforcado, número dos 12 Apóstolos, dos 12 meses, as pernas desenham a Cruz e os braços a Trindade. Assim foi crucificado Pedro.
O ritual da morte teve, na Antiguidade, um significado mágico que hoje não se compreende. Emblemático com o filho de Abraão, o ritual da morte era nobre através de objecto cortante, mesmo no harakiri. A morte sem lamina ou lança era considerada humilhante. Pôncio Pilatos quis dar honra a Cristo, por isso o manda ferir como aos Deuses, não o fazendo a quem o ladeava. Mesmo os atrozes autos-de-fé da Inquisição tinham lugar, normalmente, em efeméride religiosa ou profana. Hoje este ritual ainda tem chamamento religioso, sendo disso exemplo os que se imolam pelo fogo ou em ataques suicidas. O ritual do sangue dos animais ainda hoje é um vestígio daquele que era feito com seres humanos. Em suma, é esta a Lenda da Ave Pelicano.
Podem os poderes financeiro, económico, político, religioso, ou mesmo qualquer forma de domínio sobre os povos, tentarem apagar o Arquétipo Espiritual da História que tudo renasce com mais força, sempre através de um credo de fé, mesmo de um conto infantil.
Queimem-se bibliotecas, proíbam-se matérias escolares de filosofia, história e literatura, prendam-se vozes mensageiras, decretem-se censuras, tudo é irrelevante. Hoje renasce Tolkien e o Senhor dos Anéis, com as Torres Gémeas, antecedido da banda desenhada de Thor e Connan e da história da Branca de Neve e os 7 Anões, ou Elfos da Sombra, aqui mineiros. A Bela Adormecida, o Feijoeiro Mágico, Alice no País das Maravilhas, Peter Pan e a Fada Sininho, Super Homem ou Homem Aranha, as Fábulas de La Fontaine ou o mito do Rei Artur, são diversas formas de se manifestar a espiritualidade. Penas de Homero, Dante ou Camões são dedos de Wagner, Mozart, Lizst, Chopin, Bethoveen, Bach ou Verdi.
O mundo de hoje não é diferente de outros ciclos da História. Nunca existirá futuro, pois tudo não passa de uma acção-reacção do passado no presente, a qual evoluirá conforme as acções positivas e negativas cometidas. Cristo já tinha sido, similarmente, Osíris, Balder ou Krishna.
O tempo que dei a este texto foram de 9 páginas. Não é possível desenvolver muito do que foi dito. Para terminar, no arquétipo de Portugal, no binómio cristão-celta direi que a Ordem de Cristo transformou a Cruz de Pedra celta no Padrão dos Descobrimentos e que «achámos» o Brasil, pois este nome deriva de Yggdrasill, a Árvore que os Índios nominavam pelos contactos com nórdicos (e vikings). Cristóvão Colombo antes de «ir» à América esteve na Irlanda estudando as rotas nórdicas, passadas também aos Corte Real. Lenda ou mito, a língua quíchua da América do Sul, mais centrada hoje no Perú, tem paralelo filológico com o hebreu antigo. Nós ainda temos a Porca de Murça e nos mapas que transcreviam a nossa designação antiga geográfica, a Lusitânia proto-histórica, era o Portugal de hoje dividido em:
q CALLAECIA, a Norte de Durius vel Dorio flumen
q LUSITANIA, englobando a Callaecia, a Norte de Tagus flumen
q MESOPOTAMIA, sensivelmente todo o Alentejo, com o os rios principais: Ana flumen e Cahpgus flumen.
q CYNETICUM, correspondendo ao Algarve.
O tema quase a terminar diz Os Celtas e os Cristãos, porque tem mais nexo com a nossa realidade geográfica. Podíamos comparar os cristãos com outras religiões. Podíamos fazer uma grelha comum a todos os povos, escrevendo nas intercepções Religião-Divindades o nome adequado à Suas missões e saberíamos uma mesma Mensagem com diferentes nomes. Assim como se quer globalizar o mundo pela religião do dinheiro, porque não fazê-lo também com o religar da espiritualidade do ser humano?.

Grato por ter estado hoje neste lugar (do Deus Lug) e bem-hajam Vossas Excelências por me terem escutado. Disse.




JOÃO SANTOS FERNANDES

Lisboa, 15 de Março de 2003
A Suas Excelências e Altos Dignatários
de Credos de Fé e Comunidades:
Igrejas: Patriarcado de Lisboa
Adventista do Sétimo Dia Nunciatura Apostólica
Apostólica Católica Ortodoxa Centro de Reflexão Cristã
Baptista de Lisboa Comunidade Cristã Internacional
Católica Alemã Comunidade Hindu de Portugal
Cristã de Lisboa Comunidade Islâmica de Lisboa
Cristã-Nova Aliança Comunidade Israelita de Lisboa
De Cristo Comunidade Países de Língua Portuguesa
De Deus em Portugal Comunidade Vida e Paz
Evangélica Ass. Deus Pentecostal Missionários Combonianos Coração Jesus
Evangélica Pent. M. M. Mundial Missionários da Consolata
Evangélica Presbit. de Portugal Missionários do Espírito Santo
Internacional Graça Deus Port. Missionários de São João Baptista
Jesus Cristo dos Santos Ult. Dias Universidade Católica (Faculdade Teologia)
Lusitana Cat. Apost. Evangélica
Luterana de Portugal
Universal de Jesus Cristo
Universal do Reino de Deus

Onde tudo é global e material, na religião mundial do dinheiro, cada vez mais o ser humano está desprovido de leis e apoios que o elevem espiritualmente, face à desunião do caleidoscópio dos credos de fé e crenças dos povos, tudo emanando do mesmo Logos Manifestado, ao longo de Ciclos da Humanidade.
Será possível caminharmos para uma globalização espiritual, equilibrando o materialismo actual da governação mundial preponderante?.
Perdoai se a listagem destinatária não é exaustiva, por limitações diversas, entre as quais de endereços, mas julgo que já muitos milhões de portugueses aqui estarão, simbolicamente, inclusos. Acredito que a nossa tradição espiritual e ecuménica perante o Mundo não deu apenas os Descobrimentos. Talvez falte dar exemplo de uma união espiritual de todas as religiões em solo luso.
Bem–Hajam Vossas Excelências, Mui Ilustres Dignatários de Credos de Fé e Comunidades com implantação em Portugal, bem como os povos de matriz lusa. Deixo uma pequena gota de oceano, com uma intervenção-debate que fiz em Alenquer, uma tentativa de encontrar raízes da Árvore do nossa Alma e do nosso Espírito.
Por tradição cristã de Portugal, que Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa e Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Núncio Apostólico possam ajudar o devir de Portugal.
Com elevada consideração e gratidão a Vossas Excelências: